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O Macaco e a “Cumbuca” da Teologia Progressista


Você já ouviu a expressão “macaco velho não põe a mão em cumbuca”? Esta é uma expressão curiosa que tem sua origem em uma prática de caça de índios no norte do Brasil. Os índios abrem um buraco pequeno em uma cabaça (ou cumbuca) e deixam no seu interior a castanha que os macacos tanto gostam. Depois, eles prendem a cumbuca em uma árvore. O macaco inexperiente coloca sua pata dentro da cumbuca para pegar a castanha, mas ao tentar retirá-la, com o punho fechado ao redor da castanha, não consegue, pois a mão fechada não passa pelo buraco. Assim presos, muitos macacos, mesmo quando os índios se aproximam, não abrem sua mão para largar a castanha e escapar e acabam sendo mortos.

Esta história bastante simples demonstra como esses animais não conseguem discernir as coisas mais importantes. Uma vez que tem na mão a castanha, eles são incapazes de renunciar ao menos importante (castanha) para preservar o mais importante (vida).

Com frequência vemos isso acontecer com seres humanos também. Na verdade, posso dizer com segurança, que todos nós já passamos por episódios assim. Sabemos o que é mais importante, mas em dados momentos não abrimos mão do menos importante, mesmo que isso prejudique o que é prioritário. Isso é trágico quando homens optam por se envolver sexualmente fora de seus casamentos, quando mulheres preferem permanecer agarradas aos seus sonhos mesmo prejudicando a própria família, ou alguém faz uma opção pela drogadição, mesmo percebendo a destruição que isso causa.

Grupos e igrejas inteiras se tornam obcecadas por aspectos secundários e perdem de vista o que é mais importante.

Tenho observado com muita tristeza que o mesmo ocorre com respeito ao que cremos. Grupos e igrejas inteiras se tornam obcecadas por aspectos secundários e perdem de vista o que é mais importante. Recentemente, um pastor em uma entrevista respondeu a um questionamento sobre porque ele falava tanto de política e não do evangelho. Ele começou sua fala dizendo que o evangelho é político em sua essência (dependendo de como você define política, há verdade nessa afirmação). No entanto, a seguir, ele completou seu pensamento revelando o que tem de ser entendido como um desvio da ortodoxia. Ele explicou que Jesus morreu por falar a verdade a um sistema opressor, assim, foi morto como um revolucionário.

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A Bíblia, de uma ponta a outra, declara que Jesus morreu por nossos pecados (Romanos 4.25; 1João 2.2; Isaías 53.5-7, entre outros). Talvez um dos textos centrais, que é entendido por muitos estudiosos como um credo (afirmação doutrinária aceita por uma comunidade de fé), é 1Coríntios 15.3-4:

“Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido.”

Paulo destaca que o texto a seguir foi o que ele recebeu o que também estava transmitindo. A ideia aqui é da passagem de um “depósito”, de uma mensagem dada em confiança que deve ser passada adiante sem alteração. Afinal, a mensagem não pertence nem se origina no mensageiro, mas naquele que a proferiu, neste caso, o próprio Deus! Embora muito possa ser discutido e afirmado nesse trecho, importa destacarmos o que é mais importante, aquilo que é central: Cristo morreu por nossos pecados e Cristo ressuscitou! Esse é o cerne do evangelho. Podemos discordar da atualidade de alguns dons espirituais, de sistemas e governo da igreja, de envolvimento político, mas se discordarmos dessa essência, deixamos de ser entendidos como cristãos. 

Cristo morreu por nossos pecados e Cristo ressuscitou! Esse é o cerne do evangelho.

Essa realidade é tão clara que até mesmo aqueles que não professam a fé cristã a percebem. Em uma entrevista com uma pastora liberal, o pensador ateu Christofer Hitchens, ao ser perguntado sobre sua opinião a respeito da teologia progressista, afirmou:

“Eu diria que, se alguém não acredita que Jesus de Nazaré era o Cristo e o Messias, que ele ressuscitou dos mortos e que, pelo seu sacrifício, os nossos pecados são perdoados, em um sentido realmente significativo esse não é um cristão.”

Em meio a tantas demandas e desafios, em meio a desejos sinceros de sermos relevantes e envolvidos, minha oração é que não esqueçamos daquilo que é mais importante, daquilo que é central: Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou!

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Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutor em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, uma neta e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.

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