Por: Jorge A. Ferreira
A Palavra (Avivamento) assim como Trindade e outras, são palavras que não se encontram nas escrituras, Mas que se mostram de forma clara e evidente em toda ela. Já no Antigo Testamento, através da iniciativa de Deus em resgatar o homem de sua condição caída e de morte espiritual, Deus levanta um povo escolhido que entre altos e baixos, foram dependentes de um “avivar” rotineiro do Senhor, que sem ele seria impossível concluir o propósito designado ( II Crônicas 15:8; II Crônicas 30:21-23; Neemias 8:10-12; Esdras 8:21-23; 9:5-15; Josué 24:1-15). No ambiente da Nova Aliança, o próprio cristianismo é fruto de um grande avivamento espiritual, que dá início à Igreja e que prepara de forma sobrenatural os Apóstolos para anunciar o Reino de Deus a todas as nações (Atos 02: 1-4).
O Que é Avivamento?
A Palavra (Avivar) da qual sucede a palavra Avivamento, é uma palavra que possui vários significados. Entre eles: Dar vivacidade, tornar vivo, reviver, renovar, reanimar e animar. Conceder vida, estimular e acordar do sono.
Avivamento é a ação ou efeito de avivar, ou seja tornar vivo aquele que estava morto ou que estava morrendo. É a ação do Espírito Santo para reanimar, renovar e despertar do sono a Igreja de Deus. Um Avivamento é Deus despertando a Igreja para a obra missionária e para um relacionamento mais profundo e significativo com ele e com o próximo. O Teólogo Jhon Stott em sua obra A Verdade do Evangelho define avivamento assim: “… uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela”. Já o Dr. Martyn Lloyd-Jones, define desta forma: “Avivamento significa despertamento, estimulando a vida, trazendo-a à tona novamente. Acontece primeiramente na Igreja de Deus, e entre pessoas crentes, e é somente em caráter secundário que afeta também aqueles que estão de fora.”
Quando Surgem os Avivamentos?
Durante a história da Igreja na Terra, o povo de Deus vivenciou diversos despertamentos espirituais que fortaleceram e mudaram o rumo decadente em que se encontravam. Ninguém pode negar que a Reforma de Lutero no século XVI, foi um avivamento que surgiu de uma inquietação de alguns cristãos com a situação espiritual decadente da Igreja que abandonara a sua condição de guia espiritual para atuar como políticos na ordem temporal e de um clima intelectual hostil a Deus refletindo um declínio moral e espiritual talvez nunca visto na história do cristianismo. Os avivamentos posteriores dos séculos XVII e do século XX, também refletem a angústia dos cristãos diante de uma sociedade que abandonara a Deus, em nome de uma racionalização exacerbada que buscou através dela desmistificar o mundo e levar a humanidade a um materialismo tão radical, ao ponto de filósofos como Nietzsche em sua maior loucura “decretar” a “morte” de Deus. (O Que jamais se concluirá é claro).
No início do século XX, havia um desconforto espiritual entre os verdadeiros cristãos, que não se contentavam com o cristianismo meramente nominal que imperava em grande parte das denominações cristãs. Filosofias e falsas teologias que tiveram origem nos séculos anteriores, já haviam destruído grande parte das igrejas na Europa e desembarcavam com força nas Américas, capturando as mentes e corações dos acadêmicos e de diversos líderes religiosos. O Iluminismo e no campo teológico a famigerada Teologia Liberal – que com sua pretensão de desmistificação das escrituras e racionalização da fé – varria as denominações tornando-as mortas, foram os principais motivos para um despertar das igrejas para se manterem vivas. Esse desconforto espiritual aliado ao mover do próprio Deus, produziu buscas de alternativas por parte de alguns, que movidos pelo Espírito se colocaram à disposição do derramar de Deus, que gostem alguns ou não, foi o respiro que a igreja precisava diante dos ataques do inimigo.
Portanto, os grandes avivamentos surgem quando o povo de Deus e a sociedade se encontram em um declínio espiritual e moral. Foi assim no Antigo Testamento na época de Josafá, como registrado em II Crônicas, quando o povo afundado em idolatria necessitava de um despertamento espiritual: “Antes buscou ao Deus de seu pai, andou nos seus mandamentos, e não segundo as obras de Israel.” (II Crônicas 17:04) e é assim em todos os tempos e épocas. Deus está sempre disposto em tempos de declínio derramar do seu Espírito e avivar seu povo.
Condições para o Genuíno Avivamento
Como vimos, Deus é certamente o maior interessado por um genuíno avivamento, pois, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. É ele quem envia seu Espírito visando dar vida e ânimo à sua Igreja. Em tempos de mornidão e decadência moral, o Espírito inquieta homens e mulheres conduzindo-os a caminhos que preparam um ambiente propício para um derramar de seu poder e renovo espiritual. “Portanto, Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos, pois para Ele todos vivem” (Lucas 20;38).
Mas, algumas condições são necessárias para o derramar dessa graça maravilhosa. Entre elas, estão pelo menos três atitudes que de certa forma revelam e contribuem para o mover do Senhor: O retorno as escrituras, arrependimento sincero e uma vida de oração constante, são requisitos essenciais para o verdadeiro avivamento.
Oração Constante: A Oração é um dos requisitos principais para um derramamento do Espírito na Igreja de Cristo. Não se pode desejar receber poder de Deus, sem uma vida de oração e constante comunhão com o Senhor. Desde o Início no Pentecostes, os cristãos primitivos entenderam sua importância e aguardando a promessa, se puseram a estar em constante oração: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.” (Atos 1:14)
Retorno às Escrituras: Um dos maiores avivamentos, talvez o maior depois de pentecostes, foi o avivamento da rua Azuza. Os pioneiros do avivamento pentecostal eram homens que viviam em oração e buscavam constantemente o derramamento do espírito, assim como vivido pelos primeiros cristãos. Essa talvez seja a principal característica do movimento da rua Azuza, viver o mesmo poder que os apóstolos viveram. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.” (Atos 2:42,43)
Arrependimento sincero: Sem o arrependimento e conversão sincera não há avivamento, o Poder de Deus está reservado aos seus servos. Portanto é necessário que haja conversão e coração contrito diante de sua presença. O Verdadeiro avivamento somente é derramado em um ambiente de não conformidade com as ideias do mundo, e com um coração sincero e arrependido diante de Deus, pois o poder de Deus é essência do reino dos céus. “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 4:17)
Conclusão
Concluímos então, que o verdadeiro avivamento pentecostal é um mover vindo de Deus, ou seja, a iniciativa e o impulso é divino, mas Deus impulsiona os homens, para a conclusão do grande empreendimento. O Arrependimento e conversão sincera, o amor pelas escrituras e a vida de oração constante e viva, são sinais e requisitos do derramamento do Todo Poderoso. A Igreja é o corpo de Cristo, e Deus a usa com poder para anunciar o seu agir sobrenatural.
Busquemos a Deus de todo o coração, sem mentiras e falsidades, mas com coração sincero e desejoso de receber as suas bençãos. E não há benção mais maravilhosa e especial para a Igreja que seu poder e Avivamento do Espírito Santo.
Referências:
D. M. Lloyd-Jones, Os Puritanos: Suas Origens e seus Sucessores. São Paulo: PES, 1993.
LLOYD-JONES, D. Martyn. Avivamento. 2. ed. São Paulo – Sp: Pes, 1993.
GONZÁLEZ, Justo L.. Atos: o evangelho do espírito santo. São Paulo – Sp: Hagnos, 2011.
STOTT, John. A verdade do Evangelho: um apelo a unidade. São Paulo: ABU Editora, 2000.
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Esse artigo foi republicado com a permissão de O Pentecostal Bíblico.