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A Igreja Evangélica e a Representação Política de Pastores


Profeta Isaías

Por João Cruzué 

Os acontecimentos do segundo semestre de 2020 jogaram uma pá de cal na corrente de pensamento, supostamente evangélica, de escalar pastores destacados, consagrados, para candidatura a cargos de representação política sob o pretexto de apologia dos princípios cristãos e “defesa” da Igreja.

Quando o Rei Salomão, no início da sua vida pública, orou e pediu a Deus sabedoria para entrar e sair diante do povo, Deus se alegrou com a petição e lhe concedeu sabedoria e riquezas. Por outro lado, Adonias seu meio irmão, julgando que as circunstâncias eram favoráveis, atropelou a vontade de Deus  e trilhou um caminho que terminou em morte. 

Ora, temos visto centenas, por que não dizer: milhares de pastores separados para a obra do Senhor dando ouvidos a argumentos de profetas velhos (ou à própria vaidade) ao buscar o caminho de Brasília ou de qualquer Casa Legislativa, trocando o sagrado pelo secular.

Os dois mais recentes exemplos do resultado dessa loucura é público e vexatório. Estamos falando das prisões do Pastor Everaldo e do Bispo Marcelo Crivela. Além deles, há dezenas de outros que vêm tropeçando desde 1993, tempos do escândalo dos “Anões do Orçamento”. 

Se antes ainda restava alguma dúvida quanto a escrever sobre este assunto neste blor, hoje, tenho certeza do que vou dizer.

Não pense algum homem consagrado por Deus para a obra do Ministério de Cristo, seja ele Presbítero,  Evangelista, Pastor ou Bispo que, ao decidir aceitar formalmente uma candidatura a cargo de representação política ele ainda seja aceito por Deus como Obreiro da Igreja de Cristo – pois não será.  Sua situação é a mesma de Sansão quando perdeu os cabelos.  Se Sansão perdeu a força, o Obreiro perdeu a Graça e o Ministério.

Estas palavras são duras, pois revelam a realidade da nudez espiritual. Quem defende a Igreja é Cristo. Se Ele quiser pode usar pedras e jumentos para zelar da sua Igreja. Os apressadinhos como Saul e Adonias são dois bons exemplos bíblicos para não serem seguidos.

Por que chegamos a esse ponto? Vaidade e comichão nos ouvidos. 

Mas a Igreja deve abandonar a política? De jeito nenhum. O exercício da política deve ser praticado cada dia mais para levar melhorias e progresso a todos os seguimentos da sociedade. O orçamento da União para 2020 foi de 3,6 trilhoes de reais. Somando todos orçamentos do Estados, Município se União, a cifra pode chegar perto de 5 trilhões. É através do exercício da política que estes recursos chegam até onde precisam chegar. O Pastor Martin Luther King Jr é um bom exemplo disso. Ele atuava politicamente em favor do segmento da sociedade do qual fazia parte. Veja neste blog a tradução de um dos sermões mais contundente dele, entitulado “Além do Vietnã”

Um Pastor manuseando a Bíblia nos ouvidos da sociedade é mais perigoso que a pressão de 1.000 corruptos.

Agora,  é preciso dar um basta nesta mentira de achar que, ao decidir pelo caminho da representação política, um homem chamado por Deus para a obra do Ministério continua debaixo da Graça do Senhor Jesus  Cristo. Não continua não! Perante os homens e a Igreja ele pode até não ter feito carta de renúncia formal do cargo, mas diante de Deus “ja era”!

Não é por acaso que apesar de tantos “Pastores” no Congresso tantas leis anti-cristãs têm passado e continuarão passando. Eu sempre bati este bordão: ganhem o Brasil para Cristo que a representação política estará em boas mãos. Todavia, temos visto o carro na frente dos bois: “Vamos para Brasília, pois só com nossos representantes vamos barrar a corrupção e a Igreja vai ter quem a defenda” Será? A Igreja está correndo sério risco de ter que celebrar casamentos gays em seus altares – como já acontece tanto na Suécia quanto no Canadá. Mas como? Medo da perda de imunidade tributária po!denúncia de discriminação de gênero. Isso está acontecendo lá, porque o amor ao dinheiro é maior que o amor a Jesus.

Os membros da Igreja Evangélica devem ser instruídos em toda palavra de Deus, para benefício da sociedade, atuando na representação política,  na medicina, na economia, no direito e em toda ciência, mirando no exemplo do povo judeu.

Homens separados para Ministério têm  um compromisso de vida com o Senhor da Igreja. Representação política por meio do sacrifício de pastores é dar um tiro no próprio pé. A Igreja não precisa de Deputados, Senadores, Governadores nem Prefeitos. Ela precisa de mulheres, homens, jovens e crianças que andem na presença do Senhor.

Esse artigo foi republicado com a permissão de Olhar Cristão