Armadura diabólica! Soa como algo horrível, grotesco, demoníaco. O que é isso? O termo vem do pequeno livro The Holy War [A Guerra Santa] de John Bunyan, em que ele descreve como a cidade Mansoul cai sob o poder do tirano Diabolus. Quando a notícia da queda de Mansoul chega à corte do grande rei, El Shaddai, ele torna pública a seguinte proclamação:
“Que todos os homens aflitos saibam que o Filho de Shaddai, o grande Rei, está comprometido com a aliança de seu Pai para trazer sua Mansoul para ele novamente. Sim, para colocar Mansoul, através do poder de seu amor incomparável, em uma condição muito melhor e mais feliz do que era antes de ser tomada por Diabolus.”
Esta proclamação encrenca Diabolus profundamente, e ele toma diversas medidas para manter Mansoul em sua posse; uma delas é emitir a armadura diabólica. De forma imaginativa e perspicaz, Bunyan mostra como o coração não-regenerado se arma contra o evangelho. A armadura é composta das seguintes peças, nenhuma delas parece ser arcaica ou obsoleta para nós hoje:
A vã esperança pode assumir muitas formas: acreditar que Deus é todo amor e misericórdia, sem justiça ou ira; acreditar que tudo de bom será recompensado e que o pecado será negligenciado; acreditar que tudo ficará bem no final. No livro Two Years before the Mast, de R. H. Dana Jr., um marinheiro está perdido no mar e a tripulação conclui: “Deus não vai ser duro com o camarada. Trabalhar rigidamente, viver rigidamente, morrer rigidamente, e ir para o inferno depois de tudo, isso seria de fato rígido.” Muitas almas vivem e morrem usando este capacete de esperança vã.
Depois da morte da Princesa Diana, essa vã esperança ficou claramente evidente no Reino Unido. A dor incontrolável foi preenchida com esperanças vãs de recompensas de Deus para o bom, o jovem, o triste, o agradável e o compassivo. Este tipo de evangelho popular não conhece nada sobre arrependimento, fé na obra consumada de Cristo, necessidade de um novo nascimento, ou que a justiça vem de Deus por meio da fé.
Muitas almas tem o coração duro como ferro, não têm mais sentimentos que uma pedra. As atrocidades da Alemanha Nazista, do Khmer Vermelho de Pol Pot, ou da “limpeza étnica” na Bósnia são exemplos que fornecem uma ampla evidência de quão duro o coração do homem pode ser. A Cruz fornece a evidência da dureza do coração de cada pecador. Homens crucificam o Salvador em favor do criminoso Barrabás. Eles devolveram as palavras de salvação de Cristo com o seu sofrimento. Eles cuspiram no único que chorou por eles.
Isto é incômodo o suficiente para sabermos que somos orgulhosos, obstinados e maliciosos em relação aos homens. Para sabermos que a cura é muito difícil. O pior é que nosso ataque é contra Deus, e a razão para isso é muito simples: “Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Rm 3.18).
3. A ESPADA DE UMA LÍNGUA MÁ
O Salmo 1.1 descreve isso como se assentar na roda dos escarnecedores. Antes de sua conversão, John Bunyan jurava excessivamente. A Bíblia fala frenquentemente e muito mais claramente sobre os pecados da língua do que muitos pregadores ousam falar. Existem numerosos alertas nos Salmos e Provérbios, e Tiago nos fala que somos tão bons quanto os homens perfeitos se pudermos refrear nossas línguas – mas se não podemos, então nossa religião é apenas um fingimento e uma zombaria de Deus.
Uma língua má representa duas coisas. Primeiro, ela é um simples ato de provocação. É a formiga provocando o elefante, o plâncton desafiando a baleia, a criatura desafiando o Criador. Que arrogância! Segundo, é supressão da voz da consciência. Disse William Plumer em seus comentários do Salmo 1.1, “Escárnio é um artifício antigo para manter a consciência quieta”. Quanto mais alto gritamos, mais difícil é de se ouvir. Quanto mais gritamos de forma desafiadora contra Deus, contra o seu Filho, contra seus propósitos e contra o seu povo, mais difícil é ouvirmos suas ofertas de misericórdia e perdão.
A primeira coisa que o pecado faz é nos tornar céticos. No princípio, Satanás perguntou “É assim mesmo que Deus disse…?”. Ao invés de crermos em Deus, nós acreditamos no mentiroso. O catecismo de James Fisher afirma:
P: Foram os nossos pais culpados do pecado antes de comerem o fruto proibido?
R: Sim, eles foram culpados em dar ouvidos ao diabo e acreditarem nele, antes de realmente comerem.
P: Por que então eles comerem o fruto ser chamado de o primeiro pecado?
R: Porque este foi o primeiro pecado consumado (Tg 1.15).
Bunyan representa Diabolus dizendo: “Se ele fala de julgamento, não se importe com isso; se ele fala de misericórdia, não se importe com isso; se ele promete, se ele jura que faria por Mansoul, não mágoas, mas bem, não considere o que é dito, questione a verdade sobre tudo.” Este é o escudo que mantém os pecadores sentados confortavelmente sob a Palavra de Deus, ao invés de tremerem de medo a cada palavra.
Esta não é tanto uma peça da armadura mas sim uma atitude do peão diabólico. Bunyan representa Diabolus dizendo, “Outra parte ou peça de minha excelente armadura é um espírito calado ou sem orações, um espírito que despreza o clamor por misericórdia: por esse motivo, minha Mansoul, certifique-se de fazer uso disso”. No feroz orgulho e dignidade dos Nativos Americanos, algumas tribos aceitariam silenciosamente a dor para não darem a seus inimigos o prazer de vê-los sofrer. Eles morreriam uma morte dolorosa sem o menor som ou sinal de sentimentos. Clamar por misericórdia era um indicação de fraqueza.
A cura para um espírito tão orgulhoso é ver o que o céu é para aqueles que encontram misericórdia em Cristo. O inferno é para aqueles que nunca clamaram por misericórdia. Os Israelitas que recusaram olhar para a serpente de bronze no deserto morreram pelas picadas de cobras. Referindo-se a esse incidente, Jesus disse: “assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê [não pereça, mas] tenha a vida eterna.” (Jo 3.14-15)
A armadura diabólica apenas lhe manterá seguro em seu caminho para o inferno. Satanás está exposto como um mentiroso. Ele tem sido um mentiroso desde o começo (Jo 8.44). Ele é forte, mas, graças a Deus, Cristo é mais poderoso. Com o dedo de Deus, ele expulsa Satanás, e por sua graça ele nos retira a armadura diabólica. Os pecadores devem fugir para Cristo e colocar outra armadura, a armadura de Deus que consiste em verdade, justiça, o evangelho da paz, fé, salvação, e a palavra de Deus – orando sempre, observando sempre, e perseverando até o fim.
por Stephen J. Tracey Fonte IProdigo
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Anselmo Melo
Anselmo Melo,
Carioca, casado e pai de três filhos (herança do Senhor). Pastor Evangélico e empresário. Moro atualmente no Estado de São Paulo onde pastoreio a Igreja de Nova Vida em Limeira. Sou fundador e presidente da Associação Projeto Resgate Vida.
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Esse artigo foi republicado com a permissão de Pastor Anselmo Melo