Lorde Greystone foi criado na selva africana pelos gorilas. Longe da família, cresceu como um homem-macaco, pulando de galho em galho, balançando nos cipós e lutando com feras indomadas. Sua vida foi proteger a selva e os gorilas…até aparecer Jane.
Nesse dia, o coração da fera se amansou com um sentimento que jamais havia percebido existir.
Essa é a história de Tarzan, personagem criado por Edgar Rice Burroughs. E essa também pode ser a história do cristão. Tente entender que todos nós nascemos como Tarzan. Longe do convívio com outros de nossa “espécie”, como diz a Bíblia: “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59:2).
Nem sempre foi assim. Nosso destino, no início da humanidade, era desfrutar da prazerosa presença de Deus. Viver ao lado dele, amá-lo para sempre. Até o pecado aparecer em nosso mundo. Desde então, somos “concebidos em pecado” (Salmo 51:5). Isso há tanto tempo que nem mais nos importamos, afinal, “todos pecaram” (Romanos 3:23). Parece algo natural. Estamos no meio da selva, convivendo em outro tipo de natureza, nos comportando de forma diferente daquela concebida por Deus, destituídos do nosso título de nobreza. Éramos Lordes, cidadãos do céu. Mas nascemos entre macacos, fomos criados e pensamos como eles.
O comodismo é tão grande que balançamos de um cipó para outro como se fosse algo muito natural. É comum deslizarmos pela árvore – como fazíamos desde criança – e até urramos, para proclamar a quem quiser ouvir, que estamos bem nesse próprio meio. E que somos os ‘reis’ dessa selva. Assim como “andam os gentios, na vaidade de seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seus corações” (Efésios 4:17 e 18).
Até que um dia, houve a Graça de Deus – aquele amor divino, que nos alcançou sem merecermos. Ou Jane, como queiram. E a maneira como ela apareceu na nossa vida foi tão repentina que mudou a forma de encararmos o mundo – “Nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13). Tudo mais que parecia nos trazer felicidade, ficou insuficiente. Descobrimos nossa origem e porque, às vezes, no sentimos incomodados nesse mundo de macacos. Existe uma esperança de paz no coração.
Compreendemos que nossas preocupações não precisam se limitar apenas à caça do dia, ao banho do elefante ou à defesa do bando. A Graça de Deus nos mostra que “somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Bastou uma fagulha para criar um incêndio em nossa alma.
No coração, podemos viver divididos, querendo o melhor de cada um destes universos. Ou então, um meio-termo. Porém, o reino de Deus não nos deixa manter um pé aqui, na selva, e outro na, digamos, civilização. O recado de Deus é bem claro, como à Igreja em Laodicéia: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosse frio, ou quente ! Assim porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Apocalipse 3:14).
Parece assustador deixar para trás tudo aquilo que nos pareceu importante desde a infância. Todavia, é necessário. “Porque assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens… assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Romanos 5:18).
Como ficam as coisas agora? O Tarzan dos quadrinhos, dos filmes do cinema e da TV, e dos desenhos nunca abandonou definitivamente a selva, nem quando descobriu a verdade sobre sua origem. E você, que já encontrou a Graça de Deus… Vai continuar balançando por aí de árvore em árvore?
Anselmo Melo
Anselmo Melo,
Carioca, casado e pai de três filhos (herança do Senhor). Pastor Evangélico e empresário. Moro atualmente no Estado de São Paulo onde pastoreio a Igreja de Nova Vida em Limeira. Sou fundador e presidente da Associação Projeto Resgate Vida.
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Esse artigo foi republicado com a permissão de Pastor Anselmo Melo