Vivemos tempos de caos. Qualquer ser humano com um mínimo de bom senso percebe que os tempos são ameaçadores, desafiadores e alarmantes. Qualquer que seja sua perspectiva política, ideológica ou religiosa, é inegável que as situações ao nosso redor estão “fora de controle”. Como é que chegamos aqui?
A Palavra de Deus explica tanto o processo de chegarmos aqui como a proposta de Deus para nos redimir deste caos. Em Gênesis 1.1-2, lemos: “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre as águas”. Deus decide usar um processo criativo e não criar tudo em um só instante, como certamente poderia ter feito. Ao final da criação, ele chama o homem para governar a terra (Gênesis 1.28). No entanto, como bem sabemos, Adão e Eva decidem desobedecer a Deus e, a partir daí, Satanás usurpa o governo deste mundo. Por isso mesmo, o apóstolo João afirma em 1João 5.19: “… o mundo inteiro jaz no Maligno”.
O estado do mundo ao nosso redor é fruto desta usurpação do Maligno. Seu propósito é “roubar, matar e destruir” (João 10.10). Assim, a ordem criada por Deus tem sido roubada, morta e destruída pelo inimigo de nossas almas. Neste contexto, no entanto, é importante reafirmar nossa crença de que Deus não abandonou este mundo, pelo contrário, ele interfere diretamente trazendo a solução. Assim como, por sua palavra, o mundo sem forma e vazio de Gênesis 1 é trazido à ordem.
O estado do mundo ao nosso redor é fruto desta usurpação do Maligno. Seu propósito é “roubar, matar e destruir” (João 10.10).
Repare que, por diversas vezes no relato da Criação, lemos: “E Deus disse… e assim aconteceu”. A Bíblia afirma que Deus criou por sua palavra e, em Hebreus 1.3, afirma que Jesus sustenta todas as coisas por sua “palavra poderosa”. E, em João 1, compreendemos que a Palavra de Deus não é apenas um poder que ele tem, mas é a própria pessoa de Jesus Cristo.
Mesmo tendo rompido com Deus e, portanto, nos submetido ao domínio de Satanás, nosso coração ainda anseia por paz, mas não qualquer paz! Tem de ser uma paz que controlamos. Tiago expressa bem esse nosso anseio por uma paz sem Deus, uma paz distorcida.
“Se, pelo contrário, vocês têm em seu coração inveja amargurada e sentimento de rivalidade, não se gloriem disso, nem mintam contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; pelo contrário, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e rivalidade, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. Mas a sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, gentil, amigável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz. De onde procedem as guerras e brigas que há entre vocês? De onde, senão dos prazeres que estão em conflito dentro de vocês? Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja, mas nada podem obter; vivem a lutar e a fazer guerras. Nada têm, porque não pedem; pedem e não recebem, porque pedem mal, para esbanjarem em seus prazeres.” (Tiago 3.14–4.3)
Apesar de desejarmos ordem, o resultado é guerra e dor. Pois nosso coração, tendo se rebelado contra Deus, tem anseios que originalmente até poderiam ser legítimos, mas usamos de estratégias pecaminosas para obtê-los. Nosso anseio por reconhecimento nos leva com frequência a sacrificar a própria verdade. Nosso anseio por amor nos leva a sacrificar princípios divinos, nosso anseio por prazer (fomos criados assim!) acaba por nos levar a voltar nossas costas aos padrões divinos.
Qual então a solução para nosso caos interior? Voltamos à conhecida passagem de Filipenses 4.6-7: “Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus”.
Essencialmente, o que o Senhor nos diz é que devemos trazer nossos anseios a ele. Só ele pode trazer paz ao nosso caos interior.
Essencialmente, o que o Senhor nos diz é que devemos trazer nossos anseios a ele. Só ele pode trazer paz ao nosso caos interior. Só ele pode nos fazer experimentar a paz. Minha oração é que, quanto mais os tempos avançam, e quanto mais nos aproximamos do dia final, que nossos desejos e anseios sejam entregues àquele que tudo pode. Nele, e somente nele, encontraremos a verdadeira paz.
Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutor em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, uma neta e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.