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O evangelho e o casamento (im)perfeito


De acordo com o dicionário, perfeccionismo pode ser definido assim:
Uma disposição para considerar qualquer coisa aquém da perfeição
como inaceitável; especialmente o estabelecimento de objetivos
absurdamente exigentes acompanhado por uma disposição para considerar o
fracasso de alcançá-los como inaceitáveis e um sinal de falta de valor
pessoal.

Apesar da necessidade de um pouco mais de nuance, essa descrição
serve como uma boa definição. O perfeccionismo não parece ser muita
coisa para a maioria das pessoas, e mesmo nós cristãos tendemos a vê-lo
como um pecado “respeitável”. A simples verdade é que o perfeccionismo,
como qualquer outro pecado, é uma demonstração aberta de orgulho humano.
E que fique claro uma coisa: eu sou um perfeccionista.
Sendo cristão, meu tipo de perfeccionismo pode ser um pouco mais
sutil por algumas vezes se disfarça de atitude piedosa. Mas mesmo quando
o perfeccionismo parece ser direcionado a uma vida piedosa, ele é
orgulhoso porque cria uma expectativa para agora do que Deus prometeu
realizar apenas no futuro. O perfeccionismo desconsidera a promessa de
Deus de nos fazer quem um dia seremos ao tentar, por nossas próprias
forças, alcançar o alvo dessa promessa no presente, e por colocar nós
mesmos como os juízes supremos de nosso desempenho.
Dependendo de quão bem nós estamos indo aos nossos próprios olhos, o
perfeccionismo pode se manifestar em uma variedade de respostas
negativas: sentimentos de autodepreciação, preocupação desmedida com a
opinião das outras pessoas, medo paralisante, impaciência ou senso de
superioridade.
Por mais que eu reconheça minhas tendências perfeccionistas há algum
tempo, e esteja confiante de que Deus está me transformando, a verdade é
que eu tendo a descontar essa disposição nos meus relacionamentos, e
não menos no meu casamento.

O Casamento Perfeito?
Como ávido leitor, eu investi nos anos que precederam meu casamento
muito tempo na leitura de livros cristãos sobre casamento e
masculinidade. Pude observar muitas verdades e muitos conselhos sábios,
mas conforme crescia meu entendimento sobre o que deve ser um casamento,
o que era um desejo parcialmente sincero de glorificar a Deus se tornou
uma expectativa egocêntrica e irreal. E isso levou ao pensamento de
que, se eu tentasse o suficiente, eu poderia alcançar o padrão bíblico
de um marido piedoso, ou pelo menos chegaria bem perto. Por sua vez,
isso levou à demanda por uma esposa que fosse exatamente o que Deus diz
que uma esposa deva ser, e um casamento que representasse perfeitamente a
imagem bíblica dessa união.
Mas quando se trata de lutar contra o perfeccionismo no casamento, eu
sei que não estou sozinho. Tenho conversado com muitos irmãos cristãos,
solteiros e casados, que vivem sob ideias utópicas do que seus
casamentos serão ou deveriam ser. Alguns desses passaram anos em uma
busca arrogante por potenciais cônjuges à procura daquele par “perfeito”
enquanto outros lutam em busca de paciência e contentamento quando seus
casamentos não alcançam o padrão que havia sido idealizado.
E enquanto ser solteiro pode muitas vezes acomodar uma
autoconsciência inflada de espiritualidade, o casamento garante que as
imperfeições de alguém serão expostas, como rapidamente eu descobri
quando me casei. Não importa quão bom seja nosso casamento, como o
relacionamento mais íntimo que pode haver entre dois seres humanos, ele
funciona como um holofote sobre nossos corações, nos possibilitando ver
de perto nosso egoísmo na perspectiva da outra pessoa. Ele nos expõe. E,
consequentemente, isso é uma forma de demolir nossa pretensa
autoconfiança. Vem à tona de forma clara e pessoal a noção por vezes
abstrata da depravação humana, nos mostrando a profundidade de nosso
egocentrismo. E por mais que todos os princípios certos possam ajudar
bastante, eventualmente temos que lidar com a realidade de nossa
fraqueza e da fraqueza da pessoa com quem entramos no sagrado pacto
matrimonial.
Em outras palavras, Deus está usando meu casamento para destruir meu orgulho.

Enquanto princípios, passos e práticas dos conselheiros cristãos a
respeito do casamento são muitas vezes úteis e corretos, o evangelho é a
verdade mais central em qualquer casamento. Assim como o resto de
nossas vidas, é a mensagem da redenção de Deus em Cristo e nossa
restauração nele que nos torna possível entender, processar e responder
de forma apropriada aos fracassos em nossos casamentos. Isso nos afasta
tanto da arrogância pecaminosa que ignora a profundeza de nosso pecado
quanto da vergonha pecaminosa que se recusa a aceitar o perdão e as
promessas de Deus para nós e para nossos casamentos. No evangelho nós
percebemos que, de fato, nossos casamentos serão cauterizados, manchados
e bagunçados pelos nossos esforços, mas que nosso Pai está trabalhando
em nossos casamentos, através do Espírito, para realizar algo belo ao
nos restaurar e restaurar nossos cônjuges à dignidade e glória da imagem
do Filho, Jesus Cristo.
Como um recém-casado, eu não tenho nada de novo para propor em termos
de aconselhamento matrimonial. Mas se alguém me pedisse conselhos, é
isso que eu diria: está tudo bem em aceitar que nem tudo está bem.
Complacência? Não. Preguiça? Não. Mas consciência honesta de que você e
seu cônjuge são indivíduos pecadores e imperfeitos que, no presente,
nunca alcançarão um padrão perfeito, ou até mesmo quase perfeito, de
casamento? Sim. E confiança na fidelidade de um todo-poderoso e gracioso
Deus que prometeu fazer de nosso casamento o tipo de relacionamento que
comunica o amor de Jesus por sua noiva mesmo quando a realidade
presente de nossos casamentos parece longe disso? Sim. A questão é em
quem você coloca sua esperança e confiança. Parafraseando as palavras do
apóstolo Paulo, nossas orações deveriam ser:
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a
ele seja a glória em nossos casamentos, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!

Por  Winston Hottman
Traduzido por Filipe Schulz | Fonte: IProdigo| Original aqui

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Anselmo Melo

Anselmo Melo,
Carioca, casado e pai de três filhos (herança do Senhor). Pastor Evangélico e empresário. Moro atualmente no Estado de São Paulo onde pastoreio a Igreja de Nova Vida em Limeira. Sou fundador e presidente da Associação Projeto Resgate Vida.

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Esse artigo foi republicado com a permissão de Pastor Anselmo Melo

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