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A linguagem do silêncio na Bíblia

João Cruzué

João Cruzué

No livro de Eclesiastes está escrito que tudo tem seu tempo determinado e que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Inclusive tempo de falar e tempo de ficar calado. Também há outras formas de silêncio na Bíblia que merecem uma boa análise. Então, vamos ver isso de mais perto.

O Salmo 115:17 diz que os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio. Esta semana foi particularmente dura quanto a esta forma, pois minha cunhada Dalva, a mais alegre, a mais barulhenta, faleceu e está em um lugar de silêncio em uma cidade no Vale do Ribeira  -SP.

E, no Evangelho segundo Mateus, 26, também está escrito que Jesus guardou silêncio diante do sumo sacerdote judeu no dia do julgamento. O líder religioso perguntava, mas Jesus não respondia. Talvez admirado diante da ignorância dele, tão fora de sintonia com Deus. 

De repente, o sumo sacerdote perguntou: Conjuro-te perante o Deus vivo que nos diga se tu és o Cristo, o filho de Deus. Então Jesus abandonou o silêncio e produziu a prova oral que o condenou à morte. “Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.” 

Depois disso, o sumo sacerdote rasgou as  vestes e bradou “vitorioso”: “Blasfemou! Que necessidade temos mais de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!” Para um religioso Judeu mediano, Deus é único e não tem filho.

Aqui no Centro da Cidade de São Paulo, as pessoas também fazem silêncio diante dos grupos de viciados em crack e dos loucos da Região da Praça da República. É o silêncio da desigualdade, da indiferência ou, quem sabe, da impotência. Se o próprio viciado não procurar por ajuda, ele não pode ser forçado nem ajudado. O silêncio das autoridades diante de uma liberdade da escolha à autodestruição.

No Evangélio de Lucas, 15, um pai amoroso não disse palavra quando o filho mais novo pediu sua parte na herança e foi-se embora. Nada do que o pai dissesse teria valor. Foi o silêncio do amor e da sabedoria. Aquele pai aguardou em silêncio até o dia que avistou o filho retornando para casa. Então começou a falar sem parar: Trazei-me depressa a melhor roupa, ponde-lhe um anel na mão, sandálias nos pés, trazei-me o bezerro cevado e matai-o; comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha se perdido e foi achado!”

No Evangelho segundo João, um grupo de fariseus levou uma mulher adúltera diante de Jesus. Eles queriam ver sangue;  acusavam e Jesus permanecia em silencio. Eles continuaram acusando enquanto Jesus escrevia na areia. Não  disse uma palavra. Quando os homens calaram-se Jesus disse: “Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” Ele guardou silêncio diante da hipocrisia, quando ela se calou, ouviu uma crítica certeira. E foi em silêncio que eles foram embora. Um silêncio de vergonha.Em Apocalipse 8, por quase meia hora se fez silêncio no céu. O silêncio da expectativa.

Existe também o silêncio dos covardes, que no tempo de falar preferem ficar calados. Há ainda o silêncio de um coração contrito cujas palavras e gemidos já se esgotaram em oração. E  há o silêncio da dor, da opressão, onde a língua permanece muda, enquanto as lágrimas falam.

Para cada tempo e ocasião existe uma forma de silêncio adequada. Mas eu guardei a melhor para o final. Se você ainda não aceitou Jesus Cristo como Senhor da sua vida, ou está distanciado dele como o filho pródigo, não fique em silêncio diante da oportunidade quando você ouvir a voz de Deus falando a sua alma.

Esse artigo foi republicado com a permissão de Olhar Cristão

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