Back

Meu argumento contra Deus

Rev. Juba

Meu argumento contra Deus

Meu argumento contra Deus era o de que
o universo parecia injusto e cruel. No entanto, de onde eu tirara essa ideia de
justo e injusto? Um homem não diz que uma linha é torta se não souber o que é
uma linha reta. Com o que eu comparava o universo quando o chamava de injusto?
Se o espetáculo inteiro era ruim do começo ao fim, como é que eu, fazendo parte
dele, podia ter uma reação assim tão violenta? Um homem sente o corpo molhado
quando entra na água porque não é um animal aquático; um peixe não se sente
assim. E claro que eu poderia ter desistido da minha idéia de justiça dizendo
que ela não passava de uma idéia particular minha. Se procedesse assim, porém,
meu argumento contra Deus também desmoronaria – pois depende da premissa de que
o mundo é realmente injusto, e não de que simplesmente não agrada aos meus
caprichos pessoais. Assim, no próprio ato de tentar provar que Deus não existe
ou, por outra, que a realidade como um todo não tem sentido, vi-me forçado a
admitir que uma parte da realidade – a saber, minha ideia de justiça – tem
sentido, sim. Ou seja, o ateísmo é uma solução simplista. Se o universo inteiro
não tivesse sentido, nunca perceberíamos que ele não tem sentido, do mesmo modo
que, se não existisse luz no universo e as criaturas não tivessem olhos, nunca
nos saberíamos imersos na escuridão. A própria palavra escuridão não teria
significado.

C. S. Lewis

Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog do Rev. Juba.