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REVELAÇÃO DIVINA

Rev. Juba

REVELAÇÃO DIVINA

Salmos 19.1-14; Efésios 3.1-13; 2 Timóteo 3.14-17;
Hebreus 1.1-4

Tudo
o que sabemos sobre o Cristianismo nos foi revelado por Deus. Revelar significa
“tirar o véu”. Tem a ver com remover a cobertura e descobrir algo que está
encoberto.

Quando
meu filho era pequeno, nossa família desenvolveu uma tradição anual para
comemorar seu aniversário. Em vez da prática geral de entregar os presentes,
fazíamos isso por meio da nossa versão caseira do programa de televisão “Vamos
Fazer um Trato”. Eu escondia os presentes destinados a ele, por exemplo, dentro
de uma gaveta, debaixo do sofá ou atrás de uma cadeira. Então lhe dava algumas
opções: “Você pode ganhar o que está na gaveta da minha escrivaninha ou o que
está no meu bolso”. O ponto principal do jogo era o “grande trato do dia”. Eu
colocava três cadeiras, uma ao lado da outra, cada uma delas coberta com um
lençol. Cada lençol encobria um presente. Na primeira cadeira colocávamos um
presente simples, na segunda o presente principal que ele iria ganhar e sobre a
terceira uma muleta que ele havia usado quando quebrou a perna aos sete anos de
idade.

Meu
filho escolheu a cadeira com a muleta por três anos consecutivos! (No final, sempre
permitíamos que trocasse a muleta pelo presente.) No quarto ano, estava determinado
a não escolher mais a muleta. Desta vez, eu escondi o presente principal junto
com a muleta, na mesma cadeira, e deixei a ponta da muleta aparecendo por baixo
do lençol. Ao ver a ponta da muleta, meu filho evitou cuidadosamente aquela cadeira.
Ganhei de novo!

A
parte mais divertida da brincadeira era tentar adivinhar onde o presente estava
escondido. Tratava-se contudo de um trabalho de mera suposição, pura
especulação. A descoberta do verdadeiro tesouro só podia ser feita depois que o
lençol era removido e o presente ficava exposto. O mesmo acontece com o nosso
conhecimento de Deus. A especulação fútil sobre Deus é mera tolice. Se queremos
conhecê-lo de verdade, temos de depender daquilo que ele revela sobre si mesmo.

A
Bíblia declara que Deus se revela de várias maneiras. Manifesta sua glória na natureza
e por meio dela. Revelou-se nos tempos antigos por meio de sonhos e visões. As
marcas da sua providência se manifestam nas páginas da História. Revela-se nas

Escrituras
inspiradas. O ponto mais alto da sua revelação é visualizado em Jesus Cristo,
tornando-se ser humano — o que os teólogos chamam de “encarnação”.

O
autor da Carta aos Hebreus escreveu: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas
vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos
falou pelo Filho, a quem constituiu

herdeiro de todas
as coisas, pelo qual também fez o universo”. (Hebreus 1.1,2) Embora a Bíblia
fale das “diversas maneiras” em que Deus se revela, distinguimos entre dois
tipos principais de revelação — a geral e a especial.

A
revelação geral é chamada assim por duas razões: (1) ela é geral no conteúdo e (2)
é revelada para uma audiência geral.

Conteúdo geral

A
revelação geral nos proporciona o conhecimento de que Deus existe. “Os céus proclamam
a glória de Deus”, diz o salmista. A glória de Deus é manifesta nas obras das
suas mãos. Essa manifestação é tão clara e visível que nenhuma criatura pode deixar
de percebê-la. Ela revela o poder eterno de Deus e sua divindade (Rm 1.18-23). A
revelação na natureza, porém, não proporciona uma revelação plena de Deus. Não nos
dá informações sobre o Deus Redentor que encontramos na Bíblia. O Deus que se revela
na natureza, entretanto, é o mesmo Deus que se revela na Bíblia.

Público geral

Nem
todas as pessoas no mundo já leram a Bíblia ou ouviram a proclamação do Evangelho.
A luz da natureza, porém, brilha sobre todos, em todos os lugares, em todo o
tempo. A revelação geral de Deus acontece diariamente. Deus nunca fica sem um
testemunho de si mesmo. O mundo visível é como um espelho que reflete a glória do
seu Criador.

O
mundo é um palco para Deus. Ele é o ator principal, que aparece em primeiro plano
e no centro. Nenhuma cortina pode fechar-se para obscurecer sua presença. Basta
um olhar de relance na criação para se perceber que a natureza não é sua própria
mãe. Não existe a tal “Mãe Natureza”. A natureza em si mesma não tem poderes
para produzir qualquer tipo de vida. A natureza, em si, é estéril. O poder de produzir
vida reside no Autor da natureza — Deus. Colocar a natureza como a fonte de vida
é confundir a criatura com o Criador. Todas as formas de adoração da natureza, portanto,
são atos de idolatria e abomináveis para Deus.

A
luz da força da revelação geral, todo ser humano sabe que Deus existe. O
ateísmo envolve a negação total de algo que é reconhecido como verdadeiro. Por
isso a Bíblia diz: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (SI 14.1).
Quando as

Escrituras tratam
tão severamente o ateu, chamando-o de “insensato”, elas estão fazendo um
julgamento moral dele. Ser insensato, em termos bíblicos, não significa ter
pouco entendimento ou falta de inteligência; é ser imoral. Como o temor do
Senhor é o princípio da sabedoria, assim a negação de Deus é o máximo da
loucura.

Semelhantemente,
o agnóstico nega a validade da revelação geral. () agnóstico, porém, é menos
berrante que o ateu. Ele não nega terminantemente a existência de Deus. Pelo
contrário, ele declara que as evidências são insuficientes para se decidir de
uma maneira ou de outra quanto à existência de Deus. Prefere suspender seu
julgamento, deixando o tema da existência de Deus uma questão em aberto. A luz
da

clareza da
revelação geral, entretanto, a posição do agnosticismo não é menos abominável
para Deus do que a do ateísta militante.

Para
qualquer pessoa, porém, cuja mente e coração estão abertos, a glória de Deus é
maravilhosa de se ver — desde os bilhões de universos no firmamento, até as
partículas subatômicas que formam a menor das moléculas. Que Deus incrível nós
servimos!

Sumário

1. O cristianismo
é uma religião revelada.

2. A revelação de
Deus é uma automanifestação. Ele remove o véu que nos impede de conhecê-lo.

3. Não podemos
conhecer a Deus por meio de especulação.

4. Deus se
revelou de várias maneiras ao longo da História.

5. A revelação
geral é comunicada a todos os seres humanos.

6. O ateísmo e o
agnosticismo são baseados na negação daquilo que as pessoas sabem ser a
verdade.

7. A insensatez
tem por fundamento a negação de Deus.

8. A sabedoria
tem por fundamento o temor de Deus.

Sproul R. C,
Verdades Essenciais da Fé Cristã, pp. 4 a 6, 1º Caderno, Editora Cultura
Cristã, São Paulo, SP

Esse artigo foi republicado com a permissão de Blog do Rev. Juba.

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