Como humanidade, estamos cansados de falsos heróis. Líderes se levantam, um após o outro, parecendo ser uma alternativa, mas logo se revelam pelo menos insuficientes ou pior ainda, perversos. Com isso é crescente também o cinismo ou ceticismo. Qualquer um que queira fazer algo diferente é encarado com suspeita ou clara hostilidade. Isso é verdade tanto no campo político, como no empresarial ou religioso.
Para nós cristãos, o anseio por um herói foi plenamente preenchido na pessoa de Jesus Cristo. Nele temos um herói resgatador, amoroso e totalmente íntegro. Ao recebermos o Senhor como salvador, nos comprometemos também a caminhar com ele (Colossenses 2.6-7). Assim, de uma forma muito clara, somos chamados a sermos pequenos “heróis” conforme Cristo. Somos chamados a mostrar ao mundo um modo diferente de viver. Somos chamados a “espelhar e espalhar” a imagem de Cristo para que outros possam também encontrar nele a libertação e a salvação.
Para nós cristãos, o anseio por um herói foi plenamente preenchido na pessoa de Jesus Cristo.
Em uma das passagens mais conhecidas sobre o que significa seguir a Jesus, o apóstolo Paulo escreve (Filipenses 2.5-8):
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”
Paulo começa nos chamando a copiar a atitude de Jesus. Atitude é uma expressão que significa muito mais que sentimentos. Copiar a atitude de Jesus significa ver o mundo como ele via. Significa cultivar uma reação ao mundo como a dele. Significa ter uma postura sacrificial para com este mundo perdido. Vamos acompanhar características dessa atitude:
- Renunciar à sua condição e de seus direitos. A primeira marca de uma atitude cristã é colocar-se como servo deste mundo. Servir ao mundo não significa fazer sua vontade, mas significa desistir de algumas condições que nos são preciosas. Jesus renunciou à sua glória, mas não sua divindade. Ele não permaneceu apegado ao seu mais absoluto direito de ser adorado.
- Como cristãos, somos chamados a renunciar, não a quem somos, mas à honra e aos direitos que nos são inerentes como filhos de Deus. Isso é complicado, pois nossa cultura nos estimula a defender nossos direitos, defender nossa dignidade. Ao copiar a atitude de Jesus, precisamos estar dispostos a renunciar a várias condições que consideramos como direitos inalienáveis (Marcos 10.45).
- Identificar-se com aqueles a quem servimos. Jesus se esvaziou, não de sua essência, mas de sua forma. Esvaziou-se de tal forma que ninguém ao olhar para ele achava que ele era Deus; na verdade, duvidavam disso. Ao mesmo tempo, todos que tinham contato mais íntimo com ele reconheciam que havia algo diferente, reconheciam seu poder.
- Como cristãos precisamos tirar toda barreira que nos separa daqueles a quem servimos, sem incorrer em pecado. Paulo declara que fez de tudo para se identificar com aqueles que queria alcançar (1Coríntios 9.19-23). Acredito que quando enfatizamos formas e costumes que nos destacam dos incrédulos não estamos copiando a atitude de Jesus. Com certeza isso não significa que precisamos nos envolver em pecado para nos identificarmos, mas precisamos nos esvaziar de nossas preferências culturais para que incrédulos se sintam à vontade em nossa presença.
- Cumpriu plenamente o plano de Deus. A atitude de Jesus foi completamente alinhada com a vontade do Pai, mesmo que o preço tenha sido sua morte por meio de um dos mais cruéis instrumentos de tortura, a cruz.
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Somos chamados a mostrar ao mundo um modo diferente de viver, a “espelhar e espalhar” a imagem de Cristo para que outros possam também encontrar nele a libertação e a salvação.
Uma vez mais, como cristão não posso afirmar ser um seguidor de Jesus e não ter um profundo compromisso com sua vontade para minha vida. A vontade de Deus é perfeita e agradável (Romanos 12.1-2). No entanto, isso não significa que não tenha um custo. Na verdade, para nossa carne o custo é o maior possível: a morte! Em outras palavras, é impossível imitar a atitude de Jesus e ignorar sua morte. Esse é o sentido do batismo (Colossenses 2.12): morremos para uma vida e recebemos dele uma nova vida. De uma forma muito concreta, somos chamados diariamente para celebrarmos o batismo. Somos chamados a fazer morrer nossa natureza terrena e cultivarmos nossa natureza espiritual.
Minha oração é que eu e você, meu irmão ou irmã, vivamos como pequenos heróis, representando diante do mundo aquele que nos salvou e que pode também resgatar a todos que ouvirem sua voz!
Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutor em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, uma neta e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.