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Abraão e a Entrega


Todos temos algo que nos é precioso. Para muitos de nós, são membros da família, para outros, são realizações, para outros ainda, é o próprio ministério. Qualquer que seja seu item precioso, precisamos tomar cuidado para que não passe a ser um ídolo em nosso coração. Na verdade, qualquer coisa que você coloque no final desta frase e não for Cristo, se tornará seu ídolo: “Eu não posso ser feliz sem…!”.

Tanto a Bíblia como a vida nos mostram como pessoas fazem todo tipo de loucuras por seus ídolos. Davi adulterou e mandou matar um inocente, Esaú vendeu seu direito de primogenitura, Sansão abandonou seu chamado… Em resumo, cada um deles sacrificou sua relação com Deus para preservar ou conquistar algo que achava que era mais precioso.

Davi (sim, o mesmo que adulterou e mandou matar…) escreveu no salmo 16: “Ao Senhor declaro: ‘Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti’” (v. 2). Paulo ecoa o mesmo sentimento ao escrever em Filipenses 3.7-9 sobre o que tem mais valor para ele:

“Mas o que para mim era lucro passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.”

Diante disso, não é surpreendente que no capítulo 22 de Gênesis Deus ponha Abraão à prova. O primeiro ponto a observar são os paralelos entre o pedido de Deus e a própria história da redenção. O local do sacrifício foi o mesmo, pois Moriá é o monte Sião, onde fica Jerusalém (2Crônicas 3.1). O período de caminhada de três dias, nos quais Isaque estava como morto para Abraão, são outro paralelo. Por fim, o próprio conceito de sacrifício de seu único filho aponta para o sacrifício que o próprio Deus realizou em Jesus.

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Qualquer que seja seu item precioso, precisamos tomar cuidado para que não passe a ser um ídolo em nosso coração.

Muito embora a prática do sacrifício de filhos fosse algo não incomum naquela região e época, para Abraão o desafio era muito maior devido às circunstâncias extremas como Isaque foi concebido, além de ser o único e também pelo afeto que o pai tinha pelo filho. No entanto, Abraão não titubeou, mas obedeceu. Não sabemos o que passou por sua cabeça, mas pelo que disse aos servos ao se aproximar do monte, sabemos que ele cria que voltaria com seu filho (Gênesis 22.5). Hebreus nos traz um pouco mais de luz diante desse evento terrível. Em Hebreus 11.17-19 lemos:

“Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: ‘Por meio de Isaque a sua descendência será considerada’. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos.”

Conhecemos a história e sabemos que Deus impediu o sacrifício no último minuto. Importa lembrar que Abraão não sabia o final da história. De muitas formas o teste foi para o crescimento de Abraão, e não devido a alguma dúvida de Deus. Ele já sabia o resultado, Abraão não sabia.

O teste foi para o crescimento de Abraão, e não devido a alguma dúvida de Deus. Ele já sabia o resultado, Abraão não sabia.

Quando o anjo impede o sacrifício, ele o faz afirmando: “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho”. O elemento fundamental era o temor a Deus. Abraão temia a Deus. Abraão sabia quem era Deus e sabia que ele era poderoso e tremendo. Tão poderoso que não havia como fugir dele, nem o desobedecer. Tão poderoso que não havia nada mais importante do que ouvi-lo e alinhar-se com sua vontade.

Minha oração por minha própria vida é que, como Abraão, eu aprenda a temer a Deus. Sim, eu creio. Sim eu acredito, mas temer é algo maior. Eu temo a Deus quando vivo de uma forma que afirma que estou sempre em sua presença. Temo a Deus quando reconheço em meu dia a dia que ele tem todas as coisas sob seu controle, que não há nada mais importante do que me alinhar com ele. E mesmo que ele me peça o que tenho de mais importante, eu sei que ele supera a tudo em importância. Oro para que essa seja a minha experiência, assim como a sua. Que aprendamos de Abraão, o pai de todos os que tem fé (Romanos 4.11).

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por 5 anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 24º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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