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O que é preciso para adorar a Deus? – Bereianos


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Por Filipe Castelo Branco

Introdução

Sabemos que o fim principal do homem é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre” (BCW p.1). É muito claro para nós, ao lermos as Escrituras, que este é o motivo de nossa existência. Por isso fomos criados, para darmos louvores e glórias ao nome do Cordeiro (Ap 5.13). É tanto que, mesmo no comer e no beber devemos glorificá-Lo (1Co 10.31). Por que não dizer, no deitar e no levantar? Mas, o que é preciso para adorar a Deus? O que é extremamente necessário? Restringindo aqui ao culto público, seria os instrumentos? Ou um grupo de louvor? Então, se estivermos num lugar sem instrumentos musicais, como ficaria? Conseguiríamos louvar ao Senhor nesta situação? Sabemos que sim. A adoração parte do coração, os instrumentos servem de auxílio para o cântico ao Senhor. Mas, o que realmente é necessário para louvar a Deus? Pois sabemos que podemos louvar sem instrumentos, até mesmo em silêncio!

Listarei abaixo 7 coisas essenciais para a adoração. Coisas que, ao contrário dos instrumentos, não podem faltar durante o culto particular, familiar e público. São básicas!

1. Fé

Lemos em Hebreus 11.6 o seguinte:

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.”

O texto é claro: sem fé É IMPOSSÍVEL agradar a Deus. A palavra agradar na “parte a” do versículo é claramente subtendido que significa glorificar a Deus. Nós apenas agradamos a Deus quando O glorificamos, cumprindo e vivendo de acordo com a Sua palavra. Consequentemente, louvamos e glorificamos ao Senhor quando vivemos uma vida cristã piedosa. Assim sendo, O louvamos quando O agradamos.

Vemos que não há chances de existir adoração sem fé. A fé precede a adoração. O culto de adoração é um ato de fé, que apenas é possível por causa da Graça de Deus que aos eleitos imputou a fé, abrindo assim os olhos destes para que compreendessem do porquê adorá-lo e como adorá-lo. Este é o motivo pelo qual os ímpios não desejam e nem conseguem adorar a Deus, pois não existe fé neles, não havendo nada em suas vidas que agradem ao Senhor. Eles estão mortos em seus delitos e pecados, sendo assim escravos, filhos do Diabo e FILHOS DA IRA de Deus (Ef 2.23). Como mortos podem adorar a um Deus vivo? Herminsten Maia coloca da seguinte maneira sobre a fé: “Sem a genuína fé, procedente da Palavra e direcionada para o Deus Trino, todos os nossos atos de culto são vazios e abomináveis a Deus.” Nos achegamos a Deus para adorá-lo por causa da fé. Nós apenas conseguimos nos aproximar de Deus porque um dia Deus se aproximou de nós e nos salvou, imputando-nos a fé. É impossível cultuar a Deus sem fé!

2. Inteligência

Calma, pelo tópico você pode estar achando que os burros (não o animal, gente burra mesmo) não são capazes de adorarem a Deus. Não é bem assim. A palavra inteligência aqui está no sentido lato da palavra. Sentido este que digo ser necessário inteligência e raciocínio na adoração. O culto não é regado simples e puramente de emoção, mas a própria emoção no momento do culto provém do nosso intelecto. E ela conta para a nossa adoração, o nosso culto a Deus.

O problema da maioria dos cristãos de igrejas emergentes é a “emoção a flor da pele”, quando a emoção é tão forte, mas tão forte, que eles deixam de usar a inteligência e esquecem que estão adorando a Deus, passando a agir como se estivessem numa piscina de bolinhas (se jogando para um lado e para o outro) ou até mesmo numa casa de shows. Do mesmo modo que a emoção não pode se exceder, o ritual também não pode. Pois do que adianta um culto extremamente formalístico, 100% de acordo com a Escritura se é algo sem vida, monótono e cansativo? Foi disto que o Senhor Jesus falou acerca da adoração israelita, pois eles honravam a Deus com os lábios e com as mais perfeitas formas de culto, seguindo todo o manual, mas os seus corações estavam distantes de Deus. Não havia uma emoção genuína, um puro louvor (Mc 7.9). Tudo é equilíbrio! Tanto a emoção como o ritual devem andar juntos! E ambos exigem inteligência. Muitos agem como animais, sem qualquer resquício de inteligência. Deus nos adverte para que não sejamos como os animais, cavalos e mulas especificamente ( Sl 32.9), mas para que usemos a inteligência dada por Ele para prestar o louvor que Lhe é devido. Como usar a inteligência? Lendo a Escritura, aprendendo por ela princípios de como adorar de forma inteligente e equilibrada ao Deus que nos chama a não O adorarmos como animais, mas como seres criados a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26), providos de inteligência.

3. Visão espiritual

Os verdadeiros adoradores, chamados por Deus para que O adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23), não adoram apenas quando estão entre quatro paredes. Andrew Murray diz que: “O grande propósito para o qual o Espírito Santo está dentro de nós é para que adoremos em espírito e em verdade.” A visão de culto é abrangente, não restrita. Se é em espírito, vai muito mais além de algo material. Como dito na introdução, os adoradores entendem que a vida, quando vivida de forma piedosa, é um culto a Deus. Entendem que ao terminar a liturgia do culto, inicia-se a liturgia da vida. “A verdadeira adoração”, diz Herminsten Maia, “vem do coração, sendo efetuada de forma consciente para Deus (Cl 3.23).” Compreendendo isto, vemos que a visão espiritual é essencial para a verdadeira adoração, pois desta forma o nosso culto não estará confinado apenas a um lugar específico, mas a todo e qualquer lugar que estivermos (Jo 4.10-24).

4. Experiência espiritual

No primeiro ponto foi visto que a fé precede a adoração. Ou seja, apenas os salvos pela Graça adoram. Vimos também que os não-regenerados não adoram por serem inimigos de Deus e mortos, pois mortos não adoram. Mas também há outro motivo. É claro que, antes de tudo, devemos louvar a Deus por Ele ser simplesmente Deus. Mesmo que Deus não tivesse decidido salvar a raça humana de Sua condenação, escolhendo um povo para Si, Ele por si só, simplesmente por ser quem é, merece a nossa adoração. Como no Salmo 105.3, adorar é gloriar-se “no seu [de Deus] santo nome.” Mas nós, regenerados pelo Santo Espírito, louvamos a Deus não apenas por Sua grandeza e santidade, mas por nos alegrarmos na Sua salvação (Sl 9.14). Louvor, basicamente, significa elogio. Por isso as músicas na igreja, durante o culto público, devem ser cristocêntricas, pois devem elogiar a Deus e Seus feitos, não aos homens e seus pequenos feitos. Gosto de uma frase de Agostinho que diz: “As melhores ações do homem natural são apenas pecados espetaculares.” Esta é a situação de um não-regenerado. Como uma pessoa, que não teve nenhuma experiência espiritual, a experiência de ter nascido de novo em Cristo, pode louvar/elogiar a Deus? É certo que não podemos louvar a Deus sem primeiro sermos salvos. Mas quando salvos, não há nada mais prioritário do que entoarmos louvores a Deus, dando glórias a Ele por Sua grande Graça e Misericórdia em nos salvar e livra-nos da ira vindoura.

5. Confiança

No culto, para se aproximar de Deus, é necessário confiança. Como ficar diante de um Deus Santo se, mesmo salvos, ainda temos o pecado habitando em nós? Em Hebreus 4.16 lemos: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.” Isto é perfeito! Deus diz que podemos nos achegar confiadamente perante o Seu trono, trono este que emana Graça, Misericórdia e auxílio! Nós só temos confiança, pois Cristo nos concede esta confiança tornando-nos filhos de Deus. Cristo é a lente pela qual Deus nos vê, enxergando nós como: justos, santos e sábios. É apenas por isso que nos aproximamos confiantes. Pois antes éramos inimigos, hoje somos filhos. Timothy Keller, na última conferência do The Gospel Coalition, expôs isto de forma fantástica: “A única pessoa que se atreve em acordar um rei às 3 horas AM para um copo de água é o filho. Temos este tipo de acesso.” Tudo isto por causa de Cristo! Ele nos tornou filhos de Deus! Aleluia! “Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;” (João 1.12). Por isto, tenhamos confiança!

6. Unidade

A unidade é uma das grandes marcas do cristianismo. No livro de Atos vemos não só a igreja adorando em unidade ao Senhor (Atos 4.24) como sendo unida em sua vida cotidiana (Atos 4.32), compartilhando tudo o que tinham, tendo assim tudo em comum. Deus une também nações, tribos, povos e línguas (Ap 7.9) para que sejam Seus filhos e O adorem. Dentre estas especificações do versículo 9 de Apocalipse, podemos incluir também a cultura. São pessoas de costumes, vestimentas e gírias diferentes. São negros, pardos, morenos e brancos. Deus tem uma diversidade enorme de filhos, que são amados da mesma forma, e chamados a adorarem da mesma forma. Existe maior exemplo de unidade do que a igreja? A adoração do culto público deve ser também em unidade. Lloyd-Jones, fazendo uma aplicação acerca do culto público, comenta:

“Louvor cristão é isso, e nos envolve a todos. Portanto, Paulo não pode estar falando sobre a congregação ficar sentada e ouvindo o belo cântico de um coral. Isso é quase diretamente o oposto do que ele está dizendo. Todavia, é a isso que chegamos. É pior quando o canto é executado por um coral pago, e pior ainda quando os membros do coral pago ou do quarteto especial nem cristãos são, mas são introduzidos na igreja porque têm boa voz. Às vezes, neste país, e mais frequentemente noutros, eles chegam ao culto justo na hora de cantar, e logo depois se retiram!”

Lloyd-Jones não comentou nenhuma novidade sobre não-cristãos que são convidados para conduzirem ou apresentarem louvores ao Senhor na igreja. Existem dois problemas bastante sérios nesta realidade. Primeiro: filhos de Deus se unindo aos filhos do Diabo para em uma só voz entoarem louvores a Deus? É quase que uma traição! Segundo: como ímpios louvam a Alguém que têm como inimigo? Eles cantam diante do trono do próprio Deus, fingindo estarem louvando com suas belas vozes e seus semblantes alterados pela emoção da melodia, enquanto têm seus bolsos cheios de dinheiro em troca desta adoração hipócrita. Que afronta! Mal sabem que Deus rejeita a adoração do ímpio e todos os falsos louvores e que os castigará severamente por causa disso! Então, isto é a unidade na igreja: É o POVO DE DEUS (apenas o salvos pela Graça), reunidos em UMA SÓ VOZ (de toda nação, tribo, povo, língua e de todas as idades), entoando louvores ao Deus que é UNO EM SUA ESSÊNCIA (Trindade).

7. Carência

Vemos em Romanos 3.23, na Nova Versão Internacional (NVI) que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Mas na João Ferreira de Almeida lemos que “todos pecaram e CARECEM da glória de Deus.” O sentido é o mesmo, pois, estar destituído de algo, ou como outras vezes colocam, privado, é estar CARENTE desta coisa. Então, o homem está distante de Deus, apartado, privado, carente da Glória dEle.

Sabemos que este versículo aplica-se ao não-regenerado. Mas ao mesmo tempo ele se aplica a nós também, Sua igreja. Pois quando foi que, mesmo salvos, deixamos de carecer de Cristo para sobreviver? A própria oração é uma prova de que mesmo não estando nós mais afastados de Deus, nós ainda (e SEMPRE) precisamos de Deus para ter vida. R. C. Sproul, em minha opinião o maior teólogo presbiteriano vivo, diz que “A oração é para o cristão o que a respiração é para a vida, mas nenhum outro dever é tão negligenciado. Em média, o ser humano consegue ficar sem respirar por uns 25 segundos – quando mergulhamos por exemplo. O maior recorde até então foi de um dinamarquês que ficou 22 minutos sem respirar. Com este tempo, eu estaria morto faz muito tempo. Mas a conclusão que chegamos é que mesmo que alguém consiga em algum momento ficar um dia sem respirar, não importa o recorde: ninguém consegue ficar sem respirar por toda a vida. Por isto Paulo nos ordena a orar sem cessar (1 Ts 5.17), viver em espírito de oração, pois nós não conseguimos viver sem falar, sem estar em comunhão com o Deus vivo. Somos totalmente carentes da Glória, do Amor e da Graça de nosso Senhor Jesus. Não há vida fora de Cristo, pois Ele mesmo diz ser o caminho, a verdade e a vida, ficando assim claro do porquê que todos que não tem Cristo, por não crerem no Autor da vida, estão mortos!

Encerrando, você se caracteriza como um adorador segundo os padrões bíblicos? Perceba o quão necessários são estes pré-requisitos. Mas graças a Deus que nós, filhos de Deus, temos auxílio do Espírito Santo para que todas estas coisas sejam aprimoradas, dia após dia em nossas vidas. Busquemos ao Senhor, para que nos tornemos cada vez mais verdadeiros adoradores

Sobre o autor: Filipe Castelo Branco prega o evangelho em ônibus e favelas. É membro da Igreja Presbiteriana da Aldeota (IPB) em Fortaleza/CE. Coordenador de Evangelismos na Academia de Formação em Missões Urbanas.

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Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog Bereianos

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