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O Que é a Inspiração Bíblica?


A Inspiração das Escrituras

Por:  Jorge A. Ferreira

Todo cristão verdadeiramente ortodoxo, deve crer e entender corretamente a doutrina da inspiração das escrituras. É ela que nos dá o tom de todo o entendimento e da relação que teremos com a bíblia, pois somente após apreendermos por fé e por um entendimento correto esta doutrina é que poderemos nos aprofundarmos nas verdades que Deus nos revelou e assim vivermos uma vida pautada na verdade e na comunhão do Senhor.

A palavra inspiração (gr. theopneustos) ou “sopro de Deus” é expressa nos textos bíblicos pelo menos duas vezes, uma no Antigo Testamento (Jó 32.08) e outra no Novo, onde uma aponta para os escritos (2Tm 3.16) e a outra para os homens (Jó 32.08). Pedro em sua segunda epístola diz claramente que aos autores bíblicos, na ocasião dos registros, foi dispensado um impulso vindo do próprio Espírito (2Pedro 1.21), nos mostrando que os escritos foram inspirados e os homens santos movidos pelo Espírito Santo para registrarem toda a mensagem de Deus.

O Apóstolo Paulo ao escrever ao seu filho na fé e jovem pastor Timóteo, declara: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16). Ou seja, toda a escritura foi “soprada” de forma divina e portanto apta para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça. Mostrando que os escritos não foram produzidos aleatoriamente, mas sob a supervisão e orientação do próprio Deus. Outro texto que deixa ainda mais claro a questão, é o texto registrado pelo Apóstolo Pedro em sua epístola, onde ele diz: “Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.” (2Pedro 1.21). Aqui fica claro que a profecia não foi produzida pela vontade humana, ou seja pela iniciativa ou impulsos dos próprios homens, mas pela vontade do Espírito Santo, sendo movidos pela vontade de Deus.

Como se deu a Inspiração?

Para entendermos, pelo menos razoavelmente a inspiração é preciso sabermos duas coisas importantes. A primeira delas diz respeito ao próprio ato da inspiração e a segunda se refere ao ato cognitivo e experiencial dos homens santos que foram usados no processo em questão. É o que chamamos de autoria divina e humana das escrituras.

Como já disse acima, os homens foram movidos por Deus, ou seja, receberam a orientação e inspiração divina no ato do registro bíblico. Mas, isso não significa que este ato foi dado como um ditado, ou como supostamente alguns espiritualistas acreditam, por psicografia.

A Psicografia é a falsa capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por “espíritos”, e isso não ocorreu no caso nos textos sagrados, pois não há nenhuma evidência que isso tenha acontecido. O que é possível apurar é que Deus Inspirou homens seja por profecia, como no caso dos profetas ( Que receberam a mensagem e transmitiram ao povo – e somente depois registraram), ou por revelação de diversas formas como no caso dos demais. No caso de Lucas por exemplo, Deus o inspirou e guiou em um meticuloso trabalho de historiografia, onde pesquisou e buscou dados de testemunhas oculares e registros circulantes na sociedade, produzindo assim, tanto seu evangelho quanto seu livro histórico (Atos dos Apóstolos).

Já o Apóstolo Paulo, como grande fundador e apascentador de igrejas, foi usado a partir de problemas e circunstâncias das próprias congregações, que sob a inspiração de Deus, foi usado para corrigi-los e servirem para um norte dos futuros cristãos. Todos estes escritos foram inspirados de maneiras diferentes, más sob a essência do próprio Espírito de Deus.

Outro ponto crucial é entendermos que Deus não anulou os autores humanos, retirando-lhes a cognição e as percepções do mundo ao seu redor. O Espírito não lhes abduziu ( no sentido de não saberem o que estava acontecendo ) e não os retirou da realidade para tal empreendimento. Mesmo João que teve uma experiência profunda de arrebatamento de sentidos, não perdeu de forma alguma sua capacidade de julgamento e entendimento do que estava sendo lhe mostrado por nosso Senhor. Deus usou os autores humanos de forma sobrenatural, más mantendo sempre suas consciências intactas. Isso contraria o pensamento “místico” de muitos, que vê na inspiração um ato de inconsciência humana, onde o homem é levado a um estado de êxtase e perde toda sua capacidade cognitiva, e Deus se torna o manipulador da mente humana ao seu bel prazer.

Deus inspirou os homens, mas não tirou deles suas capacidades ( que aliás foram dadas por ele ), pelo contrário, a potencializou. Ou seja, a levou a um patamar sobrenatural, abrindo assim, os homens à um conhecimento transcendente. Mantendo as suas concepções de mundo e seus conhecimentos tanto culturais, quanto intelectuais, o que houve foi uma potencialização e inspiração visando um propósito específico de Deus. Portanto, o que ocorreu foi que, Deus moveu homens santos a escreverem inspirados pelo Espírito Santo. O Teólogo Norman Geisler explica a questão da seguinte forma:

Os profetas que escreveram as Escrituras não eram autômatos. Eram algo mais que meros secretários preparados para anotar o que se lhes ditava. Escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produziram é a Palavra de Deus, … Deus usou personalidades humanas para comunicar proposições divinas. Os profetas foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal. Geisler (1997)

Linguagem e Finalidade

Precisamos entender que a linguagem usada nos textos bíblicos não foi uma linguagem técnica ou científica. Deus permitiu que, como visto anteriormente, os autores mantivessem suas características humanas e portanto usassem uma linguagem comum, com termos e significados que pudessem ser entendidas por qualquer pessoa. A linguagem é simples e muitas vezes apela ao senso comum. A Bíblia foi escrita por homens comuns, direcionados por Deus para pessoas comuns. Por essa razão, é totalmente improdutivo e até sem sentido, certos debates em que certos conhecimentos científicos são confrontados com os textos, que são acusados de inexatidão. A Bíblia não foi escrita para dar aos homens conhecimentos científicos, mas para revelar a Deus e seu plano de redenção na pessoa do Senhor Jesus Cristo. É claro que isso não impede de haver certos conhecimentos científicos e outros nos textos bíblicos, como sabemos que há, porém, a finalidade das escrituras não é essa.

Conclusão

Entendendo que o Senhor Inspirou os textos sagrados usando homens santos movidos pelo Espírito Santo, devemos entender que esta inspiração é plenária, ou seja, total (Toda a escritura), e sua autoridade emana de Deus. “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16). Parafraseando Norman Geisler podemos dizer que este processo de inspiração contém três elementos essenciais: a causalidade divina, a mediação profética e a autoridade escrita. Deus é a fonte principal, os homens o canal e o produto (A Bíblia) o resultado final. Portanto, a escritura é divinamente inspirada e autoridade final para todo verdadeiro cristão.

“O autor principal da Santa Escritura é o Espírito Santo; o homem foi apenas o seu autor instrumental”. Tomás de Aquino

Referências:

BRUCE, F. F. O Cânon das Escrituras. São Paulo: Editora Hagnos, 2013.

GEISLER, Norman. Introdução Bíblica: como a bíblia chegou até nós. 2. ed. São Paulo – Sp: Editora Vida, 1997.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Teologia Sistemática Pentecostal. 2. ed. Rio de Janeiro: Cpad, 2008.

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Esse artigo foi republicado com a permissão de O Pentecostal Bíblico

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