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Um profeta sentado à sombra do carvalho


Sombra do carvalho

Autor: João Cruzué

Este post destoa do pensamento geral de grandes lideranças evangélicas, interessadíssimas em cargos de representação da política secular, tendo como justificativa a defesa da causa da Igreja de Cristo. Ele foi escrito em 2015, mas, em novembro de 2020, notei que este interesse continua muito forte e  fazendo vítimas. 

Há dois tipos de exercício da política: A representação e ação política. Para mim, a atuação política de um pastor diante de seu rebanho é muito mais valiosa, que a sua representação solitária em uma Casa Legislativa. Trocar as funções ministeriais por uma representação política é tão perigoso quanto dirigir à noite com os faróis queimados. Se o pastor crê que recebeu uma chamada de Deus para exercer o ministério pastoral, não deve se meter com cargos de representação política. A chamada e a unção de Deus não é dada para qualquer um, pois é rara. Paulo aconselhou Timóteo a guardar o depósito que havia recebido de Deus.

De uns 30 anos para cá,  muitos Pastores separados por Deus (ou pelo menos parece que foram)  estão trocando  a busca pelas almas perdidas pela busca de Brasília. E nesta troca, têm encontrado a morte espiritual e arruinado suas famílias.

Um Pastor com chamada de Deus que se mete a candidatura política é semelhante ao profeta novo que apareceu em Betel, no capítulo 13 Primeiro Livro de Reis,  para anunciar o nascimento do Rei Josias na Casa de Davi, diante do Rei Jeroboão, profetizando contra o altar. 

Era cheio da unção do Espírito de Deus.

E ao estender o Rei Jeroboão  a mão contra o profeta, ela secou-se imediatamente. Humilhado, Jeroboão pediu oração, o profeta orou e a mão do Rei foi curada. 

E disse Rei Jeroboão ao profeta novo: Vem comigo a minha casa e conforta-te e dar-te-ei um presente. Porém o profeta novo disse: Ainda que me desses a metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão, nem beberia água neste lugar, porque assim me ordenou o Senhor: Não comerás pão, nem beberás água, nem voltareis pelo caminho por onde foste. E o profeta se foi, voltando por outro caminho.

E morava em Betel um profeta velho. E o profeta velho, era muito experiente e astuto com as palavras. Mandou albardar um jumento e foi à procura do varão de Deus, encontrando-o sentado à sombra de um carvalho, perguntou:

–És tu o homem de Deus que veio der Judá?

–Eu sou.

–Então vem comigo à minha casa e come pão.

— Não Posso. O Senhor me disse que não.

— Ah! também sou profeta como tu, e um anjo me falou pela palavra do Senhor dizendo: “Faze-o voltar contigo para tua casa, para que coma pão e beba água.” Mentindo.

E sucedeu que depois que comeu pão e bebeu água, o homem de Deus (o profeta novo), se foi  montado em seu jumento. E um leão o encontrou pelo caminho e o matou. E tanto o jumento quanto o leão estavam junto ao cadáver, quando foi encontrado.

Como contextualiza bem este momento político com o trágico acontecimento do passado. Ele traz um alerta aos homens de Deus que hoje vão em busca da sombra do carvalho. 

À sombra da tentação e da morte. 

Orgulhoso das conquistas que já fez à frente do ministério, agora se assenta à sombra do carvalho, que é muito parecida com o terraço do palácio onde Davi estava, já cheio de tantas vitórias, no dia da tentação.

É à sombra deste carvalho que muitos pastores, evangelistas e bispos, homens de Deus têm sido tentados. Ali naquela penumbra, fora do alcance do sol, muitos têm ouvido doces convites de velhos profetas tem sido feitos. 

–Olha eu também sou pastor, bispo, homem de Deus como você, seu lugar agora não é no deserto, você precisa ir para Brasília – para defender o “Povo, a família”, a Igreja Evangélica… volta, e vem comer pão e beber a água do Planalto!

E dali, tem surgido muitos escândalos, contradições, fisiologismo, de homens que antes andavam calçados com os sapatos do evangelho, e os trocaram pelos “jumentos” do secularismo. Há muitas Igrejas de luto, olhando o que restou dos homens que antes cuidavam do rebanho do Senhor: cadáveres espirituais cercados de leões e jumentos.

A representação política está ao alcance de todos cidadãos deste país. Mas não para o homem que tem uma chamada real de Deus para servir no ministério pastoral. Se voltar atrás, a alma do Senhor não terá mais prazer nele. 

É sempre bom lembrar disso.

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Esse artigo foi republicado com a permissão de Olhar Cristão

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