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A Corrente da Insensatez – O Zombador

Chamada

Um dos fatos mais curiosos sobre a natureza é o chamado nidoparasitismo. Esse nome complicado se refere ao hábito de alguns pássaros, especialmente o chupim, de se aproveitar de outras espécies para chocar e criar seus filhotes. O fato, já amplamente documentado, é que a fêmea do chupim busca um ninho onde botar seus ovos. Estes são chocados pela fêmea de outra espécie, que construiu o ninho, e que não só choca o ovo estranho, como também alimenta o filhote. Por ser maior e nascer antes, este filhote não só demanda um enorme esforço da fêmea “adotiva”, como também mata os outros filhotes.

Em meus últimos dois artigos (A Corrente da Insensatez – O Simples; A Corrente da Insensatez – O Tolo) tenho estudado sobre como o ser humano tem a tendência de nascer ingênuo, mas, justamente por não se submeter a Deus, seguir em direção a tornar-se um tolo. Ser simples é natural, ser tolo é escolha e pecado. Mas há ainda um terceiro estágio, ainda mais trágico. Este é o zombador. O zombador é especialmente trágico, pois além de se encontrar perdido e distante de Deus, busca atrair outros à sua própria miséria. Seu interesse não é o bem-estar dos demais, mas justamente causar destruição e confusão.

Talvez ainda mais trágico é que sua resistência declarada contra Deus o coloca em uma situação em que não pode vir a se salvar, pelo menos enquanto se mantiver em estado de zombador. Não devido ao seu pecado, mas justamente por resistir ao mover do Espírito que poderia levá-lo(a) ao arrependimento e à salvação. É possível que uma pessoa nessa condição seja aquela que está em pecado contra o Espírito Santo (Mateus 12.30-31).

O zombador é especialmente trágico, pois além de se encontrar perdido e distante de Deus, busca atrair outros à sua própria miséria.

Nesse estágio também identifiquei três características. A primeira é sua extrema arrogância. Em Provérbios 21.24 lemos: “O vaidoso e arrogante chama-se zombador; ele age com extremo orgulho”. Já havíamos identificado que o tolo é orgulhoso, mas o zombador atinge um nível ainda mais intenso de orgulho. Ele está não só convencido de que sua posição é a melhor, ele trata com desprezo quem não concorda ou não aprova suas escolhas. Quem pensa diferente é inimigo. Em sua arrogância cega, mesmo a verdade que poderia salvá-lo é ignorada ou deixada de lado.

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A segunda característica identificada é que o zombador cria confusão. Provérbios 22.10 afirma: “Quando se manda embora o zombador, a briga acaba; cessam as contendas e os insultos”. Onde há um zombador, há brigas, contendas e insultos. Essa é uma descrição dramática, mas muito real. Você deve conhecer pessoas assim. Parecem ter prazer em causar tumultos e brigas. Na verdade, além de arrogantes e do desprezo que sentem por quem discorda deles, têm prazer em desconstruir ideias divergentes, mesmo ou ainda mais quando isso causa tumulto. Zombadores seguem de perto o procedimento descrito por Jesus referindo-se a Satanás em João 10.10: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir…”. Um aspecto de um zombador é seu cinismo. Tendo desistido da vida, chega à conclusão de que nenhuma perspectiva é realmente verdadeira ou mesmo traz uma paz duradoura, assim, insiste em desafiar perspectivas que trazem paz ou que propõe princípios verdadeiros.

Os zombadores, além de arrogantes e do desprezo que sentem por quem discorda deles, têm prazer em desconstruir ideias divergentes, mesmo ou ainda mais quando isso causa tumulto.

A terceira e última característica que identifiquei é uma consequência natural do que vimos acima, ou seja, eles são detestados. Em Provérbios 24.9 lemos: “A intriga do insensato é pecado, e o zombador é detestado pelos homens”. Alguém que é arrogante, ainda que brilhante, e causa conflitos e insultos, é muito rapidamente classificado como alguém desagradável. Não é o tipo de pessoa que atrairá muitos ao seu redor, exceto outros zombadores. Curiosamente, existe um ambiente em que esse tipo de pessoa encontra outros na mesma condição. Salmos 1.1 fala da roda dos zombadores (ou escarnecedores). Esse é um ambiente onde a mesma atitude é apresentada por todos os participantes. Já estive em ambientes ou conversas em que a zombaria era a regra e não a exceção. Não importa sua posição, são ambientes tóxicos ao extremo. O melhor a fazer é o que o salmista recomenda: não se assente nessa roda.

O caso do zombador é extremo, muito embora eu creia que pessoas talvez passem por momentos de zombaria. Se esse é seu caso ou de alguém que você ama, minha palavra é cuidado! Este pode ser um estado autodestrutivo. Na semana que vem, quero examinar rapidamente o que Provérbios nos fala sobre como nadar “contra a corrente”. Minha oração é que você e eu estejamos cultivando e buscando a sabedoria.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por 5 anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 24º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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