A doutrina calvinista do conhecimento de Deus implica numa apologética que, ao invés de fornecer uma demonstração da existência de Deus, persuade os homens a reconhecerem que eles estão suprimindo essa verdade. Uma vez que todos nós sabemos que Deus existe, as alegações de ignorância acerca de Sua existência são apenas um véu utilizado para justificar a nossa rebelião contra Deus. Este conhecimento interno de Deus é a base sobre a qual a apologética deve procurar deixar os homens sem a desculpa de precisarem de provas para acreditar. É este sensus divinitatis (ou sentido do Divino) que torna todos os homens culpáveis diante de Deus. Como tal, a metodologia da apologética não procura demonstrar a verdade de Deus, antes, procura persuadir os homens da verdade de sua culpa.
Como Calvino argumenta nas Institutas, o fundamento de qualquer conhecimento sobre Deus é o próprio Deus. [i] O homem não tem a capacidade de conhecer a Deus por conta própria nem tem direito a tal conhecimento. C.S. Lewis capta isso com razão em sua analogia de Shakespeare: “Se Shakespeare e Hamlet pudessem se encontrar, isso deve ser algo que parte de Shakespeare. Hamlet não pode iniciar nada”. [ii] Portanto, os homens que afirmam não haver evidências para se crer em Deus, fazem isso em contradição com o que Deus nos revelou em Sua palavra. Eles esquecem que em um universo em que Deus existe, é prerrogativa do próprio Deus proporcionar conhecimento de si mesmo às suas criaturas e definir os critérios para tal conhecimento. Van Til afirma adequadamente que “qualquer revelação que Deus dá de si mesmo é … inteiramente voluntária”. [iii] Calvino condena a loucura de homens que acham que têm a autoridade de determinar a maneira que Deus deve dar testemunho de si mesmo: “De onde vem esta lei aos mortais que eles podem, por sua própria autoridade, definir aquilo que ultrapassa o mundo? […] Cada homem irá defender Seu próprio juízo ao invés de se submeter à decisão de outro […] Permanece apenas ao próprio Deus o dar testemunho de si mesmo”. [iv] Os homens que exigem que Deus forneça uma determinada evidência de si mesmo esquecem suas relações morais e ontológicas com Deus. Este erro pede pela mesma resposta que Paulo retoricamente dá aos romanos que esqueceram a ordem de seu relacionamento com Deus: “O oleiro não tem direito sobre a argila?” [v] A resposta é, com toda a certeza, positiva. Portanto, nossas afirmações sobre o que sabemos sobre Deus não são justificadas por aquilo que afirmamos acreditar, mas pelo que Deus afirma que acreditamos.
Com base nessa antropologia de Romanos 1:20-21, Calvino argumenta que Deus forneceu a todos os homens um sensus divinitatis ou semen religionis. De acordo com Scott K. Oliphint, “Calvino parece usar essas duas noções […] de maneira semelhante” em todas as Institutas. [vi] Hoeksema descreve esta religião como “verdadeiro conhecimento e temor a Deus e o serviço do amor”. [vii] Usando esses termos, Calvino “não fala apenas de um conhecimento objetivo e de uma religião objetiva, mas inclui a resposta subjetiva a esse conhecimento no temor e o amor a Deus”. [viii] Em outro lugar, Oliphint argumenta que esse conhecimento “foi intuitivo, imediato, não ratiocinativo em sua apreensão de Deus”. [ix] Assim, a posição de Calvino é que todos os homens têm uma possessão inata e objetiva que lhes comunica o conhecimento de Deus, de modo que todos são inescusáveis por saberem que Deus existe. John Frame lembra-nos que “a revelação de Deus é ‘acomodada’ para a compreensão humana”. [x] Este conhecimento é cognitio insita (isto é, um conhecimento implantado) e se torna o fundamento para nossa culpabilidade. B.B. Warfield resume a posição de Calvino até agora:
“Calvino está completamente seguro de que o conhecimento de Deus é inato (I. iii.3), naturalmente gravado nos corações dos homens (I. iv. 4), e assim uma parte de sua constituição (I. iii.1), de que é uma questão de instinto (I. iii.1, I. iv.2), e de que todo homem é autodidata desde o seu nascimento (I. iii.3). Ele estabelece como um fato incontestável que ‘a mente humana, pelo próprio instinto natural, possui algum senso de uma divindade’ (I.iii.1)”.[xi]
Ao desenvolver essa epistemologia a partir das Escrituras, Calvino mostrou uma apologética que procurava persuadir os leitores daquilo que eles já sabiam ser verdade ao invés de demonstrar aquilo que ele acreditava já ser claro para eles. Falando sobre o ímpio, Calvino apela à sua condição: “Aqueles que são de uma mente estranha à justiça de Deus sabem que esse tribunal está pronto para punir as transgressões contra ele. […] Essa semente permanece e não pode, de modo algum, ser desenraizada. […] Se alguma ocasião desesperadora os pressiona, ela os incita a procurá-lo. […] A partir disso, fica claro que eles não são completamente ignorantes quanto a Deus…” [xii] Aqui, Calvino nos persuade de que todos os homens, mesmo aqueles que estão em rebelião contra Deus, exibem esse sensus divinitatis quando, levados pelo desespero, correm até Ele. Portanto, vemos a partir destes dois pontos que os homens são inescusáveis: primeiro, o homem é inteiramente dependente de Deus para que Ele se revele, o que Ele já fez por evidência de Sua palavra. Em segundo lugar, a palavra de Deus argumenta que todos nós recebemos um conhecimento interno dele. Deus nos declarou que somos compelidos por dentro a acreditar. Além disso, nossa crença é evidenciada pelo nosso próprio comportamento quando a calamidade nos atinge.
Além deste cognitio insita, os homens receberam o cognitio acquita, ou seja, um conhecimento adquirido da existência de Deus. O sensus divinitatis de Calvino se refere inteiramente ao conhecimento interno do homem sobre Deus. Para expandir ainda mais esse conhecimento, Deus forneceu a todos uma garantia externa de Sua existência. Calvino, comentando sobre Romanos 1:20, descreve o propósito da ordem externa: “Deus sendo o engenheiro das coisas, nos comunica divindade”. [xiii] Assim, todos os homens receberam uma comunicação externa por meio do design do universo de que Deus existe. Esta comunicação externa de Deus para a sua criação é claramente o argumento de Paulo em Romanos 1:19-20: “Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas”. A interação entre o cognitio insita e o cognitio acquita impossibilita que alguém se refugie na pretensão da ignorância”. [xiv] Esta é a conclusão de Paulo no final de Romanos 1:20: “eles são inescusáveis”. Portanto, em nossa metodologia apologética, aqueles que argumentam que não existem evidências para se crer em Deus e que, portanto, tem desculpas para não crer, estão em contraste com o que Deus revelou sobre si mesmo e sua criação.
A partir dos pontos acima, vemos que os homens são inescusáveis uma vez que eles possuem uma confissão interna e externa da verdade da existência de Deus. Em outras palavras, aqueles que argumentam que não têm motivos para acreditar fazem isso não porque precisam de uma demonstração da verdade, mas porque precisam ser libertados da supressão voluntária da verdade. Primeiro, por autoridade da revelação de Deus, sabemos que os homens não precisam se convencer da verdade porque eles já não podem escapar dos testemunhos persuasivos que Deus colocou dentro e ao redor deles. Agora devemos demonstrar que os homens estão reprimindo a verdade.
Calvino é consistente com o argumento de Paulo em Romanos 1 quando comenta que “embora a estrutura do mundo e o mais belo arranjo dos elementos devessem ter induzido o homem a glorificar a Deus, ninguém cumpriu esse dever e, portanto, todos eram culpados de sacrilégio, perversidade e abominável ingratidão.” [xv] É importante notar que Calvino não vê o homem como sem religião, mas sem uma visão adequada de Deus e sua glória. Calvino argumenta que “de fato não houve quem não buscasse formar alguma opinião acerca da majestade de Deus, tornando-o numa divindade tal como podiam concebê-la de acordo com a própria razão”. [xvi] Em outras palavras, não é que os homens não possuam o sensus divinitatis mas sim que eles reprimem esse sentido na busca de uma religião própria. Esta supressão torna o sensus divinitatis ineficaz, uma vez que não leva mais os homens a uma visão correta de Deus. No entanto, esse sentido é suficiente para deixar os homens inescusáveis, ao usar o fato de que não existe um ser humano sem uma posição religiosa como prova de que todos sabem que Deus existe. Warfield argumenta que esta semente da religião fornece a base para toda a religião. Essa semente é tão prevalente no homem que chega a ser o fundamento de todos os que procuram se opor à religião:
“[Esse conhecimento de Deus] forma a silenciosa suposição de todas as tentativas de expor a origem da religião como uma fraude ou um artifício político, assim como também de todas as corrupções da religião, que acham seu nervo nas propensões incuráveis das religiões dos homens (I.iii. 1). Os próprios ateus testemunham a persistência do pavor mal-escondido à divindade que eles professam desprezar (I.iv.2); e os ímpios … não são permitidos pela natureza de esquecê-lo (I.iii.3).” [xvii]
Em outras palavras, todo motivo para abolir ou manipular a religião é por si só uma profissão de convicção religiosa que resulta do fato de que todos os homens sabem que Deus existe. É este coletivo de atividades espúrias intencionadas a perverter ou abolir a religião que testifica a nossa supressão da verdade. Calvino, lembra-nos que “aquele que mais ousadamente despreza a Deus é, dentre todos os homens, o mais assustado com o sussurro de uma folha caindo … Se, para este, há uma pausa na ansiedade da consciência, essa pausa não difere muito do sono de pessoas embriagadas ou frenéticas…” [xviii] Todos os homens retratam a supressão da verdade ao manter uma corrupção acalorada da religião. Isso se mostra na universalidade da religião e no dogmatismo, baseado no medo, daqueles que buscam explicar a religião.
Uma vez que todos os homens possuem testemunho suficiente da existência de Deus e que esses mesmos homens o distorcem, o evangelismo existe para persuadir os homens da supressão da verdade cometida por eles e não apenas da própria verdade. Calvino argumenta, a partir das Escrituras, que simplesmente defender o cristianismo é algo insuficiente porque os homens não são ignorantes mas sim supressores da verdade. Portanto, o cristianismo não precisa ser liberto das acusações dos homens. Ao invés disso, os homens precisam conhecer a verdadeira condição deles. Calvino explica claramente esta filosofia nas Institutas:
“Os que se esforçam para construir a fé na Escritura através da disputa estão dando passos para trás … Se eu estivesse lutando contra os que mais desprezam a Deus… Estou confiante de que não seria difícil para mim silenciar suas vozes clamorosas … Mas mesmo que alguém defendesse a palavra de Deus dos males proferidos pelos homens, esse alguém não imprimiria imediatamente em seus corações a crença que a piedade exige. Uma vez que, para os incrédulos, a religião parece ser apenas uma opinião e, para não acreditar em nada de forma tola ou leviana, desejam e exigem uma prova racional daquilo que … os profetas divinamente falaram… Mas Deus por si só é um testemunho adequado de si mesmo em seu mundo, logo também a palavra não encontrará aceitação nos corações dos homens antes de ser selada pelo testemunho interno do Espírito … O Espírito é chamado de “selo” e “garantia” para confirmar a fé dos piedosos; porque até que Ele ilumine as suas mentes, eles permanecerão vacilando em muitas dúvidas”. [xix]
Uma vez que o homem está num estado de supressão da verdade, nenhuma tentativa de justificar a verdade pode libertá-lo. O problema do homem não é que a verdade não é clara, mas que a verdade, ao atingir seus olhos, é pervertida. Calvino observa que “assim que [os homens] começarem a pensar em Deus, eles se espalharão em invenções perversas, e assim a semente pura [da religião] se degenerará em versões corrompidas”. [xix] Portanto, Oliphint argumenta, “toda incrível tentativa de se construir uma teologia natural verdadeira inevitavelmente levará à condenação”. [xx] É ineficaz buscar apenas convencer o homem da verdade da existência de Deus e da autenticidade de Sua Palavra. Isso porque o homem não está em uma luta para acreditar em Deus ou não. Ao invés disso, a condição do coração do homem leva-o a exercer toda a verdade em condenação em vez de liberdade. A situação do homem não é que ele não compreende a verdade, mas sim que ele não deseja a verdade. Warfield, de acordo com Calvino, argumenta: “Ainda que as provas teístas sejam objetivamente válidas, elas são ineficazes para produzir um conhecimento justo de Deus no coração pecaminoso”. [xxi] Portanto, é ineficaz meramente demonstrar a verdade que os homens já conhecem.
Para que a demonstração da verdade seja efetiva, os homens devem estar em condições de serem persuadidos a amar a verdade. Portanto, como demonstrado na citação acima, Calvino argumenta que a persuasão é obra do Espírito. Portanto, em nosso evangelismo, o objetivo não é apenas tentar demonstrar aquilo que é verdadeiro, antes, queremos pressionar a verdade da palavra de Deus sobre os ouvintes na esperança de que o Espírito trabalhe neles. Isso significa que grande parte do evangelismo é menos persuasão dos homens e mais persuasão de Deus. Isso não significa que Deus deve ser persuadido de sua vontade, mas que a oração e a intercessão formam o meio efetivo de trazer a obra do Espírito aos homens. Não seria a oração a principal razão pela qual as igrejas não apresentam verdadeiras conversões hoje em dia? Ao invés de buscarmos a Deus e pedirmos Seu favor para com os homens, nos convencemos de que devemos buscar homens para Deus. O problema é que, sem Deus, ninguém pode ser salvo. Jesus lembrou aos discípulos que “é o Espírito que dá vida; A carne em nada se aproveita”. [xxii] Portanto, as metodologias destinadas a reunir pessoas com o propósito de demonstrar a verdade de Deus na esperança de que elas sejam convertidas serão infrutíferas. Mesmo que algumas sejam persuadidas naquele momento, mais tarde a apresentação de contra-evidências feita por um opositor poderá muito bem persuadi-las de volta ao seu estado anterior. Os homens precisam da regeneração que somente Deus oferece. Oliphint lamenta os efeitos do Iluminismo sobre o evangelismo contemporâneo: “Tem havido, desde o século XVIII, um pressuposto subjacente da capacidade da razão de conhecer a Deus por conta própria, uma suposição que está em desacordo com a ortodoxia reformada”. [xxiii] A metodologia evangelística é inútil sem o Espírito. Sem o Espírito os homens não serão convencidos de sua corrupção. Ao invés de procurar demonstrar a razão ineficaz do homem, devemos implorar a Deus para reviver os homens enquanto proclamamos o Evangelho aos homens.
No evangelismo contemporâneo, precisamos fazer a seguinte pergunta: os homens precisam de provas de Deus ou precisam ser persuadidos de sua culpa? A doutrina de Calvino sobre o conhecimento de Deus é hoje um lembrete necessário de que devemos retornar a um estado consciente da obra que o Espírito tem no evangelismo. Todos os homens sabem que Deus existe, mas esses mesmos homens corrompem esse conhecimento de acordo com seus propósitos. Isso significa que nosso evangelismo não pode ser meramente fruto de eloquência e verdade. Nós não temos o poder de converter outros homens ainda que nossos argumentos contenham verdades certeiras. Isso porque continua a ser a prerrogativa de Deus fornecer conhecimento de si mesmo aos homens, continua sendo a sua prerrogativa levantar os homens do túmulo. Portanto, nosso evangelismo deve retornar a uma metodologia centrada em Deus. Devemos retornar ao evangelismo que é alimentado por igrejas em oração. Fora da obra iluminadora do Espírito, nenhum homem pode ser persuadido de sua verdadeira condição.
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Bibliografia:
Calvin, John. Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Romans. ed. John Owen. Calvin’s Commentaries 19. Grand Rapids: Baker, 1979.
Calvin, John. Commentaries on the Acts of the Apostles. ed. John Owen. Calvin’s Commentaries 19. Grand Rapids: Baker, 1979.
Calvin, John. Institutes of the Christian Religion. ed. John T. McNeill, trans. Ford Lewis Battles, 2 vols., Library of Christian Classics 20-21. Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1960.
Frame, John. The Doctrine of God. A Theology of Lordship Series. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2002.
Hoeksema, H. C. “Calvin’s Theory of Semen Religionis.” In Protestant Reformed Theological Journal vol. 8, no. 2, (1975).
Lewis, C.S. Surprised by Joy: The Shape of My Early Life. Orlando, Florida: Harcourt, Inc., 1955.
Oliphint, Scott K. “A Primal and Simple Knowledge.” In A Theological Guide to Calvin’s Institutes. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2008.
Oliphint, K. Scott. Reasons for Faith: Philosophy in the Service of Theology. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2006.
Van Til, Cornelius. “Nature and Scripture.” In The Infallible Word: A Symposium by the Members of the Faculty of Westminster Theological Seminary, 2011 edition, ed. N. B. Stonehouse and Paul Wooley, 263-301. Philadelphia, PN: Presbyterian and Reformed, 1967.
Warfield, Benjamin B. “Calvin’s Doctrine of the Knowledge of God.” In Calvin and Calvinism, 29-130. New York: Oxford University Press, 1931.
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Notas:
[i] John Calvin, Institutes of the Christian Religion (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1960), I.iii.1
[ii] C. S. Lewis, Surprised by Joy (Orlando, FL: Harcourt, Inc., 1955), XIV.
[iii] Cornelius Van Til, Nature and Scripture (Philadelphia, PN: P&R Publishing, 1967), 3.
[iv] Calvin, Institutes, I.v.13.
[v] Romanos 9:21
[vi] Scott K. Oliphint, A Primal and Simple Knowledge (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2008), 27.
[vii] H. C. Hoeksema, “Calvin’s Theory of Semen Religionis,” Protestant Reformed Journal 8, no. 2 (1975): 27.
[viii] Hokesema, “Calvin’s Theory of Semen Religionis,” 33.
[ix] Scott K. Oliphint, Reasons for Faith (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2006), location 142.
[x] John Frame, The Doctrine of God (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2002), location 4582.
[xi] B. B. Warfield, Calvin’s Doctrine of the Knowledge of God (New York: Oxford University Press, 1931), 3.
[xii] Calvin, Institutes, I.iv.4
[xiii] John Calvin, Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Romans, (Grand Rapids: Baker, 1979), 73.
[xiv] Calvin, Institutes, I.iii.1
[xv] Calvin, Romans, 71.
[xvi] Ibid., 73.
[xvii] Warfield, Calvin’s Doctrine, 3.
[xviii] Calvin, Institutes, I.iii.2.
[xix] Calvin, Institutes, 1.7.4.
[xix] John Calvin, Commentaries on the Acts of the Apostles (Grand Rapids: Baker, 1979), 169.
[xx] Oliphint, A Simple and Primal Knowledge, 38.
[xxi] Warfield, Calvin’s Doctrine, 41-42
[xxii] João 6:63
[xxiii] Oliphint, Reasons for Faith, location 153.
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