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Desde o Dia 25 o Catecismo de Heidelberg vem tratando dos sacramentos, mais necessariamente sobre o Batismo, pois dos Dias 27-30 o Catecismo irá tratar sobre a Santa Ceia. Diante de tanta confusão sobre os Sacramentos, a Reforma decidiu ficar com o testemunho das Escrituras, pois para a religião predominante da época (e infelizmente para alguns evangélicos atuais) o Batismo (assim como a Ceia que será tratada mais adiante) era sobrenatural com poderes miraculosos.
No entanto, os Reformadores não só combateram os erros aplicados aos Sacramentos como mostraram que o Batismo, por exemplo, nos garante as promessas da Aliança estabelecida pelo próprio Deus:
A) Elas são reais e seguras
72. Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
R. Não (1), pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados (2).
(1) Mt 3:11; Ef 5:26; 1Pe 3:21. (2) 1Co 6:11; 1Jo 1:7.
73. Por que, então, o Espírito Santo chama o batismo “lavagem da regeneração” e “purificação dos pecados”?
R. É por motivo muito sério que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água (1). E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que somos lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo fica limpo com água (2).
(1) 1Co 6:11; Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Mt 16:16; Gl 3:27.
As promessas contidas nas explicações das P/R 72 e 73 é que o único meio de um pecador ser lavado de seus pecados é por meio do sangue de Jesus Cristo, não há outro meio do pecador ficar mais alvo do que a neve (Is 1.18), se Cristo não lava-lo com Seu sangue. No entanto, se o batismo não nos lava da mesma forma que o sangue de Cristo, então por que receber o sinal do batismo? Creio que para explicar essa pergunta vale uma ilustração: Um rapaz viaja a trabalho. Ele vai passar uma temporada fora de seu estado, longe de sua família principalmente de sua noiva. Pois, segundo os seus planos, em seu retorno, eles irão se casar. Durante esse tempo longe de casa o noivo mantém contato com sua noiva pelas redes sócias e telefonemas. No entanto, mesmo com todos esses contatos diariamente, ele mantém guardado em seu celular uma foto de sua noiva a qual ele a olha todos os dias. Em certo dia, seus amigos de trabalho o percebem olhando para a foto e perguntam: “Quem é ela?”. Ele responde: “É minha noiva, vou casar com ela quando eu voltar”.
Pense um pouco. O rapaz possui um celular com uma imagem de sua noiva, que é uma representação dela. Quando ele ouve a pergunta de seus amigos, ele levanta o celular e diz: “É minha noiva”. Será que ao dizer que se casaria com ela, os amigos entenderiam que ele se casaria com aquele celular com foto da noiva? De forma alguma. Todos nós sabemos que essa foto representa a noiva do rapaz, mas essa representação é tão viva que o rapaz pode até afirmar categoricamente que é a foto é como se fosse sua noiva mesmo.
Da mesma forma é o sacramento, ele é uma representação de uma realidade. O símbolo não tem poder em si mesmo, mas aquilo na qual ele representa é tão vivo e real que nos faz ter a certeza de que, aquilo que fora aplicado externamente, Cristo com Seu sangue, por meio do Espirito Santo, nos lavaram internamente.
B) São para nós e nossos filhos
74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1). Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2).
Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos (3). Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela circuncisão (4). No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da circuncisão (5).
(1) Gn 17:7. (2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At 10:47. (4) Gn 17:14. (5) Cl 2:11,12.
Após o Catecismo nos mostrar que o único meio de nossos pecados serem lavados é por meio do sangue de Cristo no lavar regenerador do Espírito Santo, ele nos mostra que este sinal, o qual nos aponta para uma viva e real esperança, devem ser aplicados nas crianças.
E por quais motivos este sinal deve ser aplicado? O Catecismo enumera dois:
Primeiro, o Catecismo nos mostra que o batismo das crianças de pais crentes serve para distingui-los dos filhos dos descrentes, pois Deus sempre tratou a família como uma unidade e não como membros distintos:
“Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. (1Co 7.14);
“E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso (At 16.14,15);
“E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa (At 16.31).
Isso nos mostra que Deus faz com que as crianças participem do mesmo Pacto em que seus pais estão marcando a sua entrada no Pacto da mesma forma que era feito na Antiga Aliança.
Sendo assim, a ultima enumeração do Catecismo que nos mostra o motivo de batizar nossos filhos é que o batismo tem a mesma função da circuncisão na Nova Aliança. No entanto, algumas pessoas fazem objeção dizendo que o batismo é para aqueles que têm a capacidade de se arrepender. Concordo, e creio que aqui vale algumas explicações. Vimos acima que o batismo é um sinal externo daquilo que fora ocorrido internamente. Ou seja, a lavagem com a água externamente representa a lavagem com sangue que ocorrera internamente. Da mesma forma, é a circuncisão. Um ato externo, de cortar o prepúcio, na Antiga Aliança, era comparado com tirar o “prepúcio” do coração como sinal de humildade, novo nascimento e um novo modo de vida:
“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” (Dt 10.16);
“E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas” (Dt 30.6);
“Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração” (Jr 4.4).
Da mesma forma na Nova Aliança:
“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.4);
“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.12);
“E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada” (Rm 4.11).
Veja, tanto no Antigo Testamento como no Novo a circuncisão e o batismo eram vistos como sinais de uma graça invisível. Agora, se nos dois Testamentos tanto a circuncisão como o batismo eram vistos como questões internas demonstrando um novo nascimento, por que era aplicado em crianças, sendo que elas não tinham consciência para crer e se arrepender (cf. Jl 2.16)? Obediência e esperança na promessa.
Em Gn 15 Deus instituiu uma aliança com Abraão. Essa aliança foi selada com o sinal da circuncisão (Gn 17) e a promessa era que tanto Abraão como seus filhos seriam abençoados (Gn 17.7,8). E mesmo assim, Abraão sabendo sobre quem era o filho prometido, ele circuncida Ismael e Isaque como sinal de obediência (Gn 17.25; 21.4). Da mesma forma os pais da Nova Aliança batizam seus filhos tendo em vista a mesma obediência e promessa. Obediência porque Paulo nos mostra que a aliança abraamica está em vigor mesmo após a morte de Cristo (cf. Gl 3) e promessa, porque é a mesma feita em Gn 15:
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.38,39).
Conclusão
Mesmo que nossos filhos não sejam salvos temos que cumprir com o mandamento, assim como fez Abraão circuncidando Ismael, pois nós não sabemos quem será salvo ou não. No entanto, cremos nas promessas de Deus de salvar nossa família. Não obstante, o batismo infantil não é somente um ato de fé, mas de responsabilidade. Uma responsabilidade que leva os pais entender que dos tais é o reino dos céus (Mt 19.14), que a Bíblia deve ser ensinada a eles continuamente (Dt 6.6-8) e que devem participar do culto também, pois se são participantes do pacto, eles também possuem um relacionamento pactual com Deus. Portanto, cumpramos com aquilo que prometemos diante da igreja quando fomos batizar nossos filhos.
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Autor: Denis Monteiro
Fonte: Bereianos
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Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog Bereianos.