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A síndrome do Rei Salomão

João Cruzué

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Que grande paradoxo seria você empenhar uma vida inteira em projetos grandiosos e depois de muitos anos de sacrifício, o grande “conquistador” para, olha para trás e reflete. Súbito, uma sombra de tristeza invade sua alma. Em poucos segundos, aquilo que tinha tanta importância, motivo de tanto orgulho você, muda rapidamente diante de seus olhos e  descobre que tudo aquilo, agora, não lhe traz nenhum contentamento. Estranho este jeito de querer e depois se aborrecer. Foi exatamente assim que o Rei Salomão se sentiu. Depois, deixou tudo escrito no livro de Eclesiastes, para quem quisesse ler.

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Fiz para mim obras magníficas; edifiquei casas, plantei vinhas. Fiz para mim hortas e jardins e plantei árvores de toda espécie de fruto. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Adquiri servos e servas e tiver servos nascidos em casa. Também tive grandes manadas de gado e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.

“Amontoei também para mim prata e ouro, e jóias de reis e das províncias. Provi meu de cantores e de cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda sorte. E engrandeci-me e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em jerusalém. Perseverou também comigo minha sabedoria.”

“E tudo quando desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma, mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho. E olhei para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando tinha feito e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.”

E por que será que depois de tudo aquilo veio a frustração e o fastio? Bom, se você leu os textos compilados já deve ter percebido quantas vezes foi citado a frase: PARA MIM! Ele deve ter se frustrado porque quando seu egoísmo passou e a “ficha” caiu, percebeu que tudo que tinha feito, foi apenas para si próprio. O resultado dos projetos e obras no fim, foi como o fio de fumaça da luz de uma vela depois que se apaga.

Assim também, tenho certeza que, em meus dias, a decepção com as conquistas de uma vida inteira pode ser uma realidade. E não pode ser diferente quando se corre apenas atrás de coisas do tipo “só para mim”.

A visão de Salomão de quase 3.000 anos ainda se repete com muita frequência, hoje,  porque há muitos castelos que estão sendo construídos com areia do egoísmo. Logo eles se desmoronam e se  apresentam como nada ante os olhos de seus donos.

Em um país onde a desigualdade social chega a ser  como a do Haiti, é um pecado ver tantos “conquistadores” que desperdiçam uma vida inteira correndo atrás de coisas “só para mim” e não conseguem ver que ali bem perto deles existem seres humanos procurando migalhas de pão caídas de mesas fartas e contas bancárias recheadas.

Imagino que, depois de velhos, não tenham mesmo contentamento algum!

Texto escrito em 06 de agosto de 2010.

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Esse artigo foi republicado com a permissão de Olhar Cristão