João Cruzué
Eu creio que para a maioria das pessoas a segunda-feira é um dia aborrecido. Principalmente, se você estiver no trânsito caótico da Capital Paulista. Mas, hoje trabalhei perto de casa, e, por isso, esta segunda não está com cara de “segunda-feira”. Bem, deixando de lado este “inbroglio” de tantas segundas-feiras, um fato muito especial chamou-me a atenção no final do dia, quando eu voltava, já bem perto de casa. Subindo uma ladeira estreita, eu vi um pai passeando com sua filhinha, ainda bem pequena. Ao passar por eles, ouvi aquela menininha dizendo algo que chamou minha atenção. Ela falou assim: “Segura minha mão, paizinho.”
Eu sei que Deus pode falar de várias maneiras, mas ainda não tinha visto Deus falar por uma cena como aquela. Um pai passeando com a filha, e quando ela se viu de mãozinha solta, com medo de cair ela clamou: “Segura a minha mão, paizinho.”
Era um pai ainda muito joven, talvez não tivesse 20 anos. Estava todo orgulhoso, falante, era alto, mas se inclinava quase ao chão para se comunicar com palavras carinhosas àquele pingo de gente. Ela, ousada, corajosa, caminhava ladeira acima mudando os passinhos muito devagar. O carinho e a comunicação dele ao lado da filhinha, trouxe-me muita admiração. Admiração, pois não é todo dia que se vê isto por São Paulo, terra que já foi da garoa, mas que hoje é da pressa, do trânsito caótico e da falta de tempo.
Eu fiquei imaginando: que bênção é ter menos de dois aninhos. Com esta idade tudo é novo, tudo é atraente; os pais então são como Deus, fortes, destemidos e maravilhosos. Ao lado deles não há o que temer. Eu imagino que, nesta idade, não se perceba as dificuldades da vida nem o que vai pela mente de um pai, ainda mais quando este pai está caminhando ao seu lado, protegendo, incentivando, conduzindo. Tempos um pouco mais tarde, já vai caminhar sozinha, e ninguém mais ouvirá de sua boca aquelas palavras que hoje ouvi. Pelo menos enquanto estiver de pé.
Lembro-me também de meu pai em minhas primeiras lembranças, era alto, carinhoso, alegre, e sempre que vinha da “Rua” não se esquecia de nos trazer pão. Depois cresci; jovem ainda tornei-me um crente e descobri a bondade Pai Celestial. Deus para mim não um pai vingativo, iracundo, espancador, bêbado ou hipócrita. É o Pai que se agrada de ser chamado de Paizinho (aba Pai), que está disposto a segurar nossa mão para nos erguer e conduzir através das ladeiras e vales da vida.
Assim, como aquele jovem pai que hoje à tarde se desmanchava em cuidados e palavras de amor para sua filhinha, muito mais é o amor de nosso Deus e Pai celestial. Se em algum lugar da vida você tropeçou e caiu, se o chão tiver lhe provocado feridas, e elas ainda estão abertas por ter se recusado a segurar na mão Dele, lembre-se de que Deus ainda ama você. Ele não vai levar em conta tudo o que você já falou, xingou ou pensou dele. Basta que lhe peça com voz sincera: Segura a minha mão, Paizinho!
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Esse artigo foi republicado com a permissão de Wilma Rejane Neri Moura