Dirija seu carro por quase todas as cidades dos EUA em um domingo de manhã e você verá os estacionamentos das igrejas cheios. Contudo, uma revolução cultural está acontecendo que afronta tudo o que muitas daquelas igrejas têm crido e aceito como verdadeiro e moral durante mais de dois séculos. Essa mesma tendência se alastra por todo o Ocidente.
Uma minoria militante está promovendo uma guerra generalizada contra Deus e contra o cristianismo, e parece que está vencendo. Ateus alardeiam continuamente a causa de uma sociedade sem Deus, ridicularizando as crenças cristãs e desprezando todos aqueles que rejeitarem a filosofia deles. O resultado é uma sociedade caótica e possivelmente à beira de um colapso.
Ironicamente, um comentarista secular tomou a responsabilidade de perguntar por que a maioria dos cristãos não está se levantando contra os fanáticos religiosos decididos a destruir nossa fibra moral e espiritual. Por que existe esse silêncio quase total dos mais afetados e dos que mais têm a perder se o paganismo secular da facção radical se tornar a religião dominante?
Religião Sem Deus
Independentemente dos protestos que afirmam o contrário, o ateísmo é uma forma de religião. Enquanto o verdadeiro cristianismo centraliza sua fé em Cristo, o ateísmo (juntamente com o agnosticismo) não adora nada. É uma fé de fábulas na qual todo indivíduo (na prática) fabrica deuses segundo seu próprio feitio.
Os ateus fazem até mesmo proselitismo, porém com uma característica única: eles forçam comunidades inteiras ou grupos inteiros de pessoas a se curvarem diante de suas crenças ou a sofrerem as conseqüências legais. Freqüentemente, a reclamação de um único ateu, de ter sido pessoalmente ofendido por uma representação, manifestação ou celebração cristã, impele uma justiça condescendente a desprezar a vontade e as tradições da maioria em favor daquele ateu. Forçar sua descrença sobre os outros parece ser o compromisso sagrado dos ateus. Eles não toleram nenhuma oposição, não deixam nenhum espaço para a filosofia “viva e deixe viver”, e são determinados a buscar e destruir tudo que tenha alguma ligação com Deus.
Talvez uma participante de um programa de entrevistas na televisão tenha se expressado melhor: “Eu gosto do Natal”, exclamou ela. “Só não gosto da parte religiosa do Natal”.
Separação Versus Integração
Dentre as transgressões mais debilitantes dos antigos israelitas estava o desejo de se tornarem como as nações ao seu redor. O clamor deles por um rei resultou no desastroso domínio de Saul como o primeiro monarca de Israel. Este não foi, logicamente, o final da história. Mas, em todas as gerações, os crentes são pressionados a se tornarem menos notados como pessoas cuja distinção é seu distanciamento das culturas e dos estilos de vida corruptos.
Esquecido em meio à afobação em direção à assimilação e à aceitabilidade está o fato de que a igreja primitiva triunfou sobre o paganismo por ser diferente. Separação é uma palavra que se tornou praticamente extinta no léxico evangélico atual. Infelizmente, essa palavra veio a ser erroneamente emparelhada com legalismo.
Na verdade, o apelo da igreja primitiva estava na disposição dos crentes de perderem a vida em vez de se renderem aos conformistas e adotarem as tradições e costumes das sociedades sem Deus ao redor dela. Os cristãos primitivos demonstraram um compromisso inabalável com Cristo, acima de tudo. Foi a força do testemunho deles e de sua firme devoção que mudou o mundo. Seu monoteísmo, sua fidelidade no casamento, sua insistência em permanecerem na verdade como padrão de vida, e sua recusa em serem inclusivistas e em apoiarem a adoração de deuses mitológicos, foi que os separou dos outros e fez deles crentes inabaláveis.
Eles se recusaram a adotar uma postura de “seu deus pode ser tão bom quanto o meu”, com a finalidade de se encaixarem naquelas sociedades. Se os cristãos primitivos tivessem se moldado às práticas pagãs populares e às suas deidades, o resultado teria certamente sido a morte do cristianismo. A atual fascinação que segmentos significativos da comunidade evangélica parecem ter com o comprometimento das posições bíblicas essenciais é extremamente perigosa. A estratégia do “se você não pode vencê-los, junte-se a eles” contradiz os ensinamentos de Cristo. Disse Jesus:
“Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (Jo 15.18-19, NVI).
Muitíssimos cristãos defensores da mudança estão mais interessados em se tornarem socialmente aceitos do que em permanecerem fiéis às Escrituras. Essa reviravolta no caminho colocou muitos evangélicos num despenhadeiro escorregadio. Eles evidenciam mais diversão do que oração; eles silenciam o claro imperativo do Evangelho de Cristo com receio de que ele seja ofensivo; eles defendem o inclusivismo, invocando um entendimento adotado recentemente que prega a fraternidade universal. Estes são conceitos com os quais nossos antepassados espirituais jamais sonharam; e, a menos que sejam corrigidos, grande parte do evangelicalismo está em perigo.
Em seu blog, o autor e pesquisador George Barna fez uma observação perspicaz em 2011, quanto a onde o atual curso das coisas poderá nos levar:
Sobretudo, o quadro não está agradável, embora ainda não seja um desastre. Se as tendências existentes continuarem, provavelmente veremos um crescimento no número das pessoas que não aceitam uma definição convencional do caráter de Deus e das pessoas que rejeitam a precisão dos princípios ensinados nas Escrituras.
Os conformistas crêem que os relacionamentos, a camaradagem e a afabilidade levarão as pessoas a Cristo. É um tipo de salvação por osmose. Segundo a visão deles, a redenção será subjetivamente induzida sem uma definição verbal.
O problema é que as coisas não funcionam desta maneira. O mandamento de Jesus para irmos e pregarmos o Evangelho para um mundo perdido e que está morrendo é um absoluto, não uma opção. Nós podemos e devemos ser agradáveis, porém não podemos sorrir para as pessoas e, com isso, achar que elas vão para o céu. Remova a mensagem da salvação que transforma a nossa vida através da fé em Jesus Cristo e não sobra nada a não ser mais uma macilenta facção religiosa.
A Ironia da Exclusão
Claramente, algumas pessoas têm uma compulsão para estabelecer relacionamentos harmoniosos através da assimilação – um tipo de paz através de concessões. A idéia parece ser que, se nos tornarmos mais parecidos com o mundo, o mundo pode ser transformado para melhor. Entretanto, ironicamente, apesar de toda essa “camaradagem” dos líderes cristãos, o mundo diz: “Só queremos vocês se estiverem de acordo com os nossos termos; caso contrário, por favor, dêem o fora”.
Olhe ao seu redor. Veja o que acontece quando uma oração em nome de Jesus é feita em público. Depois pergunte-se quantas vezes você já ouviu o nome de Jesus sendo tomado em vão publicamente. Quando já se ouviu o mesmo desrespeito em nome de qualquer outra figura religiosa, tal como Maomé ou Buda? Ouça o que os neopagãos estão nos dizendo, dentro e fora dos tribunais.
Já não há mais nenhuma dúvida de que o cristianismo conservador está em julgamento como um mal que deve ser purgado da vida ocidental. Embora determinados elementos da sociedade tolerem praticamente qualquer outra religião, cultismo ou até mesmo grupos subversivos e destruidores, eles não toleraram um cristianismo vibrante que honra verdadeiramente a Cristo.
Quer gostemos, quer não, a face do Ocidente está mudando. Mas temos uma esperança segura. Deus não está morto nem abandonou Seu plano para Seu povo.
As megaigrejas podem se desviar do caminho; a dedicação de crentes verdadeiros pode diminuir; e pode ser que algum dia vamos nos unir a nossos irmãos em outros países, que passam por duras perseguições físicas. Todas estas coisas podem acontecer, mas elas também esclarecerão algo: em quem você colocou sua fé – em Cristo ou em uma experiência atual confortável, politicamente aceita. A verdadeira igreja permanecerá; governos poderão permanecer, ou não. Um relacionamento pessoal com Jesus Cristo é para hoje e para a eternidade. Todos os outros ajustamentos terminarão quando partirmos deste mundo.
Frances Jane “Fanny” Crosby, amada compositora de hinos de uma época passada, escreveu: “Fique com o mundo, mas dê-me Jesus”. Para ela, tudo começava e terminava nEle. Uma amiga dela certa vez comentou que era uma pena que Deus houvesse dado a Fanny tantos atributos maravilhosos, sem lhe dar o dom da visão. Fanny foi cega durante toda sua vida.
Mas ela disse à sua amiga: “Sabe de uma coisa? Se ao nascer eu pudesse ter feito um pedido, teria sido que eu nascesse cega”.
– “Mas, por quê?”.
– “Porque, quando eu chegar no céu, o primeiro rosto que vai iluminar minha vista será o do meu Salvador!”.
Disse Jesus: “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo 16.33, NVI). O Evangelho de Cristo é o que interessa. Ele é real, é pessoal, não é perecível, é a verdade sobre Jesus e não é negociável. (Elwood McQuaid —
Esse artigo foi republicado com a permissão de Pastor Anselmo Melo