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A Inerrância da Biblia. – Bereianos

Bereianos

Muitos perguntam: Onde é que está escrito na Bíblia a afirmação que ela é a PALAVRA DE DEUS?

Como abordar as dificuldades Bíblicas, por Norman Geisler.

Há ERROS na Bíblia?

Resposta: N – Ã – O!

Os críticos afirmam que a Bíblia está cheia de erros. Alguns falam, até em milhares de erros. A verdade é que não há nem mesmo um só errôneo texto original da Bíblia que tenha sido demonstrado.

Isso não quer dizer que não haja dificuldades em nossas Bíblias. Dificuldades há, e é delas que vamos tratar.
Nosso propósito é mostrar que não há realmente ERROS nas Escrituras. Por quê? Porque a Bíblia É A PALAVRA DE DEUS E DEUS NÃO PODE ERRAR.

Vamos raciocinar. Vamos tratar isto de uma forma lógica examinando as premissas:

a) Deus não pode errar.
b) A Bíblia é a Palavra de Deus.
c) Portanto, a Bíblia está isenta de erros.

Como qualquer estudante de lógica sabe, este é um silogismo (uma forma de raciocínio) válido. Assim, se as premissas são verdadeiras, as conclusões também são verdadeiras.Como vamos mostrar, a Bíblia declara SEM RODEIOS SER A PALAVRA DE DEUS.(*)

Ela nos informa também que Deus não pode errar. A conclusão então, é inevitável: a Bíblia está isenta de ERROS.

Se ela estivesse errada em qualquer coisa que afirma, então Deus teria cometido um erro.

Mas Deus não pode cometer erros.

Deus não pode cometer erros.

As Escrituras declaram enfaticamente que “é impossível que Deus minta” (Hb 6:18).Paulo fala do “Deus que não pode mentir”(Tt1:2).
Ele é um Deus que, mesmo que não sejamos fiéis, “permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Tm 2;13).Deus é a verdade (Jo 14:6) e assim também é a Palavra dele.Jesus disse ao Pai:”a tua Palavra é a verdade” (Jo 17:17).O salmista exclamou:”As tuas palavras são em TUDO VERDADE”(Salmo 119:160).

A Bíblia É A PALAVRA DE DEUS.

Jesus referiu-se ao AT como sendo a “Palavra de Deus”, que “não pode falhar” (Jo 10:35). Ele disse: “até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”(Mt 5:18).

Paulo acrescentou: “Toda Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3:16) Ela veio “da boca de Deus”(Mt 4:4).Embora tenham sido homens que escreveram aquelas mensagens, “nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana;entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21).(**)

Jesus disse aos líderes religiosos de seus dias que eles vinham “invalidando a palavra de Deus” pela sua própria tradição (Mc 7:13).
Jesus chamou-lhes a atenção para a Palavra de Deus escrita quando repentinamente afirmou: “Está escrito… está escrito… está escrito…” (Mt4:4,7,10).Esta frase aparece mais de noventa vezes no NT.É uma forte indicação da autoridade divina da Palavra de Deus escrita.
Dando ênfase à natureza inerrante da verdade de Deus, o apóstolo Paulo referiu-se às Escrituras como “a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4:12). Conclusão lógica: A Bíblia está isenta de ERROS.

Sim, Deus falou, e ele não titubeou. O Deus da verdade nos deu a Palavra da Verdade, e ela não contém inverdade alguma. A Bíblia é a inerrante Palavra de Deus.(***)

Pode-se confiar na Bíblia em questões de Ciência e História?

Alguns têm sugerido que as Escrituras sempre podem ser confiáveis em questão de ordem moral, mas que nem sempre são corretas em questões históricas. Eles confiam na Bíblia no campo espiritual, mas não na esfera da ciência.

Se isso fosse verdade, entretanto, negaria a autoridade divina da Bíblia, já que o espiritual, o histórico e o científico estão freqüentemente interligados.

Um cuidadoso exame das Escrituras revela-nos que as verdades científicas (fatuais) e as espirituais são muitas vezes inseparáveis. Por exemplo, não se pode separar a verdade espiritual da ressurreição de Cristo do fato de que seu corpo deixou para sempre vazio o seu túmulo e que depois ele apareceu fisicamente (Mt 28:6;1 Co 15:13-19).

Da mesma forma, se Jesus não tivesse nascido de uma mulher biologicamente virgem, então ele não seria diferente do resto da humanidade, sobre quem recai o estigma do pecado de Adão (Rm 5:12).

Também a morte de Cristo por nossos pecados não pode ser separada do fato de que ele derramou literalmente o seu sangue na cruz, pois “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:22).

A existência e queda de Adão tampouco podem ser um mito. Se não tivesse havido literalmente um Adão, e se não tivesse havido de fato a queda, então o ensino espiritual quanto ao pecado herdado e quanto à morte física, dele decorrente, estaria errado (Rm 5:12). A realidade histórica e a doutrina teológica juntas permanecem ou juntas caem por terra.

Além disso, a doutrina da encarnação é inseparável da verdade histórica de Jesus de Nazaré (Jo 1:1,14).E ainda, o ensino de caráter moral de Jesus quanto ao casamento baseou-se no que ele ensinou quando disse que Deus juntou literalmente uma Adão e uma Eva em matrimônio (Mt 19:4-5).Em cada um destes casos, o ensino moral e o teológico perdem totalmente o sentido se desconsiderado o evento histórico e fatual.Negando-se que aquele evento ocorreu literalmente no tempo e no espaço, fica-se então sem uma base para crer na doutrina bíblica construída sobre ele. Com freqüência, Jesus comparou eventos do AT diretamente com importantes verdades espirituais. Por exemplo, ele relacionou sua morte e ressurreição com Jonas e o grande peixe (Mt 12:40).Da mesma forma, sua segunda vinda foi comparada com os dias de Noé (Mt 24:37-39).

Tanto as circunstâncias como as características de tais comparações deixam claro que Jesus estava afirmando que aqueles eventos foram fatos históricos, que realmente aconteceram. Defato, Jesus afirmou a Nicodemos: “Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?” (Jo 3:12).

Em resumo, se a Bíblia não falasse com a verdade sobre o mundo físico, então ela não poderia ser digna de confiança ao referir-se ao mundo espiritual. Os dois mundos acham-se intimamente relacionados.

A inspiração inclui não apenas tudo o que a Bíblia explicitamente ensina, mas inclui também tudo a que ela se refere. Isso é verdade quando a Bíblia se reporta à história, à ciência ou à matemática.

Tudo o que a Bíblia declara é verdadeiro – podendo ser tanto um ponto de maior como também de menor importância. A Bíblia é a palavra de Deus, e Ele não se desvia da verdade em nenhum momento.Todas as partes das Escrituras são verdadeiras, assim como o todo que elas formam.

Se é inspirada, é inerrante.

A inerrância é uma decorrência lógica da inspiração. Porque inerrância significa verdade total, sem erros.E o que Deus profere (inspira) tem de ser completamente verdadeiro e sem erros (inerrante).

Contudo, convém especificar com maior clareza o que significa “verdade” e o que constitui um “erro”.(****)

Verdade significa aquilo que corresponde à realidade. Um erro, então, é o que não corresponde à realidade.A verdade é dizer o que de fato é. Um erro é não dizer o que é.Conseqüentemente, nenhuma coisa errada pode ser verdadeira, mesmo que o autor pretendesse que o seu erro fosse algo verdadeiro.Um erro é um erro, não simplesmente uma coisa que nos faça errar.De outro modo, toda expressão sincera poderia ser considerada verdadeira ainda que se tratasse de um erro grosseiro.(*****)

Da mesma forma, algo não é verdadeiro simplesmente porque realiza o propósito que havia sido estabelecido, já que muitas mentiras são bem-sucedidas.

A Bíblia vê claramente a verdade como aquilo que corresponde à realidade. O erro é entendido como sendo uma falta de correspondência à realidade.O erro é entendido como se fosse uma falta de correspondência à realidade, não como algo causado intencionalmente.Isso é evidente pelo fato de que a palavra “erro” é usada no caso de erros não-intencionais (Lv 4:2).Na Bíblia inteira está implícita a visão de que a verdade baseia-se numa correspondência entre duas coisas.

Por exemplo, quando os Dez Mandamentos declaram: “Nâo dirás falso testemunho” (Êx 20:6) significa que deturpar fatos está errado. Este mesmo conceito de verdade foi usado quando os judeus foram ao governador falar a respeito de Paulo:”Tu mesmo, examinando-o, poderás tomar conhecimento de todas as coisas de que nós o acusamos”.E ao fazer isso, é como se eles estivessem dizendo: “É verdade, tu podes facilmente verificar os fatos” (cf.At. 24:8).

Foi assim que Deus disse?

Naturalmente, toda vez que Deus tornou a verdade bem clara, a estratégia de Satanás foi lançar dúvidas sobre ela. Sempre que Deus falou com autoridade, o diabo desejou solapá-la.”Será que Deus disse isso?”. ele fala com escárnio (cf.Gn 3:1). Esta confusão, com freqüência, acontece de alguma maneira : A Bíblia é a palavra de Deus, inspirada de alguma forma, mas é também constituída de palavras humanas.Ela teve autores humanos, e “errar é humano”. Daí temos de esperar haver alguns erros na Bíblia… Por aí vai esse argumento.Em resumo, a verdade clara e simples de Deus acaba sendo confundida com a mentira de Satanás, o senhor das mentiras (Jo 8:44).

Vamos analisar o que há de errado nessa argumentação. Uma simples analogia nos ajudará.Considere o seguinte raciocínio que, por ser paralelo àquele, é igualmente falho:

1. Jesus era um ser humano.
2. Os seres humanos pecam.
3. Logo, Jesus pecou.

Qualquer estudante da Bíblia sabe de imediato que esta conclusão é falsa. Jesus foi um homem “sem pecado” (Hb 4:15). Ele “não conheceu pecado” (2 Co 5:21).

Ele foi um “cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pe 1:19). Como João disse a respeito de Jesus:”ele é puro” e “justo” (1 Jo 3:3; 2:1). Mas se Jesus nunca pecou, o que está errado no argumento acima, de que Jesus era humano, de que os seres humanos pecam e de que, portanto Jesus pecou?Onde é que a lógica se perde?

O erro está em se assumir que Jesus era como qualquer outro ser humano. Com certeza, meros seres humanos pecam.Mas Jesus não foi um mero ser humano.Ele foi um ser humano perfeito.De fato, Jesus não era apenas humano, mas ele era também Deus.Da mesma forma a Bíblia não é meramente um livro humano.Ela é também a Palavra de Deus.Como Jesus, ela é tanto divina como humana.E da mesma forma como Jesus era humano, mas não pecou, também a Bíblia é um livro humano, mas sem erros.Tanto a Palavra viva de Deus (Cristo) como a sua Palavra escrita (as Escrituras) são igualmente humanas, mas sem erros.A Palavra viva e a Palavra escrita são também divinas, e não podem conter erros. Não pode haver erros na palavra de Deus escrita, como não houve pecado algum na palavra de Deus viva. É impossível Deus errar e ponto final. HÁ DIFICULDADES NA BÍBLIA? SIM!

Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia como Agostinho observou com sabedoria:”Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição das Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito” (******)

Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens.

A Bíblia é isenta de erros, mas os que a criticam não são. Todas as alegações feitas neste sentido baseiam-se em erros cometidos pelos próprios críticos. Tais erros enquadram-se numa das seguintes categorias:

17 ERROS dos céticos da Bíblia!
17 erros que os céticos cometem ao tentarem achar “contradições” Bíblicas:

1 – Assumir que o que não foi explicado é inexplicável.

Nenhuma pessoa instruída alegaria ser capaz de explicar completamente todas as dificuldades bíblicas. Contudo, é um erro o crítico pressupor que o que não foi ainda explicado nunca o será.

Quando um cientista se depara com uma anomalia da natureza, ele não desiste de fazer cuidadosos exames científicos adicionais. Pelo contrário,ele faz uso daquilo que não foi explicado como uma motivação para descobrir uma explicação.

Nenhum cientista verdadeiro desiste de seu trabalho, em desespero, simplesmente porque não consegue explicar um dado fenômeno.

Ele continua a fazer pesquisas com a confiante expectativa de encontrar uma resposta. E a história da ciência tem revelado que tal fé tem sido recompensada.

Houve épocas em que os cientistas, por exemplo, não tinham explicações para os fenômenos naturais como os meteoros, os eclipses, os tornados, os furacões e os terremotos.

Todos esses mistérios, porém, renderam os seus segredos à inabalável perseverança da ciência. Os cientistas ainda não sabem como a vida pode ocorrer em descargas elétricas nas profundezas do mar, mas nenhum deles se dá por vencido e grita:”é uma contradição!”

Da mesma forma, os eruditos cristãos pressupõem que o que até hoje não foi explicado na Bíblia não é, por isso, inexplicável. Não consideram que discrepâncias sejam contradições.E, quando encontram algo que não podem explicar, continuam pesquisando na certeza de que algum dia encontrarão a resposta.Com efeito, se tivessem uma postura contrária a esta, parariam de estudar.

Por que ir em busca de uma resposta , quando se pressupõe que ela não exista?Tal como o cientista, aquele que estuda a Bíblia tem sido recompensado em sua fé e pesquisa, pois muitas dificuldades para as quais os eruditos não tinham explicação já foram superadas através da história, da arqueologia, da lingüística e de outras disciplinas.

Os críticos, por exemplo, um dia afirmaram que Moisés não poderia ter escrito os primeiros livros da Bíblia porque a escrita não existia na época dele. Agora sabemos que a escrita já existia alguns milhares de anos antes de Moisés.

De igual forma, os críticos um dia acreditaram que a Bíblia estivesse errada ao falar dos hititas (ou heteus), já que este povo era totalmente desconhecido dos historiadores. Sua existência, porém, foi comprovada pela descoberta, na Turquia, de uma biblioteca hitita. Esses fatos nos levam a crer que as dificuldades bíblicas ainda não resolvidas certamente são explicáveis e que, portanto, não há que se presumir que existam erros na Bíblia.

2 – Presumir que a Bíblia é culpada até provar em contrário

Muitos críticos presumem que a Bíblia está errada, até que algo venha provar que ela está certa. Contudo, como acontece com qualquer cidadão acusado de um crime, a Bíblia deve ser tida como “inocente”, até que haja a prova da culpa. Isso não é querer dar-lhe nenhum tratamento especial; essa é a forma pela qual todos os relacionamentos humanos são feitos. Se assim não fosse, a vida não seria possível. Por exemplo, se presumíssemos que a sinalização de trânsito nas rodovias ou na cidade não fosse verdadeira, então provavelmente estaríamos mortos antes de poder provar o contrário.

De igual modo, se presumíssemos que os rótulos nas embalagens de alimentos fossem enganosos até prova em contrário, teríamos então de abrir todas as latas e pacotes antes de comprá-los. E o que dizer se presumíssemos que todos os números no nosso dinheiro estivessem errados? E se achássemos que estariam erradas todas as placas nas portas dos sanitários públicos, que indicam o sexo a que se destinam?! Bem, isto já é o bastante.

Temos de presumir que a Bíblia, como qualquer outro livro, está nos dizendo o que os autores disseram e ouviram. As críticas negativas da Bíblia partem de um pressuposto contrário a este. Não é de se admirar, então, que concluam que a Bíblia está crivada de erros.

3 – Confundir as nossas falíveis interpretações com a infalível revelação de Deus.

Jesus afirmou que “a Escritura não pode falhar” (Jo 10:35). Sendo um livro infalível, a Bíblia é também irrevogável. Jesus declarou: “Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5:18, cf. Lc 16:17). As Escrituras têm ainda a autoridade final, sendo a última palavra acerca de tudo que ela aborda. Jesus valeu-se da Bíblia para resistir ao tentador (Mt 4:4, 7, 10); para resolver discussões doutrinárias (Mt 21:42); e para sustentar a sua autoridade (Mc 11:17).

Às vezes um ensinamento bíblico apóia-se num pequeno detalhe histórico (Hb 7:4-10), numa palavra ou numa frase (At 15:13-17), ou mesmo na diferença entre o singular e o plural (Gl 3:16). Mas, conquanto a Bíblia seja infalível, as interpretações humanas não o são. A Bíblia não pode estar errada, mas nós podemos estar errados quanto a alguma coisa dela. O significado da Bíblia nunca muda, mas a nossa compreensão pode mudar.

Os seres humanos são finitos, e seres finitos cometem erros. É por isso que há borrachas para lápis, corretores líquidos para textos datilografados, e uma tecla “apaga” nos computadores. E muito embora a Palavra de Deus seja perfeita (SI 19:7), enquanto existirem seres humanos imperfeitos, haverá erros de interpretação das Escrituras e falsos pontos de vista deles decorrentes.

Em vista disso, não devemos nos apressar em considerar que um determinado preceito científico hoje amplamente aceito seja a palavra final acerca do ponto em questão. Teorias que foram predominantemente aceitas no passado são consideradas incorretas por cientistas do presente. Dessa forma, é de se esperar que haja contradições entre opiniões populares sobre questões científicas e as interpretações da Bíblia amplamente aceitas.

Isso, porém, não consegue provar que há uma real contradição entre o mundo de Deus e a Palavra de Deus, entre a revelação geral de Deus e a sua revelação especial.

Nesse sentido básico, a ciência e as Escrituras não estão em contradição. Somente as opiniões humanas, finitas e falíveis acerca da ciência e das Escrituras é que podem entrar em contradição.

4 – Falhar na compreensão do contexto da passagem.

Talvez o erro mais comum dos críticos seja o de tirar um texto de seu próprio contexto. Como diz o adágio: “um texto fora de contexto é simplesmente um pretexto”. Tudo se pode provar, a partir da Bíblia, por meio desse procedimento errôneo. A Bíblia diz: “Não há Deus” (Sl 14:1). É claro, que o contexto é: “Diz o insensato no seu coração: ‘Não há Deus”‘. Alguém poderá afirmar que Jesus nos advertiu: “não resistais ao perverso” (Mt 5:39), mas o contexto anti-retaliatório em que ele lança esta proposição não deve ser ignorado. Assim também muitos não compreendem corretamente o contexto da afirmativa de Jesus, quando ele disse: “Dá a quem te pede” (Mt 5:42), como se tivéssemos a obrigação de dar uma arma a uma criancinha que nos pedisse, ou de dar armamentos atômicos a Saddam Hussein simplesmente por ele ter pedido.

5 – Basear um ensino numa passagem obscura.

Passagens da Bíblia são difíceis porque o seu significado é obscuro. Isso ocorre geralmente porque uma palavra-chave do texto é empregada uma só vez (ou raramente), e então fica difícil saber o que o autor está dizendo, a menos que seja possível deduzir o sentido pelo contexto. Por exemplo, uma das passagens mais conhecidas da Bíblia contém uma palavra que não aparece em lugar algum, em toda a literatura grega disponível até o tempo em que o NT foi escrito. Esta palavra aparece no que comumente é conhecido como a “Oração do Senhor” (Mt 6:11). Geralmente a tradução que temos é “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. A palavra em questão é a que é traduzida por “de cada dia”, ou seja, o vocábulo grego epiousion. Os estudiosos do grego ainda não entraram em acordo quanto à sua origem ou quanto ao seu exato sentido.

Diferentes comentaristas têm tentado estabelecer elos com palavras gregas que são bem conhecidas, e muitas sugestões têm sido propostas quanto ao seu significado. Entre tais sugestões, temos:

“Nosso pão incessante dá-nos hoje.”
“Nosso pão sobrenatural (indicando um pão espiritual, do céu) dá-nos hoje.”
“O pão para o nosso sustento dá-nos hoje.”
“O pão nosso de cada dia (ou, o que necessitamos para hoje) dá-nos hoje.”

Cada uma destas propostas tem seus defensores; cada uma faz sentido dentro do contexto, e cada uma é uma possibilidade, tendo-se por base a limitada informação disponível. Parece não haver nenhuma razão que nos force a deixarmos aquela que tem sido a tradução normalmente aceita, mas este exemplo serve muito bem para ilustrar o ponto em questão. Algumas passagens da Bíblia são difíceis de se entender porque uma dada palavra-chave aparece uma só vez, ou com muita raridade.

Outras vezes as palavras podem estar claras, mas o significado não é evidente porque não sabemos ao certo a que elas se referem. Isso se dá em 1 Co 15:29, onde Paulo fala sobre os que se batizavam pelos mortos. Será que ele estava se referindo ao batismo de pessoas vivas, representando pessoas mortas que não tinham sido batizadas, e assim assegurando-lhes a salvação (como dizem os mórmons)? Ou será que ele está se referindo aos que, sendo batizados, entram na igreja para preencher o lugar dos que partiram? Ou ainda, não seria o caso de ele estar referindo-se aos crentes sendo batizados “pelos mortos” no sentido de “suas próprias mortes, sendo enterrados com Cristo”? Ou, quem sabe, poderia estar dizendo alguma outra coisa?

Quando não temos certeza, então temos de ter em mente algumas coisas. Primeiro, não devemos construir uma doutrina com base numa passagem obscura. A regra prática na interpretação bíblica é: “as coisas principais são as coisas claras, e as coisas claras são as coisas principais”. Chamamos a isso de perspicuidade (clareza) das Escrituras.

Se algo for importante, isso será ensinado nas Escrituras de forma bem clara, e provavelmente em mais de um lugar.

Segundo, quando uma dada passagem não está clara, não devemos nunca supor que ela esteja ensinando o contrário do que uma outra parte nos ensina com muita clareza. Deus não comete erros na sua Palavra; mas nós podemos cometer erros ao tentarmos interpretá-la.

6 – Esquecer-se de que a Bíblia é um livro humano, com características humanas.

Exceto pequenas seções, tal como os Dez Mandamentos, que foram escritos “pelo dedo de Deus” (Êx 31:18), a Bíblia não foi verbalmente ditada. Seus escritores não foram secretários do Espírito Santo. Eles foram autores humanos, que empregaram estilos literários próprios, com suas próprias idiossincrasias, ou seja, com o seu jeito de ver as coisas. Esses autores humanos às vezes tomaram informações de fontes humanas para o que escreveram (Js 10:13; At 17:28; 1 Co 15:33; Tt 1:12). De fato, cada livro da Bíblia é uma composição feita por um escritor humano; foram cerca de quarenta autores.

A Bíblia evidencia também estilos literários humanos diferentes; da métrica melancólica de Lamentações até a exaltada poesia de Isaías; da gramática elementar de João ao complexo grego do livro de Hebreus. As Escrituras manifestam ainda perspectivas humanas. No Salmo 23, Davi falou do ponto de vista de um pastor. Os livros de Reis foram escritos tendo uma abordagem profética, e Crônicas, a partir de um ponto de vista sacerdotal. Atos manifestam um enfoque histórico, e 2 Timóteo, o coração de um pastor.

Os escritores bíblicos escreveram sob a perspectiva de um observador quando se referiram ao nascer do sol (Js 1:15) ou ao pôr-do-sol. Eles também revelam padrões humanos de pensamento, inclusive lapsos de memória (1 Co 1:14-16), bem como emoções humanas (Gl 4:14). A Bíblia revela interesses humanos específicos. Por exemplo, Oséias possuía um interesse rural, Lucas, uma preocupação médica, e Tiago, um amor pela natureza.

Entre os autores da Bíblia há um legislador (Moisés), um general (Josué), profetas (Samuel, Isaías e outros), reis (Davi e Salomão), um músico (Anafe), um boieiro (Amós), um príncipe e homem de estado (Daniel), um sacerdote (Esdras), um coletor de impostos (Mateus), um médico (Lucas), um erudito (Paulo) e pescadores (Pedro e João). Com tal variedade de ocupações entre os que escreveram a Bíblia, é simplesmente natural que seus interesses e diferenças pessoais possam estar refletidos em seus escritos.

Como Cristo, a Bíblia é completamente humana, mas mesmo assim sem erros. Esquecer-se da humanidade das Escrituras pode levar-nos a impugnar falsamente sua integridade por esperarmos um nível de expressão maior do que é o usual num documento humano. Isso vai ficar mais claro quando abordarmos os próximos erros em que incidem os críticos.

7 – Presumir que um relato parcial seja um relato falso.

Com freqüência, os críticos tiram conclusões precipitadas com respeito a um relato parcial, tomando-o como falso. Entretanto, não é bem assim. Do contrário, quase tudo o que se tenha dito seria falso, já que poucas vezes há tempo e espaço suficientes para uma abordagem completa.

Ocasionalmente, a Bíblia expressa a mesma coisa de diferentes modos, ou pelo menos de diferentes pontos de vista, em tempos distintos. Portanto, a inspiração não exclui diversidade de expressão. Cada um dos quatro autores do Evangelho relata a mesma história de uma maneira diferente, para um grupo diferente de pessoas, e às vezes citam o mesmo incidente com palavras diferentes. Compare, por exemplo, aquela famosa confissão de Pedro no Evangelho segundo:

Mateus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16:16).
Marcos: “Tu és o Cristo” (8:29).
Lucas: “És o Cristo de Deus” (9:20).

Até mesmo os Dez Mandamentos, os quais foram escritos “com o dedo de Deus” (Dt 9:10), quando entregues, pela segunda vez, apresentam-se com variações (compare Êx 20:8-11 com Dt 5:12-15). Há muitas diferenças entre os livros de Reis e de Crônicas nas descrições que eles fazem dos mesmos eventos; contudo, não incidem em nenhuma contradição nos acontecimentos que narram. Se expressões assim tão importantes puderam ser feitas de maneiras diferentes, então não há por que o restante das Escrituras ter de expressar a verdade apenas de uma forma literal e inflexível em sua abordagem.

8 – Exigir que as citações do Antigo Testamento feitas no Novo Testamento sejam sempre exatas.

Os críticos com freqüência apontam para as variações ocorridas quando o NT cita passagens do AT, como provas de erro. Entretanto, se esquecem de que uma citação não tem de ser uma repetição exata do que está escrito. Era então, como é hoje, perfeitamente aceitável o estilo literário que dá a essência de uma afirmação ou pensamento, sem que se empregue precisamente as mesmas palavras. Um mesmo significado pode ser transmitido sem o uso das mesmas expressões verbais.

As variações que ocorrem nas citações de textos do AT feitas no NT enquadram-se em diferentes categorias. Às vezes é outra pessoa que está falando. Por exemplo, Zacarias registra que o Senhor está dizendo: “olharão para mim, a quem traspassaram” (Zc 12:10). Quando isto é citado no NT, é João – e não Deus – que está falando: “verão aquele a quem traspassaram” (João 19:37).

Outras vezes os escritores do NT citam apenas uma parte do texto do AT. Jesus fez isso quando esteve na sinagoga da cidade de Nazaré (Lc 4:18-19, citando Is 61:1-2). De fato, ele parou no meio de uma sentença. Se tivesse ido mais além, Jesus não poderia ter dito o que disse em seguida: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (v. 21). É que, precisamente, a continuação daquela frase – “e o dia da vingança do nosso Deus” – é uma referência à sua segunda vinda.

Algumas vezes, o NT parafraseia ou resume um texto do AT (por exemplo, Mt 2:6). Outras vezes, mistura dois textos em um (Mt 27:9-10). Ocasionalmente, uma verdade geral é mencionada sem a citação de um texto específico. Por exemplo, Mateus diz que Jesus mudou-se para Nazaré “para que se cumprisse o que fora dito, por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2:23). Note que Mateus não cita um determinado profeta, mas sim “profetas” em geral, de modo que seria inútil insistir na procura de um determinado texto do AT em que esta profecia fosse encontrada.

Também há momentos em que o NT aplica um texto de um modo diferente em relação ao AT. Por exemplo, Oséias aplica “do Egito chamei o meu filho” à nação messiânica e Mateus, ao produto daquela nação, o Messias (Mt 2:15 e Os 11:1). Em caso algum, porém, o NT interpreta de forma errada ou não aplica corretamente o AT, nem ainda tira qualquer conclusão do que não esteja presente naquele texto. Em resumo, o NT não comete erros quando cita o AT, como acontece quando os críticos citam o NT.

9 – Assumir que diferentes narrações sejam falsas.

Pelo simples fato de divergirem entre si duas ou mais narrações do mesmo acontecimento, isso não significa que elas sejam mutuamente exclusivas.

Por exemplo, Mateus (26:5) diz que havia um anjo junto ao túmulo de Jesus depois da ressurreição, ao passo que João nos informa que havia dois (20:12).Não há, porém, nenhuma contradição.De fato, há uma infalível regra matemática que facilmente explica este problema: onde quer que haja dois, sempre há um – e nisso não existe erro!Mateus não diz que havia apenas um anjo. È necessário acrescentar a palavra “apenas” no registro dele para fazê-lo entrar em contradição com o de João. Mas se o crítico vem até a Bíblia para mostrar os erros dela, então o erro não está na Bíblia, mas sim no crítico.

De igual forma, Mateus (27:5) nos informa que Judas enforcou-se. Mas Lucas diz que Judas, “precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”(At 1:18).

Uma vez mais, estes dois relatos diferem entre si, mas não são mutuamente exclusivos. Se Judas enforcou-se numa árvore à beira de um penhasco, e se o seu corpo caiu em pontudas rochas em baixo, então, suas entranhas se derramaram para fora, da maneira como tão bem Lucas descreve.

10 – Presumir que a Bíblia aprova tudo o que ela registra.

É um erro admitir que tudo o que a Bíblia contém seja recomendado por ela. Toda a Bíblia é verdadeira (Jo 17:17), mas ela registra algumas mentiras, como por exemplo as de Satanás (Gn 3:4; conforme Jo 8:44) e a de Raabe (Js.2:4). A inspiração está sobre toda a Bíblia de forma tão completa e abrangente que ela registra com exatidão e verdade até mesmo as mentiras e os erros dos que pecaram. A verdade, na Bíblia, encontra-se no que ela revela, não em tudo que ela registra. Sem que se faça esta distinção, pode-se concluir de maneira errada que a Bíblia ensina imoralidade, porque ela narra o pecado de Davi (2 Sm 11:4); ou que ela promove a poligamia, porque registra o caso de Salomão (1Rs 11:3); ou que ela ensina o ateísmo, por citar o tolo que diz: “não há Deus” (Sl. 14:1).

11 – Esquecer-se que a Bíblia faz uso de uma linguagem comum, não-técnica.

Para que algo seja verdadeiro, não é necessário fazer uso de uma linguagem erudita, técnica ou, assim chamada, “científica”. A Bíblia foi escrita por pessoas comuns de todas as gerações, e, portanto, emprega a linguagem comum, do dia a dia. O uso de uma linguagem não-científica, não vai de encontro á ciência, pois ela é anterior à ciência.

As escrituras foram escritas em tempos antigos, com padrões antigos, e seria algo anacrônico impor sobre elas padrões científicos modernos.

Contudo, não é menos científico falar que “o sol se deteve” (Js 10:13) do que se referir ao “nascer do sol” (Js 1:15). Ainda hoje os meteorologistas mencionam todo dia sobre a hora do “nascer” e do “pôr-do-sol”.

12 – Considerar que números arredondados sejam errados.

Outro engano algumas vezes cometido pelos críticos é quando eles alegam que há erro em números que foram arredondados. Não é assim. Números arredondados são apenas isso: números arredondados.

Como ocorre no linguajar comum, a Bíblia faz uso de números arredondados (1 Cr 19:18; 21:5).

Por exemplo, quando se referiu ao diâmetro como sendo um terço da circunferência. Do ponto de vista da sociedade tecnológica atual, pode ser impreciso tomar como sendo três o que na realidade é 3,14159265…, o que não é incorreto para um povo antigo, vivendo numa era não tecnológica.Três é o arredondamento do número “PI”.Isso é o suficiente para o “mar de fundição” (2 Cr 4:2), na medida de um antigo templo hebreu, embora esta precisão não seja, hoje em dia, suficiente para os cálculos feitos por um computador, num foguete moderno.Mas não temos de esperar encontrar precisão científica numa era pré científica.De fato, isso seria tão anacrônico como usar um relógio de pulso numa peça de Shakespeare.

13 – Não observar que a Bíblia faz uso de diferentes recursos literários.

Um livro inspirado não precisa ser composto num único estilo literário. Foram seres humanos que escreveram os livros da Bíblia, e a linguagem humana não se limita a uma única forma de expressão.Assim,não há por que supor que apenas uma forma de expressão ou apenas um gênero literário tenha de ter sido empregado num livro divinamente inspirado.

A Bíblia revela muitos recursos literários. Vários de seus livros acham-se inteiramente escritos em estilo poético (por exemplo, Jó, Salmos, Provérbios).Os evangelhos sinóticos estão cheios de parábolas. Em Gálatas 4, Paulo faz uso de uma alegoria. No NT acham-se muitas metáforas (por exemplo, 2 Co 3:2-3, Tg 3:6) e comparações (Mt 19:24, 23:24). Figuras de linguagem são comuns por toda a Bíblia.

Não se constitui erro o autor bíblico fazer uso de uma figura de linguagem, mas é errado tomar uma figura de linguagem de forma literal.

Obviamente, quando a Bíblia fala do crente que se acolhe à sombra das “asas” de Deus (Sl 36:7), isso não quer dizer que Deus seja uma ave com bela plumagem. De igual modo, quando a Bíblia fala que Deus “desperta” (Sl 44:23), como se ele estivesse dormindo, trata-se de uma figura de linguagem que indica a inatividade de deus antes de ele ser levado a exercer o juízo pelo pecado humano.Temos de ter todo o cuidado na leitura das figuras de linguagem das Escrituras.

14 – Esquecer-se que somente o texto original é isento de erros, e não qualquer cópia das Escrituras.

Quando os críticos descobrem um genuíno erro numa cópia (manuscrito) cometem outro erro fatal. Eles assumem que o erro se encontra também no texto original das Escrituras, no texto inspirado.Esquecem-se que Deus proferiu o texto original das Escrituras, não as cópias.portanto, somente o texto original é isento de erros. A inspiração não garante que toda cópia do original fique sem erros. Portanto, temos de levar em conta que pequenos erros podem ser encontrados em alguns manuscritos, que são cópias do texto original. Mas, de novo, como Agostinho com sabedoria observou, quando nos depararmos com um, assim chamado, “erro” na Bíblia, temos de admitir uma entre duas alternativas: ou o manuscrito não foi copiado corretamente, ou não entendemos as escrituras direito. O que não podemos pressupor é que deus tenha cometido um erro na inspiração do texto original.

Embora as atuais cópias das Escrituras sejam muito boas, elas também não são isentas de erros. Por exemplo, 2 Reis 8:26 dá a idade de Acazias como sendo 22 anos, ao passo que 2 crônicas 2:22 registra 42 anos.Este segundo número não pode estar correto, pois implicaria que Acazias fosse mais velho que seu pai.Obviamente trata-se de um erro do copista, mas isso não altera a inerrância do original.

Algumas coisas temos de observar com respeito ao erro dos copistas. Em primeiro lugar são erros feitos nas cópias, não no original.Jamais alguém encontrou um original com um erro.Em segundo lugar são erros com menor importância (com freqüência em nomes e números), que não afetam nenhuma doutrina da fé cristã.

Em terceiro lugar, esses erros dos copistas são relativamente em pequeno número.

Em quarto lugar, geralmente pelo contexto ou por outro texto das Escrituras, podemos saber qual passagem incorre em erro. Por exemplo, no caso acima, a idade certa de Acazias é 22 e não 42, já que ele não poderia ser mais velho que seu pai.

Finalmente, muito embora possa haver em erro de cópia, a mensagem inteira ainda assim é perfeitamente entendida. Nesses casos, a validade da mensagem não se altera.por exemplo, se você recebesse uma carta como esta, você não entenderia a mensagem por completo?E você não iria correndo atrás do seu dinheiro?

Você foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador da importância de cinco milhões de reais.”.

Mesmo havendo um erro na primeira palavra, a mensagem inteira é compreensível – você possuiu mais cinco milhões! E se no dia seguinte você recebesse mais uma carta, com os dizeres, aí você teria ainda mais certeza:

“Você foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador da importância de cinco milhões de reais.”

Na verdade, quanto mais erros deste tipo houver (cada um num lugar diferente), tanto mais certo você estará com respeito á mensagem original. É por isso que os erros dos escribas nos manuscritos bíblicos não afetam a mensagem básica da Bíblia.Assim , na prática, por mais imperfeições que haja nos manuscritos utilizados, a Bíblia que temos em nossas mãos transmite a verdade completa da original Palavra de Deus.

15 – Confundir afirmações gerais com universais.

Com freqüência os críticos rapidamente chegam à conclusão de que afirmações que não mencionam restrições não admitem exceções.

Apoderam-se de versículos que apresentam verdades geraise então regozijam-se em mostrar óbvias exceções. Ao fazerem isso, se esquecem de que tais afirmações foram feitas com a intenção de serem generalizações.

O livro de Provérbios é um bom exemplo de casos assim. Dizeres proverbiais, por sua própria natureza, dão-nos apenas uma direção, e não uma certeza aplicável a todos os casos.

São regras para a vida, mas regras que admitem exceções. Provérbios 16:7 é um destes casos.A afirmação é: “Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos”.Isto obviamente não tinha a intenção de ser uma verdade universal.Paulo era agradável ao Senhor, e seus inimigos o apedrejaram (At 14:19).Jesus foi agradável ao Senhor e seus inimigos o crucificaram!Não obstante, esta é uma regra geral: aquele que vive de modo a agradar ao Senhor poderá minimizar o antagonismo de seus inimigos.

Outro exemplo de uma verdade geral é Provérbios 22:6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”. Entretanto, outras passagens da Bíblia nos mostram que nem sempre é verdade.De fato, alguns homens piedosos na Bíblia, inclusive Jó, Eli e Davi) tiveram filhos perversos.Este provérbio não contradiz a experiência, por ser um princípio geral, que se aplica de maneira geral, mas que permite exceções em casos isolados.Os provérbios não têm a característica de ser garantias absolutas.Antes, eles expressam verdades que nos proporcionam conselhos e direções úteis, que cada um de nós deve aplicar à nossa própria vida, a cada dia.

Não passa de um simples erro presumir que a sabedoria de um provérbio seja sempre uma verdade universal. Os provérbios são sabedoria (direções gerais), não leis (imperativos com aplicação universal).Quando a Bíblia declara “…vós sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11:45), então não há exceções.Santidade, bondade, amor, verdade e justiça estão na raiz precisa da natureza de deus, que é imutável e, por isso, não admite exceções.Mas a sabedoria toma as verdades universais de Deus e as aplica a circunstâncias específicas sujeitas a alterações, as quais por sua própria natureza mutável, nem sempre produzirão os mesmos resultados.Não obstante, a sabedoria ainda assim é muito útil como um guia para a vida, mesmo admitindo-se eventuais exceções.

16 – Esquecer-se que uma revelação posterior sobrepõe-se a uma anterior.

Algumas vezes os críticos das Escrituras se esquecem do princípio da revelação progressiva.. Deus não revela tudo de uma só vez, nem determina sempre as mesmas condições para todos os períodos do tempo. Portanto, algumas de suas revelações posteriores vão sobrepor-se a afirmações anteriores.

Os críticos da bíblia às vezes confundem uma mudança na revelação com um erro.

O erro, entretanto é do crítico. Por exemplo, o fato de que mão ou pai de uma criança permita que ela quando bem pequena coma com a mão, para somente mais tarde ensinar-lhe a comer com a colher não é uma contradição.Nem ainda a mãe ou o pai estará se contradizendo quando, mais tarde insistir para que o filho use um garfo, e não mais uma colher, para comer vegetais.Isto é revelação progressiva, sendo cada ordenança adequada á circunstância particular em que a pessoa se encontra.

Houve uma época em que Deus testou a humanidade proibindo-a de comer o fruto de uma determinada árvore no jardim do éden (Gn 2:16-17). Este mandamento do AT não está mais em vigor, mas a revelação posterior não contradiz a anterior. Também houve um período (sob a lei de Moisés) em que Deus ordenou que animais fossem sacrificados pelo pecado do povo. Entretanto, desde que Cristo ofereceu o sacrifício perfeito pelo pecado (Hb 10:11-14), esse mandamento de AT não está mais em vigor.Aqui, de novo, não há contradição entre o mandamento posterior e o anterior.

De igual forma, quando Deus criou a raça humana, ele ordenou que se comessem apenas frutas e vegetais (Gn1:29).Mas depois, quando as condições se alteraram após o dilúvio, Deus ordenou que se comesse também carne (Gn 9:3).Tal mudança de uma condição herbívora para uma carnívora é uma revelação progressiva, mas não se constitui uma contradição.

De fato, todas as subseqüentes revelações são simplesmente mandamentos diferentes para pessoas diferentes em tempos diferentes, dentro de um plano geral de Deus para a redenção.

É certo que Deus não pode alterar mandamentos que têm que ver com a sua natureza imutável (cf. Ml 3:6;Hb 6:18).Por exemplo, sendo Deus amor (1 Jo 4:16), ele não pode ordenar que o odiemos.Nem pode ordenar o que é logicamente impossível, como, por exemplo, oferecer e, ao mesmo tempo e com o mesmo propósito, não oferecer um sacrifício pelo pecado.

Mas apesar desses limites de ordem lógica e moral, Deus pode e revelou-se de forma progressiva e não contraditória. Quando porém, os fatos relativos a sua revelação são tirados do próprio contexto e comparados a outros anteriores, podem parecer uma contradição.Esse contudo, é o mesmo tipo de erro de quem acha que a mãe está se contradizendo ao permitir que o filho, agora mais velho, vá dormir mais tarde.

Depois de quarenta anos de estudo contínuo e cuidadoso da Bíblia, a única conclusão a que se pode chegar com respeito aqueles que pensam ter descoberto um único erro na Bíblia é que eles não sabem muita coisa a respeito dela – na verdade, sabem é muito pouco sobre a Bíblia!

Isso não significa, é claro que entendemos todas as dificuldades existentes nas Escrituras. Mas certamente, isso nos faz crer que Mark Twain tinha razão ao concluir que não era a parte da Bíblia que ele não entendia o que mais o incomodava, mas as partes que ele compreendia, estas, sim, o incomodavam!

17 – Deixar de interpretar passagens difíceis à luz das que são claras.

Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem obscuras.Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo contrário ao que em outra parte da escritura ensina com clareza.Por exemplo, Tiago parece estar dizendo que a salvação é pelas obras (Tg 2:14-26), ao passo que Paulo ensinou com toda clareza que é pela graça (Rm 4:5;Tt 3:5-7; Ef 2:8-9). Neste caso, Tiago não deve ser interpretado de maneira a contradizer Paulo. O apóstolo Paulo está falando de justificação perante Deus (o que é pela fé somente), ao passo que Tiago está se referindo à justificação perante os homens (que não têm como ver a nossa fé, mas somente as nossas obras).
Um outro exemplo encontra-se em Filipenses 2;12, em que Paulo diz: “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”.Aparentemente isto parece estar dizendo que a salvação é pelas obras.Contudo,inúmeras passagens das escrituras claramente contradizem tal idéia, pois afirmam: “salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de deus para que ninguém se glorie”(Ef 2:8-9);”ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça (Rm 4:5);”não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, (é que) ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3:5).

Quando esta frase de difícil compreensão – “desenvolvei a vossa salvação” – é entendida à luz dessas passagens tão claras, podemos ver que, qualquer que seja o significado dela, uma coisa é certa: ela não significa que somos salvos pelas obras. De fato, o seu significado é encontrado principalmente no versículo seguinte.Temos de desenvolvera nossa salvação porque a graça de Deus tem operado em nosso coração.Nas próprias palavras de Paulo:” porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13).

SOLA SCRIPTURA!

Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog Bereianos