Por: Jorge A. Ferreira
Argumentos para existência de Deus
Na Idade média o teólogo Tomás de Aquino na tentativa de harmonizar os escritos recém descoberto de Aristóteles e dar fim aos alardes dos inimigos da fé, que alardeavam a derrota do cristianismo pelas ideias redescobertas do Estagira, que apelava à razão. Sistematizou o que ele chamou de “teologia natural”, onde apresentou pela razão, as famosas 05 vias para a existência de Deus.
Tomás, deixa claro que a teologia natural é inferior a teologia revelada, mas que é possível o homem conhecer a Deus pela razão e através dela ser guiado à uma revelação especial proveniente da graça.
Os Caminhos para existência de Deus
As 05 vias, são os caminhos propostos por Tomás de Aquino para a conclusão da existência de Deus, partindo de um fato ontológico de evidência experimental, de algo concreto, verificável. A partir da experiência humana e da observação da realidade é possível se chegar ao conhecimento, ainda que imperfeito da existência de um ser criador. Para Tomás a filosofia era um meio para o homem alcançar a meta suprema que era conhecer a Deus. Os meios são: movimento, causa eficiente, possível e necessário, graus da perfeição e governo do mundo.
Primeira Via: Movimento
Sabemos que tudo no mundo está em movimento, partem da potência ao ato. isto é, o movimento é a atualização do que é potencial.
Por exemplo: a semente é uma forma inacabada de árvore (Potência) que está gradualmente se potencializando até se tornar uma árvore de fato (Ato). Está sendo movida e se é movida deve necessariamente ser movida por outro. O que é movido é necessariamente estar em potência em relação àquilo que move. O que se move deve necessariamente ser movido por um outro. Esse outro deve estar em ato em relação àquele que é movido. Se tudo que se move deve ser movido por outro, é necessário que exista um Primeiro Motor que seja causa primeira de todo movimento. O Ato Puro (Actus Purus), que Tomás chama Deus.
Segunda Via: Causa Eficiente
Todo mundo já deve ter ouvido na escola ou no dia a dia a expressão da lei da “causa e efeito”. A causa é aquilo pelo qual algo vem a ser. Ao olharmos a criação é possível entender que nada surge de si próprio, tudo necessita de vir de outro. Todo ser necessita de uma causa eficiente necessariamente anterior a si próprio.
Por exemplo: uma cadeira pode existir ou não. Se existe é porque veio a existir por uma causa eficiente, sendo ela mesma intermediária. Os homens nem sempre existiram, por tanto são causas contingentes, e todo novo ser humano que nasce, não nasce de si mesmo, mas precisa de causa eficiente (os pais) para virem a ser. Se retrocedemos, é preciso chegarmos a uma causa primeira (Adão) e consequentemente em um ser Superior.
Mas, ainda que reconhecêssemos a evolução não poderíamos ir ao infinito, é preciso haver uma causa primeira. Se tudo no mundo é intermediário ou contingente é absolutamente óbvio que haja uma causa eficiente, caso contrário o processo seria infinito e ilógico. Sendo assim, é mais lógico que há uma causa primeira, Tomás denomina Deus.
Terceira Via: Possível e Necessário
Entre os entes, todos nascem e perecem, podem existir ou não. Tudo que há na criação existe não a partir de si mesmo, podem existir ou não existir, sendo entes contingentes, portanto não necessários. Se os entes são contingentes e poderiam não existir, temos de considerar que em algum tempo nada havia.
Se houve um tempo em que nada havia, é necessário que houvesse uma causa pela qual todo ente contingente passasse a vir. O Ser necessário pelo qual tudo veio. É Absolutamente necessário e possível que há um Ser que existe anteriormente e criou todos os demais entes. Esse Ser Necessário é o que chamamos Deus.
Quarta Via: Grau de Perfeição
Os sentidos captam certa relações de graus no universo. Todo ser humano percebe e capta hierarquias nas coisas, isto é, aquilo que é mais belo, mais verdadeiro e etc…
Esses graus são qualidades que há nas coisas e nos entes, e se há essas qualidades é por que deve haver alguém que tem em si essa qualidades em alto grau.
Tomás de Aquino diz que se o homem encontra essas qualidades em graus, algo bom, algo verdadeiro, algo perfeito, algo belo e portanto deve haver um ente que seja a causa de todas essas qualidades em seu maior grau. Esse ente é conhecido como Deus.
Quinta Via: Governo das Coisas
Sabemos que todo agente age em vista de um fim. Todo ente age visando um fim último, ou um objetivo final.
Para Tomás de Aquino, todas as coisas tendem para um fim, sendo elas inteligentes ou não, tendendo sempre ao ótimo. Mas isso não acontece por acaso, sendo que as coisas não visam o bem por si mesmas, mas são movidas por um ser inteligente que governa todas as coisas, e criou tudo para um fim. Esse ser inteligente que deu inteligibilidade aos entes e governa tudo é Deus.
Por tanto, Deus, é Primeiro motor, causa eficiente, Ser necessário, Ser perfeito e Suprema Inteligência que Governa tudo.
Outro Argumento: O Argumento Moral
Já vimos mais acima que os homens podem perceber uma lei moral, no universo. Em seu livro (Cristianismo Puro e Simples) o autor britânico C.S Lewis (1 8 9 8 -1 9 6 3 ) explica de forma didática sobre o tema. Nos mostrando através das culturas que há uma lei que guia o homem e o universo, e essa lei é dada por Deus como uma revelação de sua organização e ordem no cosmos.
Essa lei é perceptível por todo ser racional no mundo e é chamada de LEI MORAL, onde demonstra ordem e justiça a todo ser vivente. A Lei do Sinai é proveniente desta lei, que Cristo a resume em duas — “Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22.36–40).
“Está claro que os envolvidos na discussão conhecem uma lei ou regra de conduta leal, de comportamento digno ou moral, ou como quer que o queiramos chamar, com a qual efetivamente concordam. E eles conhecem essa lei. Se não conhecessem, talvez lutassem como animais ferozes, mas não poderiam “discutir” no sentido humano desta palavra. A intenção da discussão é mostrar que o outro está errado”. – (C. S. Lewis)
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Esse artigo foi republicado com a permissão de O Pentecostal Bíblico.