Wilma Rejane
“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 6:18-20).
Âncora é um instrumento náutico pesado, geralmente de metal que permite fazer presa em fundos rochosos, lodosos ou arenosos, fixando temporariamente os navios na posição desejada. Esse instrumento representa segurança porque estabiliza embarcações em alto mar em tempos de tempestades. O verso de Hebreus nos diz que temos uma “âncora da alma” , ela se chama esperança, mas não é uma esperança vazia, ela está posta em Cristo Jesus. Isso não é confortante?
A passagem Bíblica de Hebreus sobre âncora, ensina a não nos desesperarmos nos dias difíceis, mas a crermos que seremos sustentados sem naufragar. O interessante é que para compreendermos bem o valor de uma âncora será necessário enfrentarmos a tempestade, é nessa circunstância que a fé entra em ação. A evocação a esperança no livro de Hebreus, também encontra lugar no Evangelho de Mateus: Pedro, ao avistar Jesus andando sobre as águas em forte tempestade, diz: “ Senhor, se és tu manda-me ir ter contigo por sobre as águas e Jesus disse vem” Mateus 14:28,29. Pedro dá alguns passos sobre as águas, mas ao sentir a força do vento e o agitar das águas teme e afunda. Jesus o segura dizendo: por que duvidaste?
Pode se dizer que o pavor tomou conta de Pedro naquele mar, pois ele desvia o olhar de Jesus que o aguarda e passa a considerar a grandeza, profundidade e braveza das águas, a fúria do vento. Pedro sem âncora, como barco à deriva, sujeito a naufragar. Tempestades têm esse poder de assustar, são como gigantes rugindo. A sombra do gigante não protege, seu rugido não fortalece, antes destrói, como um iceberg que espreita no mar. Essa é a imagem do Titanic, uma potência levada ao fundo das águas. Sua arrojada estrutura nada pôde contra a natureza imóvel, congelada. Aliás: você sabia que a âncora do Titanic não foi usada no seu naufrágio? Ela tinha 15 toneladas e permaneceu ao lado do navio sem fixar-se ao fundo sólido do mar, 100 anos depois foi fotografada pelos cineastas James Cameron e Paul-Henry Nargeolet que coletaram imagens da embarcação.
Você já imaginou uma âncora da alma coberta pelo lodo, enferrujada, inerte e sem função? A sofisticada e potente estrutura do Titanic não impediu seu naufrágio. Assim é o ser humano, dotado de força, talento, inteligência e todas as virtudes, porém, sem Cristo, se assemelha a essa carcaça de navio com âncora inútil. O Senhor é a nossa força, já dizia profeta Habacuque (3:19). Um homem ancorado em Cristo, jamais perde a esperança! Será como o pastor Harper que estava à bordo do Titanic, ele salvou dezenas de pessoas do naufrágio e conduziu outras dezenas a Cristo nos últimos instantes de vida naquele navio. Harper doou seu colete salva vidas enquanto gritava: “Não se preocupem comigo, não estou indo para baixo, mas para cima”!
De fato, a esperança do cristão ressuscita nas tribulações, como O Cristo ressuscitado do frio sepulcro.
Há algo que vale ressaltar sobre esperança: em um dos significados Bíblicos para esta palavra, consta “tiqvah“, verbo que traduzido é igual a “esticar uma corda” (Dicionário Strong 08615). Assim a alma esperançosa é como uma âncora com cordas que esticam em medidas miraculosas. A esperança do cristão não se reduz a essa vida, não é mínima, nem finita. Pelo contrário: é eterna e capaz de aportar nos mares mais remotos e profundos, nos dias de fortes tempestades. Louvado seja Deus!
Deus nos abençoe, em nome de Jesus
*******Imagem principal cortesia Pixabay
Esse artigo foi republicado com a permissão de Wilma Rejane Neri Moura