É Preciso voltarmos aos princípios da Reforma Protestante
É Conhecido por todos que de alguma forma estuda esses acontecimentos, que a data estipulada como sendo o início da Reforma Protestante é dia 31 de Outubro de 1517, após o monge agostiniano Martinho Lutero fixar na porta da catedral de Wittemberg, na Alemanha, as 95 teses que propunha mostrar os erros e incoerências da Igreja Católica. Porém, é preciso salientar que diversos movimentos na sociedade e de cristãos do mundo todo, já haviam expressados sinais de insatisfação e ansiavam por uma mudança dentro da cristandade.
Nomes como: Jhon Wyclif, Jhon Huss, Jerônimo Savonarola e anteriormente grupos como: Os Albigenses (Puritanos) e os Valdenses (Seguidores de Pedro Valdo) em meados do ano (1170 DC.) Já ecoavam uma mudança radical dentro da Igreja, que vivia tempos de luxúria e desvios doutrinários significantes.
Mas o grande estopim que culminou na reforma foi sem dúvida, algumas posturas adotadas pela Igreja Católica como as indulgências e aspectos relacionados com a salvação. Desta forma, é possível afirmar, que a reforma iniciada por Lutero, foi na verdade um movimento inevitável que aconteceria mais cedo ou mais tarde, Já que neste período a sociedade em geral influenciada pelo pensamento Renascentista, havia tomado consideravelmente um sentimento de mudança.
Lutero influenciado por esses sentimentos e sem sombra de dúvidas, por um espírito cristão genuíno, foi certamente a pessoa mais indicada a realizar tal tarefa.
Após concluir o seu doutorado em teologia, começou a escrever sermões em salmos, romanos, gálatas e hebreus. Foi após estes trabalhos que passou cada vez mais a se desprender do catolicismo. ”No decorrer destes estudos o papado soltou-se de mim” (Martinho Lutero) E Finalmente em 1517, após calorosos debates com um outro monge dominicano representante do papa, que estava na Alemanha cobrando indulgências, resolveu reagir afixando na porta do castelo de Wittemberg as 95 teses que condenavam tais abusos. Outro fato significativo nesta época que não pode ser esquecido, e certamente ajudou a difundir as ideias do protestantismo, foi a criação da Imprensa por Gutemberg, que certamente ajudou muito na divulgação das ideias por toda a Alemanha e países próximos.
Visto essas coisas, é mais que justo dizer que a Reforma não foi apenas um movimento produzido por homens e sim um ato do próprio Deus dos céus. Que a seu tempo age na história em favor de seu povo.
A Reforma Protestante foi um movimento que englobou a política, religião e cultura e certamente influenciou grandemente a história da humanidade, transformando o mundo e a Igreja de Cristo.
O Movimento liderado por Lutero, tinha como chave mestra a doutrina da Justificação pela fé e um retorno radical às escrituras e as origens do cristianismo. Movidos por esses princípios, a reforma se espalhou rapidamente por toda a Alemanha e consequentemente a diversos outros países da Europa, encontrando eco anos posteriores no mundo todo. Ao longo desse processo, grandes homens surgiram no cenário reformado e de forma brilhante contribuíram para o fortalecimento e expansão do movimento.
Grandes contribuições foram feitas, não somente à reforma, mas ao povo em geral. Enquanto na Alemanha a reforma foi iniciada e liderada por Lutero, na frança e na Suíça contou com Jhon Calvino, Guilherme Farel, Teodoro de Beza, Jhon Knox e Ulrico Zuínglio.
Princípios Fundamentais da Reforma
No processo da Reforma Protestante foi sintetizado alguns princípios fundamentais ou credos teológicos básicos, então chamados de (05 Solas).
A Palavra Sola, vem do latim e em português significa ”Somente”, e implicitamente rejeitam e contrapõe os ensinamentos da então religião dominante (Igreja Católica). Sendo assim, ficou definido esses 05 pontos como sendo essenciais para a vida e prática cristã. Sendo eles: Sola Scriptura (Somente a Escritura), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé), Solus Christus (Somente Cristo) e Soli Deo gloria ( Glória somente a Deus).
Falaremos resumidamente, sobre estes princípios fundamentais da fé reformada a seguir.
Sola Scriptura: (Somente a Escritura)
É preciso relembrar, que a reforma do século XVI, foi acima de tudo, uma tentativa de volta as origens do cristianismo e estabelecer um retorno as escrituras como sendo a autoridade máxima do crente em oposição a autoridade ”infalível” do clero. Portanto, com o conceito de somente a escritura, os reformadores estavam afirmando que a bíblia era a única fonte de revelação divina escrita por qual o cristão deve ser avaliado e nela contém tudo que o homem necessita para a salvação.
A Sola Scriptura é um princípio fundamental da Reforma e sustenta que as Sagradas Escrituras possuem primazia sobre a tradição e o magistério da Igreja. “Um simples leigo armado com as Escrituras é maior que o mais poderoso papa sem elas.” (Martinho Lutero).
Sola Gratia: ( Somente a Graça)
Este princípio é o ensinamento de que a salvação vem por meio da graça divina ou ´´favor imerecido´´e não por meio de obras, indulgências ou qualquer coisa externa a ela. Sola Gratia é o favor de Deus ao pecador mediante a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Efésios 2:8,9).
Sola Fide: (Somente a Fé)
Este é o ensinamento de que a Justificação ou seja (o ato de ser declarado Justo, apenas por Deus) é recebida somente pela fé sem necessidade das boas obras em contraste com a doutrina católica de que o homem é justificado por obras e fé. Sola Fide é o entendimento de que o homem não pode ser justificado por seus méritos e sim somente pelos de Cristo. “fé produz justificação e boas obras”, “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Romanos 3:28).
Solus Christus: (Somente Cristo)
É o ensinamento de que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens , e não existe salvação em nenhum outro. Solus Christus é o princípio que revela o senhorio de Cristo em contrário aquilo que se entendia na época, de que o papa era o vigário de Cristo e Maria a mediadora dos homens. Somente Cristo salva e conduz o homem a Deus. “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12).
Soli Deo Gloria: (Glória somente a Deus)
Este é o ensinamento de que a glória é devida somente a Deus, pois a salvação é realizada unicamente por sua vontade e ação, através de Jesus Cristo e o Espírito Santo. Soli Deo Gloria é o reconhecimento de que tudo pertence a ele, inclusive o crente que deve glorificá-lo em todas as áreas da vida, seja religiosa ou não.
Estamos partindo para o fim deste artigo, já vimos um pouco da história (Ainda que resumida) da Reforma, seus principais princípios teológicos e agora é preciso lembrarmos do legado deste grandioso empreendimento de Deus.
O Legado da Reforma para a Igreja e o Mundo
Não podemos negar que o maior legado produzido pela Reforma para a Igreja de Cristo foi certamente o retorno e apreço pelas escrituras, levando Lutero a traduzir as escrituras para o idioma alemão e produzindo gradativamente o acesso do povo comum à bíblia, permitindo assim, que pessoas simples pudessem ter um relacionamento mais pessoal com Deus.
A Doutrina da Justificação pela fé e a do sacerdócio dos santos, defendida pelos reformadores mudou a maneira dos cristãos de se relacionarem com a
Divindade, retirando aquele fardo imposto pela religião e realçando aquilo que Paulo fala em uma de suas epístolas “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;” (Romanos 5:1).
Além desses importantes avanços e mudança de paradigmas para a Igreja é preciso mostrar, que o legado da reforma ultrapassou os arraiais cristãos, expandindo-se ao mundo todo, proporcionando o acesso a educação ao povo, com criações de diversas universidades ainda no século XVI, e posteriormente diversas outras que contribuíram sem sombra de dúvida para o progresso do mundo.
Entre elas, estão as mais renomadas: Harvard (1643) e Princeton (1746), a Universidade Livre de Amsterdam (1881) e Yale fundada em (1640). Além da área educacional, a Reforma certamente abriu caminho para diversas outras áreas, como a ciência e até mesmo na economia.
Esse artigo foi republicado com a permissão de O Pentecostal Bíblico.