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AS MULHERES DA REFORMA – Katharina Von Bora Lutero

Rev. Juba

AS MULHERES DA REFORMA

Katharina Von Bora Lutero

Mulher Fiel ao chamado de Deus

Katharina (Katie) é uma das
mulheres mais importantes na história da Igreja. Ela se tornou a esposa de
Martinho Lutero, uma eis-freira que abandonou a vida no convento, para seguir os ideais do
movimento da Reforma. Katharina era uma mulher muito corajosa. Ela era uma
mulher dedicada a ao seu marido, e se referia a ele como “meu
senhor”. Quando falamos do movimento da Reforma, logo lembramos de
Martinho Lutero. Porém fica meio longe a lembrança de outra pessoa muito
importante, a mulher de Martin Lutero: Katharina Von Bora.

Katie tinha apenas cinco anos de idade quando foi deixada por seu pai
nos portões da escola do convento beneditino na cidade de Brehna, na Alemanha.
Como a mãe dela havia morrido, e seu pai logo se casaria, uma filha pequena era
um peso muito grande, e seu pai achou que no convento ela pelo menos receberia
uma boa educação. E foi o que aconteceu, aprendeu latim numa época em que as
mulheres não conseguiam ler nem mesmo a própria língua, também aprendeu a
cozinhar, costurar e a cuidar de jardins. Orava sem parar e participava dos
cultos na igreja todos os dias.

Lia de maneira árdua as matérias subversivas contra a Igreja da época.
Foi considerada herege para muitos dentro do mosteiro onde vivia. Após vários
anos de vida religiosa, Katie tornou-se interessada no movimento da reforma que
estava crescendo e nos ensinamentos bíblicos de Lutero. Ela tinha apenas 18
anos quando Lutero escreveu suas famosas 95 teses agora de Wittenberg, na
Alemanha e estava insatisfeita com sua vida no convento.

Conspirou com várias outras freiras a fugir em segredo, ela contatou
Lutero e implorou por sua ajuda. Lutero concordou e encorajou um amigo,
Merchant Kopp, para ajudá-las a escapar, Kopp tinha livre acesso no convento
por fazer entregas. Uma noite em 1523, ele “empacotou” 12 freiras em
sua carroça, em barris de peixes vazios.

Com o passar do tempo todas as eis-freiras já haviam se estabelecido e encontrado um marido, menos uma –
Katharina Von Bora. Ela havia se apaixonado por um jovem, mas os pais dele se
recusaram a deixar que o casamento acontecesse por causa de seu passado como eis-freira. Ela
ficou desolada.

Quando um amigo de Lutero veio para uma visita, Katharina sinalizou
para ele que Lutero seria o tipo de marido que ela aceitaria – apesar da
diferença de idade entre ambos, que era de quase dezesseis anos e apesar de
Lutero dizer que não se casaria, propôs que ela se casasse com outra pessoa,
mas ela recusou o homem sugerido. Ela não estava sendo difícil, apesar de
Lutero pensar assim. Foi aí que a corajosa Katharina disse a Lutero: “Só caso
se for com o Senhor”. Quando Lutero escutou as palavras de Katharina, não as
encarou com seriedade, mas contou aos seus pais num dia em que foram visitá-lo
e ao invés de rir, o pai de Lutero começou a pensar sobre o fato pois Lutero já
não era tão jovem, e seu pai ainda tinha esperanças de realizar o sonho de ser
avô!

Aquilo tudo que começou como uma piada, foi ficando cada vez mais sério
para Lutero. Casando-se com Katharina, Lutero lhe daria o status de que
precisava, daria testemunho da fé que cria mesmo contra a vontade do papa, e
daria alegria e conforto ao seu velho pai.

Muitos desaprovaram o matrimônio, pois acreditavam que um homem como
Lutero, que disse que jamais se casaria, poderia aceitar tal proposta.
Katharina teve que enfrentar os falatórios da sociedade tanto dos doutores como
do povo não concordavam que um homem que ensinava o que é certo e errado
perante Deus fosse se casar. Então no dia 13 de junho de 1525, o eis-monge se casou
com a eis-freira, numa cerimônia simples. Ele tinha 42 anos e ela 26 anos.

Alguns servem a Deus ficando solteiros por toda vida, já outros servem
a Deus se casando. Juntos Lutero e Katharina impactaram milhares de vidas para
Cristo. Katharina ajudava Lutero na tradução da Bíblia para o alemão… Com
Katharina, Lutero encarou o casamento como uma escola para o caráter, dizendo
que havia aprendido mais sobre a graça de Deus na convivência com ela do que com
todos os seus estudos, livros e sermões. A história de amor de ambos não foi
impressionante desde o princípio, mas o amor foi crescendo. Sem o amor e apoio
de Katharina, Lutero não teria conseguido servir a Deus de forma efetiva como
fez. E sem a fé e o carinho de Lutero por sua esposa, a vida de Katharina não
teria sido nem a sobra do que foi. Ele lhe dizia: “Katie, você se casou com um
homem honesto e que a ama muito; você é minha imperatriz.”

Martin Lutero e Katharina Von Bora tiveram 6 filhos e ainda adotaram
outros de famílias pobres. Katharina tomava conta da casa, cuidava dos
estudantes que lá moravam e assim cozinhava para umas 40 a 50 pessoas
diariamente. Educava os filhos, lia, bordava, tinha uma horta e ainda criava
animais. Compreendia e acompanhava muito bem tudo o que acontecia a sua volta.
A família se tornou um modelo para as famílias alemãs durante vários séculos.

Certa vez Lutero estava bastante deprimido, não se alimentava e passava
os dias trancado no seu quarto. Estava tomado por dúvidas sobre se o que fazia
era ou não da vontade de Deus. Katharina vestiu-se de preto e foi visitá-lo.
Lutero levou um grande susto e logo pensou se alguém havia morrido. Katharina
respondeu: “Parece que Deus morreu”! A reação de Lutero foi sair imediatamente do quarto e agradecer a
esposa que o tirou da depressão.

Obra de Katharina, intitulada “Rosa de Lutero” feita em bordado, tem
como fundo um coração vermelho, sobre o coração uma cruz preta que representa a
cruz de Cristo e é também a provação que atravessamos na vida. A cruz está
colocada sobre uma rosa branca que representa a paz e a alegria que Jesus nos
dá. Ainda fazem parte o azul, representando o céu e um círculo dourado
representando o momento do acolhimento de Deus no paraíso. Esta “Rosa de Lutero”,
sintetiza o pensamento central do movimento da reforma.

Um dia, já perto de sua morte, Lutero abraçou a esposa e, acariciando o
cabelo dela, disse: “Acredito que Deus tenha usado minha vida para mudar a
história da igreja, mas eu não poderia ter feito nada sem você. Se um dia
escreverem a história da Reforma da Igreja, espero e oro para que seu nome
apareça junto ao meu.”

Após a morte de Martin, em 1546, Katie viveu mais seis anos, para ver
seus filhos, exceto Magdalena que tinha morrido jovem, alcançar posições de
influência. Ela é considerada uma das participantes mais importantes da Reforma
por causa de seu papel em ajudar a definir a vida da família protestante e
definir o tom para casamentos no clero. Ela morreu em 1552 com a idade de 53 anos.

Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog do Rev. Juba.