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João Cruzué
Por seis anos tive a oportunidade de participar da reunião de cooperadores da Igreja Assembleia de Deus, da Rua Jacutinga/Indianópolis, sob a liderança do inesquecível Pastor Luís Branco. Um português que costumava dizer que nem todo dia se encontra pão quentinho no balcão da padaria. Uma analogia sutil quanto ao excesso de expectativa por uma palavra inspirada de um velho pastor em todas as reuniões. Embora se preocupasse com o dia da falta de “pão”, nunca presenciei tal. Foi ali que, por algumas vezes, ouvir o ensino sobre o sopro do vento na copa das amoreiras.
Pastor Luís pertenceu à terceira geração dos ministros da Igreja Assembleia de Deus do Brasil. Uma geração que ainda não tinha sido amalgamada com o evangelho neo-pentecostalista. Um evangelho de grande apelo aos ouvidos das massas; que produz conversões aos milhares, mas que por outro lado, semeia sobre a pedra e também cresce entre os espinhos. Sua mensagem vem saturada de palavras tais como: conquistas, vitórias, travessia de mares… aceite Jesus, para se dar bem na vida material. O meio (Cristo) a serviço do bem-estar dos convertidos, que produzirão abundantes recur$os (fim) para os bispos da nova era.
O tropel do vento sobre a copa das amoreiras era o sinal da vontade de Deus prevalecendo sobre a vontade do Rei Davi, no início de seu reino sobre todas as tribos – de Judá e Israel. Na primeira batalha contra os filisteus, Davi orou perguntando se poderia ir direto à guerra. E a resposta foi sim.
Da segunda vez, os exércitos dos filisteus eram ainda maiores. E Davi orou pela segunda vez.
A vontade de Deus não se mostra pela rotina. Há sempre novidades. E desta vez Davi ficou surpreso com a orientação de Deus: Esperar pelo sinal. Pelo barulho como um sopro forte do vendo pela copa das amoreiras. Não houve explicação para a mudança, mas eu imagino que no plano espiritual os exércitos do mal estavam preparados para destruir o rei. Então as legiões de Deus tiveram que abrir espaço pela copa das amoreiras.
Neste momento, há muitos líderes evangélicos que estão liderando suas Igrejas pelo mesmo caminho da rotina de sempre. Eles não têm mais ouvidos para saber qual é a vontade genuína de Deus para cada problema. E cada vez que uma batalha entra por um caminho rotineiro, o confronto com o mal tem poucas chances de vitória. A vontade permissiva de Deus nada mais é do que seu respeito pela imprudência dos homens.
A legítima vontade de Deus ainda pode ser seguida, mas a arrogância de certos líderes tem expulsado a presença de Deus de seu sacerdócio. Eles são como os sacerdotes dos dias da morte de Cristo. São como os membros daquele sinédrio onde se viviam em simbiose com Roma. Cristo para eles era um estranho e um estorvo.
Pela copa das amoreiras dos dias de hoje já não passa mais o tropel das legiões espirituais dos exércitos do Céu. Enquanto isto, a sombra do profano escurece a Igreja – A Casa de Oração de Deus para todos os povos.
Ainda há esperança?
Sim! Pois Deus há de derrubar no pó as famílias dos homens que têm sido instrumentos de tropeço para as almas dos perdidos que pelo testemunho dos primeiros têm amaldiçoado a casa de Deus.
Maranata! Ora, vem, Senhor Jesus. Aviva tua obra no meio dos anos.
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Esse artigo foi republicado com a permissão de Olhar Cristão.