Autoria: João Cruzué
Quando Paulo estava em Trôade, ele teve uma visão. Um moço apareceu diante dele, trazendo esta mensagem: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!”. Paulo estava acompanhado de Silas. A caminho da Macedônia eles desceram no porto de Trôade. Dali, seguiram em frente até Filipos. Aqui os dois, depois de expulsar um espírito de adivinhação, levaram uma tremenda surra. Saindo do cárcere e da cidade, foram para Tessalônica, a Capital da província romana da Macedônia. E, bem no Centro da Macedônia, eles pregaram o Evangelho durante três sábados e ficaram ainda por mais uma semana. Nestas três semanas a Igreja dos cristãos em Tessalônica foi semeada e não morreu.
Paulo seguia a mesma metodologia de pregação do Evangelho. Na cidade onde chegava, primeiro se dirigia à comunidade judaica – o plano “A”. Durante três sábados ele disputa com os rabinos da Sinagoga da cidade. Tessalônica possuía 200 mil habitantes, na época. Paulo ensinava corretamente que o Cristo morto em Jerusalém era o Messias prometido, o Siló do Pentateuco. Alguns judeus se ajuntaram a Paulo e Silas. Também, veio com eles uma grande multidão de gregos religiosos e não poucas senhoras distintas da cidade.
Descontentes com o Evangelho pregado por Paulo, a maioria dos líderes da sinagoga tentaram calar a sua boca. Foram até às autoridades locais e disseram: “Aqueles que estão alvoroçando o mundo, chegaram também aqui. Também estão falando de um outro rei no lugar de César”. Procuravam tirar a vida de Paulo e Silas. Acabaram assaltando a casa de Jasom. Jasom foi levado às autoridades, deu seu depoimento e foi mandado de volta para casa. Paulo e Silas tiveram que sair à noite, escondidos, e dali seguiram para Bereia. Paulo pediu para que Silas e Timóteo retornassem à Tessalônica, para concluir o discipulado dos novos convertidos.
Quando Timóteo voltou de Tessalônica, fez um relato da situação da Igreja. Depois de ter ouvido atentamente, Paulo escreveu a sua primeira Carta aos Tessalonicenses, complementando o ensino que não teve tempo de terminar e respondendo as dúvidas sobre os mortos e a ressurreição, que Timóteo não soubera explicar.
Mas não é sobre dados históricos que gostaria de meditar com você.
Estou escrevendo este texto, para relatar minha visão das coisas que aconteceram durante aquelas três semanas que Paulo esteve pregando o Evangelho em Tessalônica.
Paulo disse uma frase muito importante no primeiro capitulo, v.5: “Porque o nosso Evangelho não foi pregado somente em palavras, mas também com poder e no Espírito Santo…”
Eu posso ver Paulo pregando no primeiro sábado naquela sinagoga. Certamente, ele fora apresentado aos presentes e, quando lhe foi dado a oportunidade, foi direto, dizendo que Jesus Cristo, o judeu pregado na cruz, há alguns anos lá em Jerusalém era o filho de Deus, o Messias prometido pelas escrituras. Disse sem receio que ele morreu e foi ressuscitado pelo poder do Espírito Santo e, que depois disso, subiu aos céus e está assentado à direita de Deus. Neste ponto, os líderes da sinagoga ficariam vermelhos de surpresa com aquela “heresia” inaceitável. Para um judeu ortodoxo, Deus é único e não tem filho. Foi exatamente por isto que mataram o Cristo.
No segundo sábado, eu posso ver uma sinagoga abarrotada de pessoas. Paulo, com sabedoria, não começa a pregação provocando os judeus, mas começa a falar do grande amor de Deus em se abaixar até a humanidade para contemplar suas misérias. Homens e mulheres perdidos, com os corações vazios, sem o conhecimento verdadeiro da vontade de Deus. À medida que Paulo prega, o Espírito Santo começa a compungir os corações de vários ouvintes. Alguns começam a chorar copiosamente, outros clamam por misericórdia a Deus. Certamente havia entre os presentes, pessoas enfermas, oprimidas e até possessas de demônios. Sob a palavra de autoridade de Paulo, os demônios saem, os doentes são curados, os que sentiam o fardo dos pecados encontram o perdão de Deus.
No terceiro e último sábado, eu também posso ver uma sinagoga com muito mais gente que das duas vezes anteriores. Paulo começa a pregar e Espírito Santo começa a mover o coração de gregos e judeus, homens e mulheres. Paulo não consegue mais pregar. Muitos novos convertidos batem palmas, saltam de alegria e começam a falar em línguas estranhas. Não são as palavras de Paulo, mas o poder de Deus e a ação do Espírito Santo é que dirigem a liturgia do culto. O mesmo Pentecoste dos dias dos apóstolos se repete em Tessalônica.
Os líderes dos judeus, irritados e com inveja, veem um escândalo em toda aquela manifestação. Decidem proibir a Paulo que volte na Sinagoga para continuar pregando aquelas “heresias”. Concluem que era a ação de “demônios” o comportamento descontrolado e profano das pessoas, principalmente de gregos. Com certeza, eles tinham de que todos seguissem após Paulo, deixando a sinagoga vazia. Tinha a questão financeira no meio disso, o medo de ficar de bolsos vazios falou mais alto que o temor de Deus.
Paulo e Silas, começam a pregar o Evangelho nas casas dos “gentios”. Entra em ação, o plano “B”. A casa de Jasom era um dos lugares onde Paulo passou a ensinar. A situação torna-se muito perigosa e os missionários tiveram de fugir, à noite, para Beréia para não perder suas vidas.
Atrás de si, deixaram uma Igreja ardendo no espírito pelo fogo do Espírito Santo. Foram poucos dias, de pregação. Não houve tempo para terminar o discipulado. No pouco tempo que teve, Paulo visitava os novos convertidos em suas casas, orava pelos enfermos e o Espírito Santo era concedido pela imposição das suas mãos, do mesmo jeito e poder com que recebeu, lá no passado, aquela oração de Ananias: “… Irmão Saulo, o Senhor Jesus que te apareceu no caminho de Damasco, me enviou, para que tornes a ver e seja cheio do Espírito Santo…”
Na sua primeira Carta, Paulo lembra aos tessalonicenses que o Evangelho pregado por ele não consistia de teoria e saliva, mas do puro poder de Deus e da presença do Espírito Santo.
-Regozijai-vos sempre.
-Orai sem cessar.
-Em tudo dai graças…
-Não extingais o Espírito.
-Não desprezeis as profecias.
-Examinai tudo, mas retende só o bem.
-Abstende de toda aparência do mal.
-E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo…
Paulo tinha coragem e amor pelas almas perdidas Era cheio do Espírito Santo e andava dentro da vontade de Deus. Não pregava prosperidade material. Não usava o ofício de pastor para ganhar dinheiro. Não vendia livros. Viajava à pé ou de navio. Não pedia oferta para comprar navio para pregar o Evangelho na Ásia. Não buscava o ouro nem a prata. Não tinha casa de veraneio na Grécia nem na Turquia. Na verdade, não tinha nem casa. Mas era o tipo de homem que em três semanas alvoroçava uma cidade de 200 mil habitantes e deixava para trás de si uma Igreja cheia do poder de Deus.
Tessalônica Hoje
Morreu, mais tarde, decapitado e sozinho em Roma. Foi desamparado pelos amigos que achavam perigoso andar perto dele. Na época, não se podia dizer que sua obra teve algum valor.
Paulo já se foi há um bom tempo, mas o Senhor Jesus continua preparando Ananias para impor as mãos santas sobre a cabeça de futuros Saulos, para que eles possam ver e serem cheios do Espírito Santo e levarem o Evangelho do Senhor perante os gentios e os reis.
Deus o abençoe, em nome de Jesus.
Esse artigo foi republicado com a permissão de Wilma Rejane Neri Moura